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Cultura estrangeira

Murilo Gatti
03 mai 2002 às 17:51

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Além do Brasil, artistas da Suíça, da Itália, do Canadá, da Espanha, do Uruguai, do Chile, da Argentina, da Colômbia, de Cuba e do Japão mostram a sua arte em Londrina durante o mês de maio. Só dentro da Mostra Internacional calcula-se que mais de 200 pessoas de fora de Londrina estejam envolvidas. Os espetáculos são diversificados e a partir do dia 11 começam a tomar conta dos teatros e espaços alternativos da cidade.
Os responsáveis pela abertura são os espanhóis do Teatro Del Temple. Nos dias 11 e 12 de maio eles apresentam o espetáculo "Buñuel, Lorca e Dalí", no Cine Teatro Ouro Verde. Luis Buñuel foi um dos maiores cineastas da Espanha, enquanto Federico Garcia Lorca e Salvador Dalí são ícones da poesia e da pintura espanhola, respectivamente. Os três grandes artistas estiveram ligados, na juventude, por uma profunda amizade. A peça é boa chance para conhecer as origens e as loucuras destes três gênios da arte.

Nos dias 12 e 13 de maio, a atriz colombiana Carlota Llano mostra a guerra de corpo inteiro no espetáculo "Las Mujeres en la Guerra". As vozes da peça são de três personagens: Dora Margarita, ex-guerrilheira, Margot, esposa de militar e mãe de três guerrilheiros e Juana Sanchéz, mãe de três meninas e vítima da violência desde a infância. As apresentações são no Teatro Zaqueu de Melo e começam às 19h

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Escrita pela sérvia Biljana Srbljanovic e dirigida pelo diretor chileno Guillermo Calderón, a peça "Histórias de Família" também discorre sobre as guerras. O texto não recorre a soldados nem tanques para mostrar a realidade da guerra. Os protagonistas são crianças que, reunidas numa praça em Belgrado, brincam de imitar seus pais momentos antes do bombardeio da Otan. O brincadeira inocente se transforma num espelho de atrocidades. O efeito da violência cotidiana sobre um grupo de crianças vai ser apresentado nos dias 16 e 17 de maio, no Teatro Núcleo 1, a partir das 22h.

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Um relógio, uma cadeira, um copo, um martelo, uma pena. Os objetos ganham sentidos diferentes no teatro gestual do francês radicado na Itália Yves Lebreton. Em "Personne", espetáculo apresentado nos dias 17, 18 e 19 de maio no Teatro Zaque de Melo, Lebreton reinventa o diálogo entre o ator e os objetos de cena, o que ele define como "fantasia em um ato", que retrata o ser humano em meio às contingências materiais da vida.

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A Compañía Marta Carrasco da Espanha apresenta três espetáculo em Londrina. O primeiro é "Aiguardente", interpretado pela própria Marta Carrasco. No palco a atriz e bailarina usa uma preciosa coleção de gestos para retratar a vida de uma mulher à beira do desespero, que na tentativa de escapar à ruína completa usa os movimentos do corpo. "Aiguardent" é atração do dia 19, às 22h no Teatro Núcleo 1.


A segunda peça apresentada pela companhia é "Blanc D’ombra", espetáculo no qual Marta Carrasco sobe mais uma vez ao palco. A obra é uma homenagem à escultora Camille Claudel e se traduz num espetáculo tenso e dramático. Depois de 30 anos internada em um sanatório, Camille nos observa pela última vez, às portas da morte. Para Marta Carrasco, a dança é uma escultura do ar, e a escultura é a dança da pedra. A apresentação é realizada no dia 20 de maio, no Teatro Núcleo 1.

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O terceiro espetáculo da companhia leva cinco personagens ao palco: três homens e duas mulheres que se envolvem numa viagem a um mundo de sonhos e memórias. Para realizar a jornada entre a realidade e a fantasia, a coreógrafa e diretora Marta Carrasco utilizou imagens de artistas visionários como o poeta William Blake (autor de "As Portas da Percepção") e o pintor Evard Munch (autor de "O Grito"). O espetáculo tem apresentação única no dia 21 de maio, no Cine Teatro Ouro Verde.


O espetáculo "Living Memory (Mémoire Vive)" da companhia Les Deux Mondes, do Canadá, retrata a memória e os sentimentos depositados nos objetos que acompanham a vida de cada pessoa. No cenário estão centenas de brinquedos, de diversas formas, tamanhos e épocas. A existência da personagem central se confunde com a história do século XX. Ao refletir as contradições, angústias e alegrias de sua época, a protagonista compõe um inventário da solidão. A peça é apresentada nos dias 24 e 25 de maio, no Cine Teatro Ouro Verde.


A peça brasileira "Apocalipse 1,11", do grupo de Teatro da Vertigem, é uma adaptação do texto bíblico que narra o fim do mundo e enfoca a realidade e o julgamento final. O cenário, sempre realista, em Londrina é encenado no antigo Cadeião (Rua Sergipe). Fé e crime se encontram numa cadeia de vertigens. Todos os personagens têm dupla identidade: uma ligada às escrituras e a outra ao presente. Numa clara referência ao massacre do Carandiru - quando morreram 111 presos - a peça faz o caminho entre as profecias de ontem e os pecados de hoje. Tem cinco apresentações durante o filo: dias 18, 19, 21, 22 e 23 de maio, sempre às 20h.

Confira os outros espetáculos da Mostra Internacional e a agenda completa do Filo


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