A conta cultura, projeto criado pelo governo para dar suporte financeiro aos projetos artísticos paranaenses, sairá do papel para a prática a partir desta semana. Depois de um café da manhã no Palácio Iguaçu, quarta-feira passada, reunindo executivos de empresas peso-pesado, com o governador Jaime Lerner e a Secretária Estadual da Cultura, Monica Rischbieter, é chegada a hora de passar o chapéu. "Já nesta semana estaremos visitando as empresas para ver como elas poderão participar da conta cultura", explicou a secretária.
Por ser uma iniciativa inédita no País - foi criada pelo governo como uma resposta às críticas do meio artístico ao veto da Lei de Incentivo do Estado, ocorrido no início do ano -, não há patamares que indiquem previsões sobre os valores que poderão ser arrecadados nesta rodada, ponderou Monica.
Ela preferiu não adiantar cifrões futuros, fixando-se nos R$ 3,5 milhões anunciados desde o lançamento do projeto. A quantia é proveniente de três empresas oficiais: a Copel, Sanepar e Agência de Fomentos do Estado.
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Como esse dinheiro terá de contemplar a produção cultural no Paraná durante o ano de 2001, houve uma divisão equitativa de R$ 1,2 milhão por trimestre. Espera-se, agora, que o caixa seja engordado com o apoio da iniciativa privada.
As expectativas na Secretaria de Estado da Cultura são as melhores possíveis, pela receptividade encontrada na quarta-feira. Das 25 empresas convidadas, 22 compareceram. "A sensação que ficou para a gente é de que eles estavam esperando este momento, de que a empresas não investem às vezes porque não são chamadas para serem parceiras", comentou Monica à Folha Dois. "A reação foi muito boa, inclusive algumas das empresas que lá estavam já fazem política cultural utilizando a Lei Rouanet".
A secretária avaliou o sucesso do encontro com a receptividade dos presentes após a exposição feita pelo governador Jaime Lerner e pelo consultor de empresas Elói Zanetti. "Fomos procurados por todas as pessoas, que se mostravam entusiasmadas pela idéia da conta cultura. Sentimos que os empresários estão absolutamente dispostos a investir nesse processo".
A conta cultura trabalhará unicamente com projetos artísticos que foram aprovados pela Lei Rouanet. Isso porque a Secretaria da Cultura concentrará os recursos liberados pelo marketing das empresas às atividades culturais e fará o repasse para os candidatos. Essa intermediação democratiza a lei de incentivo, segundo a secretária: "Hoje em dia só capta quem tem cacife, e quem tem cacife teoricamente não precisa dessa captação".
A primeira leva de projetos que chegou à Secretaria da Cultura foi de quase uma centena. A maior parte coube a Curitiba. Numa análise prévia sobre esse material diversos pedidos foram deixados de lado, seja porque fugiam completamente às normas estabelecidas, ou então pelos valores superfaturados. Ainda assim "o recurso é pequeno" para atender a todos, reconheceu Monica.
Ela comentou também que a lista de empresas para participarem do café da manhã no Palácio do Governo, poderia ser bem mais extensa, no entanto preferiu concentrar em algumas, sem seguir um critério rígido na escolha. "Achamos que um evento muito grande podia ser confuso", disse. A partir deste, espera realizar outros, além de manter contatos pessoais. "Todas entrarão numa mídia institucional que é muito bacana", adiantou.
Grandes corporações do interior não foram incluídas nesta primeira reunião em favor da conta cultura, como a Sadia, de Toledo. "Tenho certeza que ela será uma de nossas parceiras", afirmou a secretária. Lembrou ainda da Klabin, de Telêmaco Borba. "São diversas, mas é preciso ir por etapas. Queremos, inclusive, firmar parcerias fora da Lei Rouanet".
A crise financeira que assola o País, não necessariamente apenas o Paraná, talvez seja uma das causas de mudança de mentalidade do empresariado nacional. "Daqui para a frente o Estado vai poder, cada vez menos, aportar recursos em grandes projetos de cultura", antevê Mônica. Como uma resposta a essa realidade a iniciativa privada está despertando para a necessidade de valorização da cultura como um bem social. A manifestação de apoio notada nesta semana pela categoria não seria a mesma alguns anos atrás. "As pessoas estão mudando para melhor seu pensamento, sua visão", salientou.