Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade

Cantor e compositor Sérgio Ricardo prepara lançamento

Zeca Corrêa Leite - Folha do Paraná
28 out 2001 às 17:14

Compartilhar notícia

siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Neste mês de outubro completaram-se 34 anos do mais importante festival de música realizado no País – o III Festival de Música Popular Brasileira, promovido pela TV Record de São Paulo. O certame entrou para a história pela quantidade de músicas imediatamente transformadas em clássicos nacionais, mas uma ficou esquecida nos escaninhos do tempo: "Beto Bom de Bola". Após três décadas, finalmente será redimida: o autor Sérgio Ricardo incluiu-a num CD prestes a ser lançado, "Sérgio Ricardo – Quando Menos se Espera".

A canção é praticamente desconhecida, só a história em torno dela foi que permaneceu na memória coletiva: acuado pelas vaias incessantes de uma platéia ensandecida, o músico desistiu de cantar, quebrou o violão e jogou no auditório. Tudo isso ao vivo, para todo o País nas imagens em preto e branco da TV de então.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Como acontecia na época dos festivais, saiu às pressas um LP com as 12 finalistas, entre elas "Beto Bom de Bola". "Esse disco não conta, é uma coisa horrível", diz Sérgio Ricardo, que recebeu a Folha 2 horas antes de iniciar uma oficina de trilha sonora no Ateliê de Criação Teatral, em Curitiba, na semana passada. "Agora sim, você vai poder ouvir a música, realmente". Para ele, a primeira gravação vai chegar neste final com o CD "Quando Menos se Espera".

O episódio marcou-o tanto que só agora as brumas se dissiparam. "Eu travei, porque achei que era melhor esquecer o espisódio, esquecer essa história, esquecer a música. Mas agora ao fazer uma coisa mais urbana e de samba, olhei pra 'Beto Bom de Bola' e pensei: por que não gravar essa música direito? Para ficar distante daquela fofoca, daquela bobageira toda", explica o compositor.

Letra e música belíssimas, "Beto..." caiu na antipatia do público talvez por estar muito à frente de seu tempo, embora fosse uma homenagem a Garrincha, um ídolo caído. "A importância primeira dessa música é a temática dela, o futebol, que é uma coisa difícil de se colocar e o questionamento da política do futebol, o cartola, o esquecimento", considera o autor.

O tema "é uma síntese da realidade brasileira. Musicalmente tem um salto qualitativo que é o fato de fazer isso em choro, misturado com samba, uma coisa que de repente vira canção, é narrativa ao mesmo tempo que é poética. Fica esquisito eu mesmo falar da música, mas é o que eu quis fazer", continua. "Talvez ela estivesse antecipada ao tempo. Ela é muito atual, neste momento é atualíssima".

O que não ficou para a história foi o duro discurso proferido contra a platéia. A censura cortou do vídeotape a parte em que ele diz ‘eu sei o que é isso, é o subdesenvolvimento, vocês são uns animais’. ‘Foi aí que peguei o violão, dei uma porrada e joguei na platéia’.

Dali, Sérgio Ricardo foi direto para o hotel e passou o resto da noite sóbrio. "Não parava de chegar gente, telefonemas, flores, desagravos de todo lado. Foi uma coisa maravilhosa, bonita pra burro. Agora, quase fui linchado, porque na saída do teatro tinha o CCC (Comando de Caça aos Comunistas, grupo de extrema direita) que queria me pegar. Fui para o hotel escoltado".

"Quando Menos se Espera" traz ainda "Zelão", "Nosso Olhar" e "Calabouço" que fazem parte do conjunto de obras mais antigas. O restante são trabalhos mais recentes, porém o objetivo de Sérgio Ricardo foi concentrar num disco "músicas mais urbanas, mais o samba". Uma novidade inserida no CD é um desenho animado feito por ele que poderá ser visto no computador. As imagens acompanham "Zelão".

Leia mais:

Imagem de destaque
Dança, música e teatro

Espetáculo 'Arte Total' será promovido nesta sexta em Londrina

Imagem de destaque
Relembre

Morte de fã de Taylor Swift completa um ano com inquérito sem conclusão

Imagem de destaque
Netflix

Beyoncé anuncia nas redes sociais que fará show ao vivo no Natal

Imagem de destaque
Em 2025

The Town anuncia Katy Perry como uma de suas principais atrações em 2025


Completamente apaixonado, o músico confessa: "Se me fosse dada uma sentença para eu fazer só fazer desenho animado até o fim da vida, eu ia ficar contente demais. Não precisava de mais nada, nem compor mais". Foram três meses mergulhado na criação virtual de manhã à noite. "Foi uma coisa gloriosa em termos de realização pessoal".


Em fase de relançamento está outro disco, "História de João-Joana", feito a partir do cordel escrito por Carlos Drummond de Andrade. Os intérpretes são cintilantes: tem Chico Buarque, João Bosco, Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Telma Tavares e ele. A orquestração é de Radamés Gnattali e a execução da Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro.

"É meu disco mais significativo dos últimos anos", afirma. Com certeza em 2002 estará em todas as lojas – nessa data se comemora os 100 anos do poeta Drummond. Tem mais: se tudo der certo, "História de João-Joana" vai virar filme, reativando um antigo projeto. Será o quarto longa-metragem de Sérgio que suspira ao imaginá-lo: "Sem dúvida, vai ser meu melhor filme; será meu melhor roteiro. Além do mais, estou com maturidade suficiente para rodá-lo".


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo