Marlene Dietrich, com seu rosto anguloso, de maçãs salientes, olhos fundos e um mortal olhar de desdém, teve o mundo aos seus pés a partir de 1930, quando chegou às telas "Anjo Azul". A cena do cabaré, onde ela exibe a perfeição das incomparáveis pernas, iria varar a imaginação das gerações seguintes. A atriz que ficou para a história como um dos mitos do cinema, protagoniza a partir do dia 11, às 19 horas, uma importante exposição fotográfica em sua homenagem, no Museu da Imagem e do Som, em Curitiba. Permanece até 12 de janeiro de 2001.
Promovida pelo Instituto Goethe, Secretaria da Cultura e Museu da Imagem e do Som, a mostra "Marlene Dietrich - Fotografias de uma Lenda" fecha o ano com chave de ouro. Em 38 fotos de grandes dimensões - 50 cm x 60 cm - estão sintetizadas diversas fases da vida da atriz, desde a infância (que ela fazia questão de deixar num limbo nebuloso), passando por cenas de seus primeiros filmes ainda na Alemanha, até os cintilantes dias de glória em Hollywood. Paralelamente à exposição, o museu preparou ainda uma semana de filmes de Dietrich (ver box).
Nascida em Berlim, no dia 27 de dezembro de 1901, filha de Louis Erich Otto Dietrich, um oficial prussiano, e Elisabeth Josephine, recebeu o nome de Marie Magdalene. Ingressa no teatro quando jovem, sendo dirigida por Max Reinhardt. Participa de diversos filmes, mas o estrelato viria pelas mãos do diretor Joseph von Sternberg, que a transforma em Lola, a personagem fatal de "Anjo Azul".
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A Paramount transformou-a em sua estrela, e mantendo a parceria com o diretor, lançou ao mundo "Marrocos", "Desonrada", "O Expresso de Shangai", "A Vênus Loira", "A Imperatriz Escarlate" e "Mulher Satânica". A dobradinha chegou ao fim, mas a atriz tinha pela frente um longo caminho a percorrer. Aliás, a obra mais marcante de sua carreira, viria a acontecer em 1957, sob a direção der Billy Wilder, "Testemunha de Acusação".
Mentiras e mitos cercam a vida da artista que nos anos 30 foi alçada à condição de rival de Greta Garbo. Apesar do glamour e pompa que a cercavam, os problemas existiam. Um deles: a tensa disputa com Hitler que ofereceu cachês milionários para que ela voltasse à Alemanha, e naturalmente servisse à causa nazista. Marlene, notória personalidade contrária ao regime, não aceitou nenhum dos convites vindos de sua terra.
Em resposta à rebeldia da artista, seus filmes foram banidos daquele país. Em troca, durante a guerra, Marlene foi aos campos de batalha cantar para as tropas americanas, entre 1944 e 45, espalhadas pela Europa e África. Nos anos 50 passou a se apresentar em cabarés de luxo, aumentando ainda mais sua fortuna.
A morte chegou quando repousava em seu apartamento, em Paris, no dia 6 de maio de 1992, em plena primavera. Por ironia, no dia seguinte teria a abertura do 45º Festival de Cinema de Cannes - e ela havia sido escolhida para ser a homenageada.
"Marlene Dietrich - Fotografias de uma Lenda". Exposição fotográfica reune 38 fotos nos tamanhos 50cm x 60cm, enfocando diversas fases da vida da estrela. Abertura dia 11, às 19 horas, no Museu da Imagem e do Som. Permanece até 12 de janeiro de 2001. Visitação pública de segunda a sexta-feira das 9h às 12h e das 14h às 18h. A mostra cinematográfica acontece de 12 a 16 de dezembro, sempre às 19 horas, com entrada franca. O MIS fica na Rua Barão do Rio Branco, 395, fone 232-9113.
O mito
Um dia após a inauguração da mostra "Marlene Dietrich - Fotografias de uma Lenda", terá início a série de filmes que traz de volta a atriz alemã. As sessões acontecerão às 19 horas, com entrada franca.
Dia 12: "Anjo Azul", de Josef von Sternberg (1930). Com este trabalho o nome de Marlene Dietrich tornou-se mundialmente conhecido. Ela é uma cantora de cabaré que, no jogo de sedução, judia de jovens estudantes. Um velho professor (Emil Jannings) dirige-se ao cabaré para criticá-la, mas é enredado pelo fascínio da moça. Perde a lucidez e se torna um apaixonado patético.
Dia 13: "Expresso de Shangai", de Josef von Sternberg (1932). Com Clive Brook e Anna May Wong, conta as aventuras de uma bela mulher que depois de reencontrar seu antigo amor, durante viagem de trem para Shangai, enfrenta rebeldes chantagistas. O filme levou o Oscar de Fotografia desse ano.
Dia 14: "Vênus Loira", de Josef von Sternberg (1933). Cantora de um café alemão, se envolve com um americano. No elenco estão Herbert Marshall e Cary Grant.
Dia 15: "Testemunha de Acusação", de Billy Wilder (1957). Este é considerado o filme onde Dietrich tem seu maior desempenho na tela. Adaptado da peça homônima de Agatha Christie, traz as boas interpretações de Tyrone Power, Charles Laughton e Elsa Lanchester. A fotografia sugestiva de Russel Harlan contribui para o clima de suspense e tensão que envolvem a trama.
Dia 16: "Marlene", de Maximilian Schell (1984). Neste documentário rodado em 16mm o diretor conseguiu um feito inédito: tirar da artista confissões de sua vida, num desnudamento que jamais acontecera. Pelos relatos que faz de si mesma, a atriz desenha-se como uma pessoa de difícil convivência. Com cenas de filmes estrelados por ela no passado - o último foi "Just a Gigolo", em 1975 -, "Marlene" coloca lado a lado o mito e o humano.