Só não vieram os diretores do filme, os irmãos Andy e Larry Wachowski, ainda mergulhados na pós-produção da parte final da trilogia, ''Matrix Revolutions'', com lançamento previsto para novembro. Quem pôde pegou uma carona em busca de mais fama e veio a Cannes prestigiar a pré-estréia mundial de ''Matrix Reloaded'', exibido nesta quinta fora de competição, com estréia nos Estados Unidos a partir do mesmo dia e no Brasil no dia 23.
O elenco principal esteve em peso: Laurence Fishburne, Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss - ostentando uma gravidez adiantada e nada virtual - Hugo Weaving, Mônica Belluci, Lambert Wilson e Jada Pinkett Smith, além do produtor Joel Silver e de alguns colaboradores vitais no suporte de produção.
Em torno dessa estratégica exibição européia, uma certeza: as relações entre Hollywood (no caso leia-se Warner Bros.) e Cannes não poderiam estar melhores, desarmando definitivamente qualquer boato sobre azedumes e má vontade de ambas as partes, por conta das recentes rusgas entre França e Estados Unidos. A propósito, durante as coletivas com elenco americano não têm faltado questionamentos sobre estas diferenças, imediatamente descartados pelo coordenador.
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Hoje quem faz ponto na Croisette é Arnold Schwarzenegger, que veio promover ''Terminator 3''. E James Cameron, diretor dos dois primeiros 'Exterminadores'', não assina esta seqüela mas também está circulando por aqui com um documentário sobre o ''Titanic'' (o navio, não o filme).
Diz o folclore em torno do maior sucesso planetário de todos os tempos, ''Titanic'' (o filme, não o navio), que o diretor ficou tão impressionado com o que andou vendo a 4 mil metros de profundidade, enquanto preparava as filmagens, que resolveu registrar tudo em imagens com equipamento HDV e em 3D - vídeo de alta definição, em terceira dimensão. O resultado, a ser conferido neste fim de semana com aqueles famosos e agora ressuscitados óculos especiais de duas cores, estão lembrados?, recebeu o sugestivo título de ''Ghost of the Abiss''.
Mas por onde andará o festival propriamente dito, aquele para os críticos, com seus filmes mais experimentais, com novas propostas estéticas e preocupações acerca das angústias da humanidade? Este também começou quarta, mas discretamente, em meio a tantos fogos de artifício e festas, celebrações, homenagens. Na abertura da competição, um exemplar digno desta tradição-cabeça que anda meio estremecida pela invasão cada vez maior da cultura descartável.
O chileno-francês-barroco Raoul Ruiz assina o ponto mais uma vez - é figura frequentíssima em festivais - com ''Ce Jour-là'', uma aventura bizarra em tom de comédia negra, ambientada na Suiça. Ou melhor, localizada geograficamente neste território mental delirante do diretor. Parece pouco caso? Não é, já que Rouiz é um construtor de filmes ''a clef'', com alguns segredos guardados a sete chaves.
''Ce Jour-là'' é um filme sobre uma família, sobre um país (a Suíça), sobre uma cidade corrompida, sobre uma família manipulada, sobre castas sociais, complôs e assassinatos, sobre o Estado que a tudo assiste de longe. Sendo Rouiz quem é, a narrativa não é simples e avança em zigue-zague em torno de um determinado dia, 28 de dezembro, Dia dos Santos Inocentes.