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A escritora Hilda Hilst morre aos 74 anos

07 fev 2004 às 11:06

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A escritora Hilda Hilst morreu na madrugada do dia 4 de fevereiro, quarta-feira, aos 74 anos, no Hospital Universitário da Unicamp, em Campinas, interior do Estado, onde estava internada desde o dia 2 de janeiro. Ela havia sofrido uma queda e quebrou uma das pernas, mas ocorreram complicações em seu estado clínico, como uma infecção, e ela não resistiu.

Hilda foi autora de 41 livros. A maior parte de suas obras é formada por poesias. A escritora nasceu em Jaú, no interior de São Paulo, no dia 21 de abril de 1930, mas morava havia 40 anos em Campinas.

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Ela era filha única do fazendeiro, jornalista, poeta e ensaísta Apolônio de Almeida Prado Hilst e de Bedecilda Vaz Cardoso. Com pouco tempo de vida, seus pais se separaram, o que motivou sua mudança, com a mãe, para a cidade de Santos (SP). Seu pai, que sofria de esquizofrenia, foi internado num sanatório em Campinas (SP), tendo nessa época 35 anos de idade. Até sua morte passou longos períodos em sanatórios para doentes mentais.

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Em 1937, Hilda Hilst foi para o colégio interno, Santa Marcelina, na cidade de São Paulo, onde estudou por oito anos. No ano de 1945 matricula-se no curso clássico da Escola Mackenzie, também naquela cidade. Morava, nessa época, num apartamento na Alameda Santos, com uma governanta de nome Marta.

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Aconselhada pela mãe, em 1948 inicia seus estudos de Direito na Faculdade do Largo do São Francisco. A partir de então levaria uma vida boêmia que se prolongou até 1963. Moça de rara beleza, Hilda comportava-se de maneira muito avançada, escandalizando a alta sociedade paulista. Despertou paixões em empresários, poetas (inclusive Vinicius de Moraes) e artistas em geral.


Em 1949 é escolhida para saudar, entre os alunos de Direito, a escritora Lygia Fagundes Telles, por ocasião do lançamento de seu livro de contos ''O Cacto Vermelho''. Hilda lança, nos dois anos seguintes, seus primeiros livros: ''Presságio'' (1950), e ''Balada de Alzira'' (1951). Conclui o curso de Direito em 1952. Três anos depois publica ''Balada do Festival''.

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No ano de 1957 viaja pela Europa por sete meses (junho a dezembro). Namora com o ator americano Dean Martin e, fazendo-se passar por jornalista, assedia, sem sucesso, Marlon Brando, outro galã de Hollywood.
Em 1959 publica o livro de poesia ''Roteiro do silêncio'' e ''Trovas de muito amor para um amado senhor''. José Antônio de Almeida Prado, primo da escritora, inspira-se em poemas desse último livro e compõe a ''Canção para soprano e piano''. Em outras oportunidades voltou a basear-se em textos de Hilda para compor alguns de seus trabalhos mais significativos.


Os compositores Adoniran Barbosa (''Quando te achei'') e Gilberto Mendes (''Trovas''), entre outros, também se inspiraram em textos da autora.
''Ode fragmentária'' é lançado em 1961. Seu livro ''Trovas de muito amor para um amado senhor'' é reeditado por Massao Ohno. É agraciada com o Prêmio Pen Club de São Paulo pelo livro ''Sete cantos do poeta para o anjo'', em 1962.

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Passa a morar na Fazenda São José, a 11 quilômetros de Campinas (SP), de propriedade de sua mãe. Abre mão da intensa vida de convívio social para se dedicar exclusivamente à literatura. Tal mudança foi influenciada pela leitura de ''Carta a El Greco'', do escritor grego Nikos Kazantzakis. Entre outras teses, defende o escritor a necessidade do isolamento do mundo para tornar possível o conhecimento do ser humano.


Muda-se para a Casa do Sol, construída na fazenda, onde passa a viver com o escultor Dante Casarini, em 1966. Morre seu pai. Em 1967 redige ''A possessa'' e ''O rato no muro'', iniciando uma série de oito peças teatrais que escreveria até 1969. Lança ''Poesia (1959 / 1967)''.

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Por imposição da mãe, internada no mesmo sanatório em Campinas onde estivera seu pai, casa-se com Dante Casarini, em 1968. Escreve as peças ''O visitante'', ''Auto da barca de Camiri'', ''O novo sistema'' e ''As aves da noite''. ''O visitante'' e ''O rato no muro'' são encenadas no Teatro Anchieta, em São Paulo, para exame dos alunos da Escola de Arte Dramática, sob direção de Terezinha Aguiar.


Em 1969 escreve ''O verdugo'' e ''A morte do patriarca''. A primeira recebe o Prêmio Anchieta. ''Fluxo-Floema'', sua primeira obra em prosa, é lançada em 1970. A peça ''O novo sistema'' é encenada em São Paulo, no Teatro Veredas pelos Grupo Experimental Mauá (Gema), sob a direção de Terezinha Aguiar. ''O verdugo'' é editado em livro, e é, até hoje, a única que não é inédita. Morre sua mãe, Bedecilda.

