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Daniel canta em espaço nobre em Curitiba

Zeca Corrêa Leite - Folha do Paraná
03 out 2001 às 12:30

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Uma parcela (ínfima) do público curitibano defende a tese de que o Guairão deveria ser destinado a grandes espetáculos como concertos, balés e óperas. Essa gente fica arrepiada conforme os cartazes que sobem ao palco do teatro, porque este teria que ser tão nobre quanto o Municipal (do Rio ou São Paulo). Pois bem, longe de opiniões e mágoas, o cantor Daniel solta a voz nesta terça à noite no espetáculo que desde sábado passado está com a lotação esgotada. Os preços estavam entre R$ 40,00 a R$ 60,00.
"Esperança" traz um intérprete que está em fase de travessia da música sertaneja para a romântica. Os fãs, fidelíssimos, acompanharam o astro e estarão hoje fazendo coro às suas canções. Esta é a primeira vez que Daniel pisa no palco do Guairão, mas com certeza foi marcante a experiência no Teatro Ópera de Arame, quando gravou o extinto "Noite de Gala", apresentado por Agnaldo Rayol.
Por mais de duas horas ininterruptas a platéia gritou, assoviou, chorou, jogou bonecos, ofereceu bolos de aniversário (ele completava anos no dia seguinte), estampou cartazes, etc. "Quase não venho para cá, sou mais novidade que em São Paulo", diria mais tarde, modestamente, em conversa com a Folha2. A produção local de "Esperança" é da empresária Verinha Walflor, que há cerca de 15 anos (ela não lembra a data com precisão) trouxe ao mesmo auditório a dupla Chitãozinho e Xororó.
Aos 33 anos, completados no dia 9 do mês passado, Daniel Camillo é um estrondoso sucesso de público. Cumpre-se, assim, a expectativa do pai que sempre foi seu maior incentivador. O velho José Sebastião sabia que o menino – terceiro dos quatro filhos – era um cantor nato. Faltava apenas oportunidade para mostrar seu talento.
Afinal, cantava desde os cinco anos, aos oito ganhou seu primeiro violão e aos 9 não quis mais saber de professor de música. Adolescente, participava de festivais na região de Brotas, onde nasceu. Nessa mesma cidade, a 250 km de São Paulo, vive sua família. Mas, nesses idos, começava a despontar o sucesso para Daniel. Ele vencia quase todos os concursos – só não era unanimidade porque tinha outro sujeito, João Paulo, a concorrer com ele.
O resto da história é conhecido por todos: a criação da dupla em 1980 e a dura estrada do início cantando em circos, festas, onde houvesse um palco onde se apresentar. O primeiro disco saiu pela Continental, em 85, com apoio financeiro do pai, e a ajuda de Paraíso, da dupla com Mococa. João Paulo não tinha na família quem o ajudasse a bancar o disco porque vinha de berço humilde.
João Paulo e Daniel chegaram ao tão esperado sucesso, ganharam fama, mas a história do parceiro encerrou abruptamente num acidente de carro. Cumprindo carreira-solo, Daniel atingiu ainda mais o topo, soltou a voz e deu vazão à interpretações de músicas de variados gêneros. Cumpriu temporadas com shows superproduzidos e, pelo jeito, tem muito gás pela frente. Seu oitavo disco ultrapassou a marca de um milhão de cópias vendidas.
O cantor sempre colaborou com entidades beneficentes, como a AACD, mas agora ele tem a sua Fundação João Paulo & Daniel, destinada ao atendimento às crianças carentes. É um projeto a mais na vida de Daniel Camillo, o moço que ainda hoje vai a Brotas, na casa dos pais, para onde leva as cartas e bichinhos de pelúcia que ganha Brasil afora. Ali, numa sala de 60 m2 ficam guardados os presentes. É praticamente certo que à noite, no Guairão, ursinhos voarão da platéia, atirados por apaixonadas fãs, disputando espaço com o astro de "Esperança".
Show "Esperança", com Daniel. Nesta terça, às 21 horas, no Teatro Guaíra, em Curitiba. Os ingressos estão esgotados.
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