O diretor teatral Amir Haddad estará de domingo a terça-feira em Curitiba ministrando uma palestra no Ateliê de Criação Teatral (Act), Conhecido pela criação do Instituto Tá Na Rua para as Artes, Educação e Cidadania, no Rio de Janeiro, Haddad trabalha com a ferramenta da indignação social.
"Vivemos uma crise de valores e total falta de caminhos. Por isso, pergunto: qual é o teatro possível que traga uma perspectiva de futuro?", instiga. "O teatro usual não tem nada a ver com a gente. É distante. Me pergunto que noção esses diretores e atores têm do mundo? Em que realidade vivem?"
Mas o Brasil está mundando vertiginosamente, alerta. "Essa crise de energia está diminuindo nossa capacidade de produção, baixando nossa auto-estima. Estamos sofrendo de um apagão na alma e o país pode entrar numa condição ainda muito pior, com o dólar que não pára de subir, ameaça de inflação e agora, sem forças."
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Numa tentativa de abrir os olhos do cidadão comum, daquele que está nas ruas, que não entra em teatros, Amir Haddad trabalha em espaços abertos. "As ruas e praças permitem estabelecer laços, chegar até o espectador, sentir as reações. "Precisamos refazer a estrutura ideológica e esta é a hora da verdade, o momento de revelar a riqueza de cada ser humano."
Para manter uma relação horizontal entre atores e público, Haddad leva desde a década de 70 o teatro para as ruas e praças, rompendo com as quatro paredes do palco italiano. Seu teatro busca estar cada vez mais próximo da platéia, ressaltando a importância das manifestações populares na vida social e cultural das cidades.
Consagrado internacionalmente, Haddad considera-se um eterno insatisfeito. "Apesar de diversificado, meu trabalho sempre buscou recuperar o sentido de festa do teatro e a dramaticidade das festas populares. Faço um teatro de protesto, protesto contra a pequenez do mundo e em favor da grandeza humana."
Os atores, dirigidos por Amir Haddad, nos espetáculos de rua, mostram uma empolgação rara e apaixonante. Ele trabalha distribuindo figurinos para um grupo de atores, e incentiva-os com música popular e improvisações. Em meio ao espetáculo, movimenta-se com desenvoltura, provocando artistas e público, incitando conflitos, produzindo emoções e sempre preocupado em abordar temas que estejam ligados ao cotidiano das pessoas.
Mesmo consagrado, com dois prêmios Molière (1968 e 1970) e um Governo do Rio de Janeiro (1972), Haddad não se dispôs a viver montando clássicos. Viajou por dois anos, deixando seus projetos ibernando. Foi em 1974, quando trabalhava com um grupo de ex-alunos, que vislumbrou o caminho que buscava: montou "Somma - Os Melhores Anos de Nossas Vidas", no Teatro João Caetano, coletânea de cenas diversas, rompendo com os procedimentos tradicionais.
Dentre os projetos futuros, Amir trabalha com a direção de "Mão na Luva", com a participação como ator no filme "O Homem do Ano", de José Henrique Fonseca, e a reestruturação da programação do Teatro Municipal Carlos Gomes, um dos mais tradicionais do Rio de Janeiro.