Violinos, violoncelos, flautas, oboés e outros instrumentos sinfônicos silenciaram na última terça-feira (27). Coube à boa e velha viola caipira realizar o espetáculo de encerramento do 3º. Festival de Música de Rolândia. Foram duas apresentações da Orquestra de Viola Caipira São Domingos Sávio, de Londrina, lotando o Centro Cultural Nanuk. O festival começou no dia 20, estendendo-se aos dias 21, 22, 25 e 26, com nove apresentações para um público estimado em cerca de três mil pessoas. "O Festival cumpriu a sua função, garantindo informação, lazer e educação através de música de melhor qualidade", afirma Rogério Carnasciali, produtor executivo do festival.
Neste ano, o evento abordou o tema "Educação pela Música", recebendo grande número de estudantes, que puderam ouvir concertos didáticos com instrumentos de cordas da Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina (OSUEL), além de outro concerto com instrumentos de sopro e percussão, um concerto didático de violas caipiras e outro de violino, com Roney Marczak. Professores, diretores de escola e pedagogos participaram de uma palestra com o maestro Ricardo Prado, do Rio de Janeiro, com o tema "Educação pela Música". E a população participou de um concerto da OSUEL na Igreja Matriz de Rolândia, na noite da última sexta-feira (22), um dos momentos mais aplaudidos do festival.
"Podemos dizer que o festival foi uma experiência bem positiva, beneficiando crianças das redes pública e particular, além de outros segmentos da comunidade. Os concertos didáticos permitiram aos estudantes não só apreciar cada música, mas também conhecer e se aprofundar sobre instrumentos, regência, ritmos etc", afirma Sílvia Unbehaun Puschel, diretora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação. "As crianças gostaram muito da programação. É um jeito divertido de aprender e de interagir com os músicos", afirma a professora Lorena Volpato, do Colégio Bom Jesus. "Eu achei tudo muito legal. Deu pra conhecer todos os instrumentos pelo som e pelo nome. Se eu pudesse escolher, queria aprender a tocar bateria", diz o aluno Ivo Satoru, do mesmo estabelecimento. "Nossa missão é essa: formar músicos como se forma qualquer outra profissão. Alguns desses estudantes passarão a se interessar por um instrumento, outros apenas passam a ter um gosto maior pela música erudita. O fato é que cada um sai do festival levando um pouco mais da arte musical como um todo", afirma o maestro da OSUEL, Evgueni Ratchev.
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Outro maestro, Ricardo Prado, vê festivais como o de Rolândia como oportunidades para uma ampla reflexão sobre o ensino da música nas escolas. "Muito cedo acreditei que a educação precisa da música. A música é fundamento da educação e não ornamento", assinala Prado. Ele criticou o desmantelamento da estrutura que havia no País para o ensino da música nas escolas, chamando a atenção sobre a lei que voltou a instituir este ensino, mas sem pessoas qualificadas em número suficiente para a missão. Para vencer esse desafio, o Sesi encontrou nas propostas do maestro o melhor caminho. Prado desenvolveu o Programa Repertórios, que reúne educadores, músicos e profissionais de diversas áreas com o intuito de realizar uma experiência educacional transformadora. "O desenvolvimento dos alunos que têm a música como parte da educação é muito melhor. Isso já ficou demonstrado em inúmeras escolas de todo o mundo", enfatiza.
Realizado através da Lei de Incentivo à Cultura – Ministério da Cultura – Governo Federal, o evento tem o patrocínio da Copel, do Governo do Estado, da Viapar e Supermercados Locatelli e apoio da Prefeitura e Secretarias de Cultura e Educação de Rolândia. O festival também teve a presença de alunos da Apae e de integrantes do Centro de Convivência do Idoso. Várias lideranças acompanharam as apresentações, entre elas o prefeito Johnny Lehmann e o deputado federal Alex Canziani.