O artista plástico Roy Lichtenstein (1923–1997) foi, na década de 60, um dos ícones da arte que discutiu a cultura de massa e o universo imagético norte-americanos.
A exposição "Vida Animada – Desenhos de Roy Lichtenstein", apresentada pelo Museu Oscar Niemeyer, propõe um mergulho na obra do artista, apontado entre os principais nomes da Pop Arte, no século 20. Esta é a sua primeira individual que está sendo apresentada no País e na América do Sul, com curadoria de Lisa Phillips, diretora do New Museum of Contemporary Art, em Nova York.
A exposição, organizada e idealizada por Nessia Leonzini, reúne 78 trabalhos procedentes de coleções particulares, entre desenhos e colagens, que oferecem um panorama de mais de 35 anos da trajetória do artista, e que também nos ajudam a desvendar algumas das engenhosas superfícies de suas telas.
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Segundo a curadora Lisa Phillips, o desenho foi sempre o núcleo da estética e o ponto de partida da arte de Lichtenstein, tendo em vista o seu estilo baseado no cartum. Ele produziu mais de 5 mil desenhos no decorrer dos 50 anos de sua carreira, sendo que todas as suas pinturas e esculturas partiram de algum desenho.
Atrás de uma linguagem aparentemente banal, na qual se apropria da estética de histórias em quadrinhos e de temas clichês provenientes do universo da comunicação de massa, Lichtenstein esconde um sutil e complexo pensamento conceitual.
"A partir de imagens vulgares e banais, extraídas de cartuns, história em quadrinhos e anúncios publicitários, Lichtenstein demonstrou que as imagens veiculadas pelos canais de comunicação em massa são meticulosamente produzidas com a finalidade de esvaziar o pensamento, rebaixar a leitura e a escrita, transformar a fala numa forma de expressão repleta de gírias e balbucios sem sentido", declara o crítico de arte Agnaldo Farias.
Segundo ele, Lichtenstein, "com seu olhar raio-x", reproduz friamente cenas do cotidiano e produtos de consumo, sublinhando o impacto dessas imagens nas nossas vidas e como elas, e graças a elas, nossos comportamentos, nossas emoções, nossos principais dramas "são tão previsíveis quanto o roteiro de um desses dramalhões que os canais de tevê nos oferecem diariamente".
Roy Lichtenstein não apenas usava o desenho na preparação de obras maiores, como também via o desenho como uma linguagem abstrata de signos. Segundo a curadora da mostra, ele transformou a linguagem do fazer imagens, o tema de sua arte, em algo análogo às suas fontes populares, contestando com humor e ironia o próprio conceito da arte na era da reprodução em massa.
"É uma maneira de descrever meus pensamentos o mais rápido possível", dizia ele sobre seus desenhos. Pensamentos que eram freqüentemente sobre a história da arte, como demonstra esta exposição que traz diferentes períodos da produção do artista, da década de 60 a 90. "Em suas cópias e cartuns, ele retomou gêneros tradicionais como paisagem, natureza-morta e figura, reanimando e revivendo estes temas acadêmicos tradicionais no vocabulário moderno", explica Lisa Phillips.
O artista faz parte de uma geração que reagiu ao expressionismo abstrato, movimento voltado a temas míticos e à expressão individual, para abarcar o mundo comum, o dia-a-dia, o cotidiano. Com isso, esta geração, que reunia gigantes como Andy Warhol, Claes Oldenburg, James Rosenquist e Tom Wesselmann, celebrava a paisagem sem emoção dos produtos de consumo, extraindo uma diferente dimensão da psique americana. "Suas imagens eram tão emblemáticas da cultura americana, quanto a afirmação existencial do ser e do espírito tinham sido no expressionismo abstrato", comenta a curadora.
Sobre Lichtenstein
Roy Lichtenstein nasceu em 27 de outubro de 1923, em Nova York. Estudou com o pintor Reginald Marsh na Arts Student League, em Nova York em 1940, e no mesmo ano com Hoyt Sherman na School of Fine Arts, na Ohio State University, Columbus.
Serviu no exército entre 1943 e 1946 e completou o mestrado em artes visuais em 1949. Realizou, em 1951, a sua primeira exposição individual na Carebach Gallery, Nova York, e em 1962 mostrava, pela primeira vez, o seu trabalho na Leo Castelli Gallery, de Nova York.
Ao longo de sua carreira, Roy Lichtenstein recebeu muitos títulos honoríficos. Em 1979 foi convidado a tornar-se membro da Academia Americana de Artes e Letras, em Nova York, e em 1995 ganhou a Medalha Nacional das Artes, em Washington, DC.
Foi agraciado com o titulo de Doutor honorário pela George Washington University, em Washington, DC, pelo Califórnia Institute of Fine Arts em Valencia, Califórnia e pelo Royal College of Art, Kensington Gore, em Londres, entre outros.
A obra de Roy Lichtenstein foi amplamente apresentada em instituições públicas no mundo todo. Participou da IX Bienal de São Paulo (1967), 33a. e da 57a. Bienal de Veneza (1966 e 1997) e da Whitney Biennial (1991). Em 1966, o Cleveland Museum of Art apresenta a primeira retrospectiva da obra de Roy Lichtenstein. Em 1967, o Stedelijk Museum organiza a primeira retrospectiva na Europa que é, em seguida, apresentada na Tate Gallery, de Londres, constituindo a primeira exposição deste museu dedicada a um artista americano vivo.
Em 1969 foi realizada a primeira retrospectiva de pinturas e esculturas no Guggenheim Museum em Nova York. Em 1987, o MoMA, de Nova York, realiza a primeira grande retrospectiva de desenhos de Roy Lichtenstein, a primeira de um artista vivo apresentada neste museu. Outra grande retrospectiva itinerante foi inaugurada em 1994, no Guggenheim de Nova York, três anos antes da morte do artista, em 30 de setembro de 1997.
Serviço:
"Vida Animada – Desenhos de Roy Lichtenstein"
Abertura para convidados: 01 de dezembro, às 19h30
Aberta ao público: de 02 de dezembro até 05 de março de 2006
Local: Museu Oscar Niemeyer
Endereço: Rua Marechal Hermes, 999 - Centro Cívico
Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h
Preços: R$ 4,00 adultos e R$ 2,00 estudantes identificados (Crianças de até 12 anos, maiores de 60 e grupos de estudantes de escolas públicas pré-agendados não pagam)
Telefone: (41) 3350-4400
site: www.museuoscarniemeyer.org.br
Patrocinadores: Sanepar
Apoios: Governo do Paraná, Ministério da Cultura (Lei Rouanet), Petrobras e Clearchannel