A invasão de mais de 100 torcedores ao CT do Corinthians no último sábado provocou pânico e revolta entre os jogadores não só do clube alvinegro como também dos rivais. Liderados pelo Bom Senso FC e com apoio do Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo, os jogadores se articulam para entrar em greve e paralisar o Campeonato Paulista no fim de semana.
Os corintianos não queriam entrar em campo já diante da Ponte Preta, no último domingo, mas, por pressão da Federação Paulista de Futebol (FPF) e da TV Globo, aceitaram jogar. Os atletas, então, passaram a estudar a possibilidade de não enfrentar o Bragantino, nesta quarta-feira, no Pacaembu. Como não haveria tempo hábil de mobilizar os jogadores das outras 19 equipes que participam do Estadual, chegou-se à conclusão que o melhor seria jogar no meio de semana e iniciar a greve no fim de semana.
Desde sábado, os jogadores do Corinthians passaram a receber ameaças por telefone. Como três celulares foram roubados durante a invasão, os vândalos conseguiram os números dos principais atletas do elenco e começaram a disparar mensagens cobrando empenho em campo e até a saída de alguns nomes como Alexandre Pato, Emerson e Douglas.
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O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, já foi acionado para que o serviço de inteligência da Polícia Civil tente localizar os torcedores que estão ameaçando os atletas.
Os líderes do movimento pela greve são Paulo André (Corinthians), Edu Dracena (Santos) e Fernando Prass (Palmeiras). O trio faz parte do comando do Bom Senso FC e desde o ano passado ensaia uma greve geral. A pauta de reivindicações do grupo era basicamente por mudanças no calendário e pelo Fair Play Financeiro dos clubes. Não satisfeita com as propostas feitas pela CBF, a união de atletas se programou para fazer greve em janeiro e atrasar o início dos Estaduais, mas a avaliação interna foi que isso poderia prejudicar as equipes menores.
Ficou acertado, então, que o Bom Senso FC decretaria greve apenas no Campeonato Brasileiro. A invasão ao CT do Corinthians, porém, fez o grupo antecipar o movimento. "Os jogadores estão apavorados e com medo de sair de sair de casa", revelou Rinaldo Martorelli, presidente do sindicato. "Já preparamos toda a documentação para dar suporte jurídico aos atletas e estamos preparados para entrar em greve. A hora é agora. Não dá mais para continuar assim".
MEDO DE PUNIÇÃO - Se apenas os atletas do Corinthians entrassem em greve - hipótese que começou a discutida no último sábado -, o clube correria risco de ser excluído do Campeonato Paulista e rebaixado para a Série A2. Havia também a possibilidade de os patrocinadores romperem seus contratos com o clube alvinegro por causa da falta de exposição de suas marcas. Com a greve geral, a avaliação dos atletas é que nenhum clube será punido.
Se decretada nesse fim de semana, a paralisação não tem prazo para acabar. A ideia é que os jogadores só voltem ao trabalho quando os clubes e a polícia garantirem que os atletas estarão seguros.