A abertura oficial da Copa do Mundo da África do Sul foi marcada nesta quinta-feira por shows, discursos, política e, sobretudo, pela alegria dos sul-africanos que compareceram ao Orlando Stadium, incrustado no bairro Soweto, em Johannesburgo. Os 36 mil espectadores vibraram com as apresentações de Shakira e Black Eyed Peas e com a homenagem a Nelson Mandela, feita por Desmond Tutu, arcebispo da Cidade do Cabo que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1984.
Eterno líder da África do Sul, Mandela não pôde comparecer pessoalmente ao evento. Aos 91 anos e com a saúde debilitada, suas aparições daqui em diante serão cada vez mais raras. No entanto, o símbolo do fim do apartheid é aguardado na partida inaugural, na sexta-feira, ainda que por apenas alguns minutos.
Pela primeira vez no continente africano, a Copa do Mundo contou com uma cerimônia de abertura na véspera do jogo inaugural, algo inédito na história dos Mundiais. A organização temia estragos no gramado do Estádio Soccer City, que receberá a partida entre a seleção anfitriã e o México, às 11 horas desta sexta. Às 15h30, também pelo Grupo A, o Uruguai vai encarar a França, no Estádio Green Point, na Cidade do Cabo.
A cerimônia desta quinta começou pontualmente às 20 horas (15 horas de Brasília). Tambores tribais abriram o evento com ritmos e cores variados no palco. Em seguida, a jovem revelação local Lira empolgou o público ao lado do trompetista Hugh Masekela.
Outros artistas sul-africanos ainda se apresentaram. Mas a plateia foi mesmo ao delírio com o pop dos americanos Black Eyed Peas e Alicia Keys, que também se apresentou ao piano. A dançante "Waka waka - Time for Africa", da colombiana Shakira encerrou a festa em grande estilo.
A cerimônia se concentrou nos shows musicais, em detrimento de fogos de artifícios e outros efeitos pirotécnicos, como aconteceu na abertura da última Olimpíada, em 2008. O Brasil foi representado no palco pelo ex-jogador Sócrates, e pela bandeira da seleção que acenou na mão do cantor Will.i.am, do Black Eyed Peas, enquanto cantava "Wavin'' Flags", a música que promete embalar toda a Copa.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, deu o tom oficial ao evento. "Futebol não é só um jogo. Futebol conecta as pessoas", declarou. "E, claro, futebol tem tudo a ver com música. Estou muito feliz por estar em Soweto", completou. O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, foi além e pediu que seu povo demonstrasse "todo esse calor até eles [os visitantes] deixarem a África".
"A África está mostrando ao mundo que tem a capacidade de lidar com qualquer assunto do mundo. Estamos muito feliz em realizar a Copa 2010. Gostaríamos de agradecer a Fifa por ter tomado a decisão de ter trazido a Copa para cá", disse Zuma.
Contudo, foi o arcebispo Desmond Tutu, de 78 anos, quem roubou a cena. O Prêmio Nobel da Paz de 1984, que é companheiro de Mandela desde os tempos da segregação racial, emocionou a todos ao contar a sua história sem perder a alegria do momento e o gingado.
Empolgado pela abertura do evento, Tutu falou de improvisação e animou o público. "Sejam bem vindos à África sagrada. Antes de falar quem estará na final (risos)... acho que temos que fazer uma homenagem ao homem a que devemos tudo isso. Ele está em Johanesburgo e se todos nós gritarmos bem alto, ele poderá ouvir: viva Nelson Madiba Mandela!", puxou o coro.