Os últimos 20 anos da carreira do pintor catalão Joan Miró (1893-1983) poderão ser apreciados até o dia 6 de fevereiro, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, com entrada franca.
A exposição, que foi aberta no dia 7 de dezembro, traz mais de 200 telas com a marca inconfundível de Miró: traços fortes que destacam o azul, o vermelho, o amarelo e o preto, quase que um contraponto às cores primárias que soube usar com exuberância. Mas também há telas ''limpas'', apenas com traços finos na cor grafite.
Fica a dúvida se era intenção do pintor concluir a obra, ou provocar a imaginação do espectator, que pode assim brincar mentalmente de colocar as cores que melhor lhe convier nos espaços em branco. Coisas de um espanhol surpreendente que antes de encontrar o seu próprio estilo irreverente, diga-se de passagem provou que era capaz de seguir com perfeição o caminho dos artistas realistas, mas optou pela originalidade.
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É interessante também notar os títulos que Miró dava às suas telas. Aparentemente, em nada se assemelham ao que se observa na obra, mas instigam o espectador a 'exercitar' o olhar para o que não é óbvio. Um exemplo é o quadro ''A morte de um poeta'' que, à primeira vista, poderia nos remeter à figura de um bebê enrolado em uma manta, mas, pelo título, quer provocar uma outra releitura.
A diversidade das técnicas também impressiona: litografia, metal, ponta-seca, água-forte, além de pôsteres e ilustrações pertencentes ao acervo da Galerie Lelong de Paris a seleção foi realizada em parceria com o diretor da galeria, Jean de Frémon. É a primeira vez que é exibida de forma abrangente, aqui no Brasil, a extraordinária obra gráfica de Joan Miró.
A exposição, que tem curadoria de Fábio Magalhães e projeto cenográfico de Pedro Mendes da Rocha e ocupa duas grandes salas do Instituto Tomie Ohtake , também exibe um vídeo com o pintor em plena atividade ao som de música flamenca.
Vale a pena observar o seu processo de criação e do quanto eram pensadas as suas atuações em que ''pintava com os dedos'' ação tão típica das crianças e que foi motivo de algumas críticas que recebeu.
Ao olhar para a dimensão do papel ao chão, uma mente criativa que não cabia na figura franzina e tímida de Miró, que muitas vezes utilizava de uma pequena escada para observar as suas obras com um pouco mais de distanciamento, talvez até da realidade extremamente racional, que muitas vezes não consegue ver nas suas cores primárias o reflexo de uma genialidade.
Serviço:
''Mirabolante Miró'', em São Paulo
Local: Instituto Tomie Ohtake
Endereço: Av. Faria Lima, 201
Telefone: (11) 2245-1900
Data: até 06 de fevereiro de 2006
Horários: das 11 às 20 horas (fecha na segunda-feira)
Entrada franca