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Em 1972 o Grupo de Teatro Núcleo, da Universidade Estadual de Londrina, sobre a direção de Nitis Jacon, encena a peça ''O verdugo''. Essa mesma peça é encenada no Teatro Oficina, em São Paulo, sob a direção de Rofran Fernandes, no ano seguinte, época em que foi lançado seu novo livro ''Qadós''.


''Júbilo, memória, noviciado da paixão'' é lançado em 1974. No ano de 1977 é publicado o livro ''Ficções'', que recebe o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), como ''Melhor Livro do Ano''. Três anos depois, 1980, saem os livros ''Poesia (1959/1979)'', ''Da morte. Odes mínimas'', e ''Tu não te moves de ti''. Recebe da APCA o prêmio pelo conjunto da obra. Estréia a montagem de ''As aves da noite'' no Teatro Ruth Escobar, com direção de Antônio do Valle. Divorcia-se de Dante Casarini, mas o ex-marido continua morando na Casa do Sol.

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Passa a fazer parte do Programa do Artista Residente da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em 1982. Lança ''A obscena senhora D''. No ano seguinte publica ''Cantares de perda e predileção'', que recebe os prêmios Jabuti (da Câmara Brasileira do Livro) e Cassiano Ricardo (do Clube de Poesia de São Paulo).


Em 1984 saem os ''Poemas malditos, gozosos e devotos''. Dois anos depois, em 1986, publica os livros ''Sobre a tua grande face'' e ''Com meus olhos de cão e outras novelas''. 1989 marca o lançamento de ''Amavisse''.


Com ''O caderno rosa de Lori Lamby'', livro que consagra sua fase pornográfica (iniciada em ''A obscena senhora D''), a escritora anuncia o ''adeus à literatura séria'' (1990). Justifica essa medida radical como uma tentativa de vender mais e assim conquistar o reconhecimento do público. A obra provoca ''espanto e indignação'' em seus amigos e na crítica. Lança também ''Contos d'escárnio / Textos grotescos e Alcoólicos''.


O quarto livro de sua fase pornográfica, ''Cartas de um sedutor'' é lançado em 1991. O livro ''O caderno rosa de Lori Lamby'' é traduzido para o italiano. Estréia, em São Paulo, a peça ''Maria matamoros'', adaptação do texto ''Matamoros'' que se encontra no livro ''Tu não te moves de ti''.


Em 1992 lança a antologia poética ''Do desejo'' e ''Bufólicas'', livro de poesias pornográficas. Passa a colaborar com o Correio Popular, jornal diário de Campinas (SP), escrevendo crônicas semanais; o trabalho se estenderia até 1995. No ano seguinte publica ''Rútilo nada'', num livro que também continha ''A obscena senhora D'' e ''Qadós''. ''Rútilo nada'' recebe o Prêmio Jabuti na categoria ''Contos''.


Em 1994, ''Contos d'escárnio & Textos Grotescos'' é traduzido para o francês. No ano seguinte sai o volume ''Cantares do sem nome e de partidas''. O Centro de Documentação Alexandre Eulálio, da Unicamp, adquire seu arquivo pessoal. A escritora sofre isquemia cerebral.


Em 1997, lança ''Estar sendo. Ter sido''. A edição bilíngue (português-francês) do livro ''Da morte. Odes mínimas'' é publicada em 1998. Publica também ''Cascos & Carícias: crônicas reunidas (1992-1995)'', volume de textos que saíram no jornal ''Correio Popular''.


Em 1999, lança a antologia poética ''Do amor''. Sob a coordenação do escritor Yuri V. Santos entra no ar seu site oficial: http://www.angelfire.com/ri/casadosol/hhilst.html.
''O caderno rosa de Lori Lamby'' é levado ao palco sob direção de Bete Coelho e tendo no papel principal a atriz Iara Jamra.


Em 2000, lança ''Teatro reunido'' (volume 1)''. Estréia, em Brasília, a adaptação teatral de ''Cartas de um sedutor''. Estréia na Casa de Cultura Laura Alvin, no Rio de Janeiro, o espetáculo ''HH informe-se'', reunião e adaptação teatral de textos da autora. Inauguração, em dezembro, da ''Exposição Hilda Hilst - 70 anos'', evento criado pela arquiteta Gisela Magalhães no SESC Pompéia, em São Paulo. Em 2001, estréia, no Rio de Janeiro, a adaptação teatral de ''Cartas de um sedutor''.

Com a morte de Hilda Hilst, a Editora Globo passa a ser responsável por toda sua obra publicada. O velório da escritora foi realizado ontem na capela do Cemitério Parque Flamboyant, em Campinas. A escritora foi sepultada às 16 horas, no Cemitério Parque das Azaléias, no bairro das Palmeiras.


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