Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade

A negritude em foco

Zeca Corrêa Leite - Folha do Paraná
07 mai 2001 às 11:11

Compartilhar notícia

siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Na região de Ponta Grossa tem uma comunidade negra chamada Sutil. Sua história remonta ao século XVII: uma rica fazendeira ao morrer deixou para seus escravos uma das invernadas de suas terras, que à época media cerca de 7 mil hectares. Começa aí a árvore genealógica da comunidade que hoje tem 122 moradores (26 famílias) reunidos numa área drasticamente reduzida a 23 hectares.

A exposição "Comunidade Negra do Sutil", que abre hoje às 19 horas no Museu da Imagem e do Som, relembra esse passado e mostra o cotidiano das pessoas que ali vivem através das fotografias de Fernanda Castro e textos da antropóloga Míriam Hartum, professora do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Paraná, que desenvolveu um estudo sobre a organização social da localidade.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Segundo a professora mudanças ocorridas na agricultura do Estado foram determinantes para que muitas propriedades perdessem suas áreas. O governo provincial era um dos que adquiria as terras para destinar aos imigrantes europeus. Próximo a Sutil, por exemplo, está a concentração dos russos brancos.

Leia mais:

Imagem de destaque
Prestigie

Aniversário de Londrina terá atrações culturais; confira a programação

Imagem de destaque
Prestigie

Apresentação no aniversário de Londrina abre programação do Filo

Imagem de destaque
No Fiil

Londrina é destacada como modelo de ecossistema referência no Brasil

Imagem de destaque
Saiba mais

Em Londrina, primeira edição do Fiil debate futuro da inovação


A comunidade negra não é uma sociedade fechada, como muitos podem imaginar. Ela é aberta e muitos dos descendentes dos escravos herdeiros de 150 anos atrás, moram em Ponta Grossa. O diferencial de Sutil é que 90% dos que ainda vivem ali são uma continuidade dessa história. Suas raízes têm por base aqueles escravos.

Publicidade


Nas fotos de Fernanda Castro estão os registros do cotidiano, que para as pessoas da cidade soam como um resgate da paisagem interiorana. Alguns retratos somam-se aos flagrantes. As imagens foram colhidas durante o ano passado, em visitas periódicas ao lugar. "Quero mostrar como eles são felizes, amáveis", diz a fotógrafa.


Uma curiosidade sobre Sutil refere-se às crianças e adolescentes, que devido à proximidade com os russos brancos, aprenderam a falar o idioma. Quando não querem ser entendidos pelos mais velhos, conversam tranqüilamente noutra língua. As mulheres, por sua vez, costumam bordar para as russas.

Publicidade


Esta exposição tem a clara intenção de colocar a negritude em pauta. Fernanda reclama que "há uma invisibilidade do negro no Paraná, a começar por Curitiba", diz. O orgulho do paranaense fixou-se nos limites da etnia européia, esquecendo da contribuição dos negros na sociedade. Esse racismo velado resultou numa visão obtusa, contraditória.


Com esta mostra a fotógrafa dá início a uma série que pretende realizar futuramente, tendo o negro como tema. "É preciso que a gente fale, mostre a nossa importância, inclusive pelos caminhos da arte", afirma.

Serviço: "Comunidade Negra do Sutil", exposição de fotografias de Fernanda Castro. Textos de Míriam Hartung. Abre segunda-feira, dia 7, às 19 horas, no Museu da Imagem e do Som, rua Barão do Rio Branco, 395, telefone 232-9113. Permanece até 25 de maio. O museu abre de segunda a sexta-feira das 9 às 18 horas.


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo