A valentia do Atlético de Madrid mais uma vez atingiu níveis inesperados. Em uma Liga dos Campeões dominada por grandes estrelas e futebol vistoso dos mais ricos clubes do mundo, o time espanhol eliminou simplesmente o Barcelona e, agora, o Bayern de Munique para voltar à decisão do torneio, a segunda nos últimos três anos. Na Alemanha, em uma verdadeira batalha, perdeu para o Bayern por 2 a 1 nesta terça-feira, resultado suficiente para garantir sua classificação.
Foi um jogo daqueles para ficar na memória de quem gosta de futebol. O Bayern dominou completamente o primeiro tempo, abriu o placar e poderia ter feito o segundo se Thomas Müller não perdesse pênalti. Na etapa final, o Atlético, bem ao seu estilo, aproveitou um raro contra-ataque para empatar. Lewandowski recolocou os bávaros em vantagem e o pênalti perdido por Fernando Torres fez com que a pressão durasse até o apito final, só para deixar a classificação ainda mais chorada, ao estilo dos comandados de Diego Simeone.
O técnico argentino, aliás, é o grande responsável por esta classificação. Mesmo com recursos limitados, colocou seu espírito guerreiro em um clube que se afirma entre os grandes a cada ano. Prova disso é a segunda final de Liga dos Campeões alcançada em três anos. Se em 2013/2014 perdeu na prorrogação para o Real Madrid, agora espera quem passar do confronto entre o próprio Real e o Manchester City para conhecer seu adversário na decisão que acontecerá no dia 28 de maio, em Milão, quando brigará por seu primeiro título do torneio na história.
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Por outro lado, ficou a decepção do lado bávaro no encerramento do trabalho de Pep Guardiola por lá, já que ele está acertado com o Manchester City para a próxima temporada. Se em âmbito nacional o técnico teve sucesso e deve confirmar seu terceiro título alemão este ano, na Liga dos Campeões, caiu três vezes consecutivas nas semifinais.
O JOGO - Como era de se esperar, pelas características das equipes e pelo resultado do primeiro jogo, o Bayern dominou completamente as ações nos primeiros minutos. Ficou com a bola no campo do adversário, muitas vezes atacando com 10 jogadores, e não deixou o Atlético trocar sequer dois ou três passes. Só que o time alemão demorou para criar oportunidades.
O primeiro momento de perigo aconteceu aos 19 minutos, e o primeiro gol quase saiu. Até o zagueiro Boateng foi ao ataque e deu lançamento perfeito para Müller, que ajeitou para Lewandowski. O polonês perdeu um pouco o ângulo, mas conseguiu finalizar. Oblak, esperto, bloqueou.
Foi o início de uma blitz ofensiva do Bayern. Aos 23 minutos, Ribery arriscou de longe, Oblak soltou e Lewandowski mandou para fora no rebote. Mais três minutos, e desta vez foi Lahm quem assustou, em chute da direita após rebatida da defesa, que passou perto da trave.
Até que aos 30 minutos, o time alemão abriu o placar. Alaba sofreu falta quase na meia-lua, Xabi Alonso bateu firme, quase rasteiro, no canto do goleiro. No meio do caminho, a bola desviou em Giménez e matou Oblak.
Giménez definitivamente viraria vilão três minutos mais tarde, se não fosse Oblak. O zagueiro uruguaio cometeu pênalti infantil em Xavi Martínez, ao segurar o espanhol na área após cruzamento da esquerda. Só que na cobrança, Thomas Müller escolheu o canto direito do goleiro, que caiu no tempo certo para espalmar e salvar o segundo.
O pênalti perdido amenizou um pouco o clima em campo, mas não fora dele, onde o técnico Diego Simeone se engalfinhava com o banco do Bayern. Os números no intervalo davam conta do imenso domínio dos alemães: 276 passes completos dos bávaros contra 51, 73% de posse de bola contra 27%, 17 chutes contra somente dois.
Mas a vantagem no placar era mínima, qualquer erro do Bayern poderia ser fatal, e ele aconteceu logo aos oito minutos do segundo tempo. Na primeira vez que o time alemão deu espaço para o sonhado contra-ataque espanhol, foi fatal. Griezmann ajeitou de cabeça para Fernando Torres e disparou. O espanhol acionou com velocidade o francês, que teve o tempo e o espaço necessários para escolher o canto, deslocar Neuer e empatar.
O gol mudou o panorama da partida. A pressão vinda das arquibancadas diminuiu, o Atlético ganhou confiança e o jogo ficou do jeito que os comandados de Simeone gostam. Até os contra-ataques se tornaram mais perigosos e em mais um deles, Juanfran arriscou da entrada da área aos 15 minutos, com muito perigo.
O Bayern demorou para assimilar o gol e só voltou a assustar aos 24, quando Lewandowski recebeu de Vidal e bateu de primeira para nova defesa de Oblak. O time alemão voltava a se animar e marcaria o segundo pouco depois. Aos 28 minutos, Alaba foi à linha de fundo e cruzou na cabeça de Vidal, que ajeitou para Lewandowski finalizar sozinho, na pequena área.
Mais uma vez, o estádio virou um caldeirão. A torcida inflamou, o Bayern foi para cima e voltou a pressionar com todo o time no ataque. Só que abriu espaço novamente para um contra-ataque perfeito do Atlético aos 38 minutos. Torres recebeu pela esquerda, arrancou e foi derrubado com carrinho fora da área por Javi Martínez, mas o árbitro marcou pênalti. O próprio espanhol foi para a cobrança e desta vez Neuer se agigantou para espalmar.
Nesta gangorra de emoções, novamente o Bayern estava por cima, mas ainda precisava do terceiro gol para buscar a classificação, com pouco tempo no relógio. Era mais uma vez momento de pressão e Alaba quase se tornou herói aos 42, em chute de fora da área que ainda desviou antes de parar em nova defesa de Oblak. Somente com o apito final, os espanhóis puderam de fato comemorar.