O filme sobre a vida do Barão do Serro Azul, filmado entre julho e setembro do 1999 e que deveria ter sido lançado como ‘Serro Azul’ em maio deste ano, já mudou de nome para "O Preço da Paz" e teve a data de conclusão prorrogada para mais dois anos. Segundo o produtor Maurício Appel, a causa de tanto atraso tem como vilão o dólar. "Quando começamos as filmagens, o dólar estava cotado a R$ 1,23 e em oito semanas chegou a R$ 1,97. De lá para cá não parou mais de subir", justifica.
Orçado inicialmente em US$ 1,5 milhão, o filme está em fase de produção de ruídos ambientais. "Como se trata de um filme épico, os efeitos sonoros só podem ser realizados em empresa americana especializada. Mas de qualquer forma, a fita está 95% pronta", afirma. Só faltam o som ambiente, a mixagem e a primeira matriz. "Isso deve custar mais cerca de R$ 480 mil."
A maior preocupação do produtor é que o filme fique bem acabado e com qualidade internacional. "Estamos estudando a época certa para o lançamento. Depois que estiver pronto, teremos de esperar um intervalo entre os lançamentos estrangeiros e começaremos as exibições pelo Rio Grande do Sul e depois vamos subindo", adianta.
Maurício Appel contou que o ministro da Cultural Francisco Welfort assistiu ao filme e que por ter percebido a importância do tema histórico e pelo trabalho estar em fase de finalização, autorizou o adiamento. "É importante mostrar um bom filme até para que produtores estrangeiros venham filmar no Brasil."
Um dos destaques do filme é a trilha sonora composta pelo maestro Jaime Zenamom e executada pela Orquestra Sinfônica de Berlim. Entre os atores principais estão Herson Capri (Barão do Serro Azul), Giulia Gam (baronesa), Camila Pitanga (Anésia), Danton Mello (Daniel), José de Abreu (Cesário Saraiva) e Lima Duarte (Gumercindo Saraiva).
Nascido em Paranaguá, em 6 de agosto de 1845, Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, era filho do já polêmico Manoel Francisco Correia Júnior, o "Moço". Figura de proa nos movimentos de emancipação política, ele não tardou em mandar o herdeiro para estudar finanças no Rio de Janeiro e, depois, para estágios promissores em Buenos Aires e Montevidéo.
A volta a Paranaguá, para se dedicar ao mercado da erva-mate, ramo tradicional da família, também serviu para que o futuro Barão consolidasse sua união com a prima Maria José. E foi com ela, que se mudou mais tarde para Curitiba, onde passaram os melhores e os piores momentos de suas vidas.
Foi como um líder natural da cidade, que Ildefonso fundou o Clube Curitibano, presidiu a Associação de Propaganda da Erva Mate, assumiu a presidência da Província e se engajou na Confederação Abolicionista. Empenho que acabou lhe rendendo o título de Barão do Serro Azul em 1888, "pelos assinalados serviços prestados à Coroa".
Mas mesmo com a proclamação da República, ele não se deteve apenas aos seus próprios empreendimentos, fundando ainda o Banco Mercantil e Industrial e a Associação Comercial do Paraná, que perdura até os dias de hoje.
O pesadelo pessoal e histórico do Barão, depois de uma carreira tão brilhante, só começou mesmo em meados de janeiro de 1894, quando o cerco das tropas revolucionárias, que buscavam a volta da monarquia parlamentarista, chegaram ao Estado. Enquanto os combates aconteciam na Lapa, cidade em que as tropas legalistas realizavam resistência, o Barão, escolhido por unanimidade, utilizava a diplomacia para defender a capital da ação dos rebeldes.
Como o governador do Paraná, Vicente Machado, foi forçado a deixar Curitiba, o Barão acabou coordenando também os trabalhos políticos da cidade, oferecendo inclusive dinheiro aos invasores para evitar saques nas casas e empresas.
Trabalho que foi mal interpretado pelas tropas legalistas, passando a imagem do Barão, não como a de um lutador pela integridade de Curitiba, mas de um colaborador dos invasores.
Com a restauração do governo da legalidade vieram, imediatamente, as inevitáveis medidas de punição para todos aqueles que tinham contribuído para a revolução. Entre eles, Ildefonso Pereira Correia, que numa carta dirigida a seu irmão Manoel Francisco, um dia antes da prisão, dizia: "As acusações que me fazem são falsas ou sem fundamento. Tenho consciência de que tudo quanto pratiquei, logo que nosso Estado foi invadido pelas forças revolucionárias, somente obedeceu aos mais nobres e puros sentimentos... Nem criminoso, nem revolucionário sou. Os tempos são de provação, e eu a elas me subordino pacientemente".
No dia 20 de maio de 1894, às 21 horas, quando os prisioneiros já tinham sido acomodados, as portas da prisão foram abertas por um grupo de soldados, que chamaram pelo nome de seis presos. Ildefonso, entre eles, achou que se tratava de um embarque para o Rio de Janeiro, a caminho do julgamento. Ilusão que foi desmanchada já durante o percurso de trem para Paranaguá.
Não adiantou implorar, pedir pelos filhos, ou rezar. Todos os companheiros de viagem foram sumariamente fuzilados e tiveram seus corpos rolados despenhadeiro abaixo, no Pico do Diabo.
