O filme "Alta Fidelidade", que está em cartaz em Curitiba, conta a história de um homem que tem mais cuidado com os LPs do que com sua vida amorosa. Exagero? Nem tanto. Pelo menos não para os apaixonados por vinil. "Fazemos loucuras para adquirir um LP antigo", confessa o presidente do Clube do Vinil, Andreus Jardel Simões.
Criado em Curitiba há menos de dois meses, o clube já conta com cerca de 40 colecionadores cadastrados. A meta para 2001 é ultrapassar os 100. Nas tardes de sábado, eles se reúnem na sede da loja "Discos Antigos", da qual Simões é gerente. O objetivo é trocar, comprar e vender LPs, além de conversar sobre o assunto. "Nas reuniões, já falamos muito sobre o filme "Alta Fidelidade", que é ótimo", conta ele.
A idéia de criar o Clube do Vinil surgiu a partir da constatação de que a procura pelos LPs estão crescendo acentuadamente. "Para cada 15 CDs que são vendidos na loja, saem 500 LPs", diz. Nas prateleiras, há mais de oito mil títulos em vinil a disposição dos aficcionados.
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Com preços que variam de R$ 1,00 a R$ 1 mil, os discos satisfazem a todos os gostos e estilos. Entre os mais caros está por exemplo "J.K. em Serenata", de 1968, que traz faixas com a voz do ex-presidente Juscelino Kubitschek, entoando belas serenatas. "Este disco custaria R$ 1 mil, mas não está à venda", explica o presidente do clube.
Outras raridades que podem ser encontradas na "Discos Antigos" são gravações originais de Sérgio Murilo, Demétrius e Norma Bengell. A primeira gravação de Hebe Camargo, de 1957, também faz parte do acervo. Segundo Simões, tal LP vale aproximadamente R$ 250,00, mas não há interesse em vendê-lo.
Sem nenhum fim lucrativo, o Clube do Vinil não cobra taxas de mensalidade ou adesão. A única exigência para ingressar é ser um colecionador convicto, apaixonado por vinil. Simões, que tem um acervo particular com quase cinco mil títulos, conta que já fez muitas loucuras para comprar seus discos. Um dos mais preciosos que possui, em sua opinião, é o da banda Box Tops, que fez sucesso nos anos 60.
Quando as raridades não estão disponíveis no Brasil, os colecionadores não se importam em viajar ao exterior para consegui-los. Em outubro, Simões e os donos da "Discos Antigos" foram a Nova Iorque e trouxeram mais de 400 LPs. Uma nova viagem acontecerá agora em fevereiro.
Entre as muitas vantagens do vinil em relação ao CD, os colecionadores destacam os encartes, que são verdadeiras obras de arte, e o próprio som. "Além de ser mais fácil localizar a música por faixa, a qualidade do som é muito superior, já que a saída de grave é melhor", diz. "É exatamente por isso que os DJs preferem trabalhar com o vinil".
Uma curiosidade que muitos músicos iniciantes desconhecem é a possibilidade de ouvir um disco a 16 rotações por minuto para aprender a tocar uma música. Basta deixar a vitrola na posição lenta e imitar os acordes. "Na hora de tocar para os amigos, é só aumentar uma oitava".
Desde 1995 que os LPs não são mais fabricados no Brasil. A era dos CDs, entretanto, não acabou com o culto ao disco de vinil. Na Europa, Canadá e Estados Unidos algumas gravadoras estão fabricando edições limitadas de discos em vinil para audiófilos que não se adaptaram ao CD.
Interessados em ingressar no Clube do Vinil devem procurar a sede da "Discos Antigos", na Rua Ébano Pereira, 164, loja 3, fone 41-222-3907, e-mail [email protected]