Funciona assim, na televisão por assinatura: quando todos os canais estão imprestáveis, o que aliás é muito comum, aponte o controle para os bichos. É infalível. Eles nunca se repetem, e com máxima boa vontade, embora muitas vezes em situações adversas, oferecem ação, aventura, romance, humor, sexo, violência. Adrenalina sem contra-indicações. Tudo natural, sem computador, sem nenhum efeito como aditivo sensacionalista. Eles vão salvar seu dia ou sua noite. Animal Planet, National Geographic. Às vezes até um Globo Repórter ajuda.
O mesmo procedimento vale para os cinemas. Você pode zapear quando encontrar estréias velhas, repetitivas e sem graça. Hoje, por exemplo. Experimente dirijir o seu controle de qualidade em direção ao 'O Planeta Branco', o documentário francês em lançamento no circuito local. Em 86 minutos, em metros de tela em vez de polegadas, o centro das atenções são os bichos do território ártico fazendo o que sabem e o que podem para sobreviver segundo o imutável ciclo das estações. Eu disse imutável?
Bem, este filme realizado em 2006 não trata explicitamente disso, dessas transformações que estão alterando o melhor ângulo da Terra, não faz denúncia como outros, não entra propriamente nos limites da polêmica. Os limites aqui são outros, aqueles da vastidão dominada por espécies que cumprem há milênios seus rituais de nascimento, vida, multiplicação e morte. É como se sutilmente eles sugerissem em coro: ''Vejam como as coisas já são naturalmente difíceis para nós, não há porque dificultar ainda mais, e de resto mais ajuda quem não atrapalha...''. Assim, não há porque duvidar que estaremos perdidos sem eles.
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Os diretores Thierry Ragobert e Thierry Piantanida, à frente de numerosa equipe de fotógrafos e editores franceses, não inventam e mostram a coisa real onde ela de fato ocorre. Com texto original legendado, o narrador deste maravilhoso cotidiano de ursos polares, raposas do ártico, exércitos de caribus, focas, baleias, bisões e o unicórnio narval, entre outros, é Jean-Louis Etienne, um pioneiro no Pólo Norte. Nada do que é dito é abertamente didático ou se sobrepõe às imagens de maneira redundante.
Não há indicação clara onde os fatos acontecem, se na Groenlândia, Alaska ou Sibéria. Importa é que o filme milagrosamente flui com beleza e dignidade, sempre embalado pela trilha musical de Bruno Coulais, o mesmo de ''A Voz do Coração''. (C.E.L.J.)
Serviço: 'O Planeta Branco' está em cartaz no no Cine Com-Tour/UEL a partir desta sexta-feira (13). As exibições seguem até a próxima quinta-feira (19), diariamente às 20h30. O telefone é (43) 3327-0432. De sábado a quinta os ingressos custam R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (meia). Às sextas, preço único, R$ 4,00.