Tomando conhecimento do extermínio apenas alguns dias depois, os amigos providenciaram o enterro do Barão e dos outros presos alí mesmo, próximo a estrada de ferro Curitiba-Paranaguá. O exame dos corpos constatou que o Barão recebeu dois tiros: um deles na coxa e o segundo nos olhos. Só um ano mais tarde, seus restos mortais puderam ser trazidos para Curitiba e para a história.
Orçado inicialmente em US$ 1,5 milhão, o filme está em fase de produção de ruídos ambientais. "Como se trata de um filme épico, os efeitos sonoros só podem ser realizados em empresa americana especializada. Mas de qualquer forma, a fita está 95% pronta", afirma. Só faltam o som ambiente, a mixagem e a primeira matriz. "Isso deve custar mais cerca de R$ 480 mil."
A maior preocupação do produtor é que o filme fique bem acabado e com qualidade internacional. "Estamos estudando a época certa para o lançamento. Depois que estiver pronto, teremos de esperar um intervalo entre os lançamentos estrangeiros e começaremos as exibições pelo Rio Grande do Sul e depois vamos subindo", adianta.
Maurício Appel contou que o ministro da Cultural Francisco Welfort assistiu ao filme e que por ter percebido a importância do tema histórico e pelo trabalho estar em fase de finalização, autorizou o adiamento. "É importante mostrar um bom filme até para que produtores estrangeiros venham filmar no Brasil."
Um dos destaques do filme é a trilha sonora composta pelo maestro Jaime Zenamom e executada pela Orquestra Sinfônica de Berlim. Entre os atores principais estão Herson Capri (Barão do Serro Azul), Giulia Gam (baronesa), Camila Pitanga (Anésia), Danton Mello (Daniel), José de Abreu (Cesário Saraiva) e Lima Duarte (Gumercindo Saraiva).
Nascido em Paranaguá, em 6 de agosto de 1845, Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, era filho do já polêmico Manoel Francisco Correia Júnior, o "Moço". Figura de proa nos movimentos de emancipação política, ele não tardou em mandar o herdeiro para estudar finanças no Rio de Janeiro e, depois, para estágios promissores em Buenos Aires e Montevidéo.
A volta a Paranaguá, para se dedicar ao mercado da erva-mate, ramo tradicional da família, também serviu para que o futuro Barão consolidasse sua união com a prima Maria José. E foi com ela, que se mudou mais tarde para Curitiba, onde passaram os melhores e os piores momentos de suas vidas.
Foi como um líder natural da cidade, que Ildefonso fundou o Clube Curitibano, presidiu a Associação de Propaganda da Erva Mate, assumiu a presidência da Província e se engajou na Confederação Abolicionista. Empenho que acabou lhe rendendo o título de Barão do Serro Azul em 1888, "pelos assinalados serviços prestados à Coroa".
Mas mesmo com a proclamação da República, ele não se deteve apenas aos seus próprios empreendimentos, fundando ainda o Banco Mercantil e Industrial e a Associação Comercial do Paraná, que perdura até os dias de hoje.
O pesadelo pessoal e histórico do Barão, depois de uma carreira tão brilhante, só começou mesmo em meados de janeiro de 1894, quando o cerco das tropas revolucionárias, que buscavam a volta da monarquia parlamentarista, chegaram ao Estado. Enquanto os combates aconteciam na Lapa, cidade em que as tropas legalistas realizavam resistência, o Barão, escolhido por unanimidade, utilizava a diplomacia para defender a capital da ação dos rebeldes.
Como o governador do Paraná, Vicente Machado, foi forçado a deixar Curitiba, o Barão acabou coordenando também os trabalhos políticos da cidade, oferecendo inclusive dinheiro aos invasores para evitar saques nas casas e empresas.
Trabalho que foi mal interpretado pelas tropas legalistas, passando a imagem do Barão, não como a de um lutador pela integridade de Curitiba, mas de um colaborador dos invasores.
Com a restauração do governo da legalidade vieram, imediatamente, as inevitáveis medidas de punição para todos aqueles que tinham contribuído para a revolução. Entre eles, Ildefonso Pereira Correia, que numa carta dirigida a seu irmão Manoel Francisco, um dia antes da prisão, dizia: "As acusações que me fazem são falsas ou sem fundamento. Tenho consciência de que tudo quanto pratiquei, logo que nosso Estado foi invadido pelas forças revolucionárias, somente obedeceu aos mais nobres e puros sentimentos... Nem criminoso, nem revolucionário sou. Os tempos são de provação, e eu a elas me subordino pacientemente".
No dia 20 de maio de 1894, às 21 horas, quando os prisioneiros já tinham sido acomodados, as portas da prisão foram abertas por um grupo de soldados, que chamaram pelo nome de seis presos. Ildefonso, entre eles, achou que se tratava de um embarque para o Rio de Janeiro, a caminho do julgamento. Ilusão que foi desmanchada já durante o percurso de trem para Paranaguá.
Não adiantou implorar, pedir pelos filhos, ou rezar. Todos os companheiros de viagem foram sumariamente fuzilados e tiveram seus corpos rolados despenhadeiro abaixo, no Pico do Diabo.
Tomando conhecimento do extermínio apenas alguns dias depois, os amigos providenciaram o enterro do Barão e dos outros presos alí mesmo, próximo a estrada de ferro Curitiba-Paranaguá. O exame dos corpos constatou que o Barão recebeu dois tiros: um deles na coxa e o segundo nos olhos. Só um ano mais tarde, seus restos mortais puderam ser trazidos para Curitiba e para a história.