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Clubes brasileiros apostam nos fan tokens para fortalecer cofres

Luciano Trindade - Folhapress
20 out 2021 às 13:00
- Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Ainda sob os efeitos das perdas econômicas causadas pela pandemia do novo coronavírus, os clubes brasileiros têm procurado novas fontes de receita. Uma alternativa encontrada por Corinthians, Atlético-MG, Flamengo e São Paulo são os fan tokens, uma espécie de título digital que permite interações diretas com os torcedores, por meio de votações, fóruns e promoções.


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A novidade começou a ser explorada no futebol em 2019, pela Juventus (ITA), mas só ganhou maior repercussão recentemente, quando Lionel Messi aceitou receber parte das luvas pelo contrato celebrado com o Paris Saint-Germain (FRA) no formato do criptoativo. Uma estratégia do clube francês para atrair a atenção para seu novo produto.

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Na ocasião do anúncio oficial da contratação, em agosto, o token do time dobrou seu valor: de US$ 29 (R$ 159) foi para US$ 58 (R$ 319). A valorização se deve à flutuação que ocorre no mercado, no qual os detentores desses ativos podem revendê-los. Como cada time tem um número limitado de títulos, o efeito da lei da oferta e da procura impacta no preço.

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Nesta terça-feira (19), o Flamengo fará o lançamento de sua primeira leva de tokens, em uma parceria com a empresa Socios.com, que também atua com outras 70 entidades esportivas, entre as quais estão o Corinthians, o Atlético-MG e o São Paulo, assim como os europeus PSG (FRA), Juventus (ITA) e Barcelona (ESP).


Em sua primeira FTO (sigla em inglês que significa oferta de fan token), o clube rubro-negro vai colocar no mercado 1,5 milhão de criptoativos, com valor fixo de US$ 2 cada (R$ 11 na cotação atual).

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"Se vender tudo, serão 3 milhões de dólares (R$ 16 milhões). O clube fica com metade do valor líquido, tirando os custos de taxas e impostos", pontua o vice-presidente de comunicação e marketing do Flamengo, Gustavo Oliveira.


Segundo o dirigente, o contrato com a Sócios.com é de 4 anos e meio. Novos lançamentos de FTO estão previstos, mas o clube não informou a quantidade, nem quando devem ocorrer.

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Oliveira demonstra confiança na nova fonte de receita devido à expansão dela em todo o mundo. Além de gigantes europeus, equipes de basquete e da F1 também estão no catálogo da empresa fundada em Malta, em 2018.


O Corinthians e o Atlético-MG foram os primeiros a lançar seus criptoativos no mercado brasileiro, no fim de agosto. Ambos os clubes ofertaram 850 mil títulos cada um. Cada leva gerou um valor de US$ 1,7 milhão. Assim como no caso do Flamengo, os clube embolsaram 50% (R$ 4,68 milhões).

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O time paulista prevê a emissão de 20 milhões de tokens ao longo do acordo com a Sócios.com. A equipe mineira estima lançar 10 milhões. O São Paulo, que recentemente anunciou a parceria com a empresa de Malta, ainda não confirmou quando fará sua primeira FTO. O Botafogo também deverá entrar no mercado até o fim do ano.


Recentemente, a CBF lançou criptoativos da seleção brasileira. A entidade ofertou 30 milhões de tokens e arrecadou R$ 91 milhões. No caso da confederação, a venda foi feita pela empresa turca Bitci.

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O detentores de tokens também poderão vender seus ativos no mercado secundário. No Brasil, a maior plataforma de negociação desses títulos é o Mercado Bitcoin. Uma pequena porcentagem dessas transações é destinada aos clubes, em valores que variam de acordo com os contratos.


"Quando tem a oferta inicial, já tem o preço fixo determinado. Já quando os tokens estiverem no mercado secundário, o detentor poderá vender pelo preço que ele acreditar que será vendido. Se vai vender ou não é uma questão de oferta e demanda", comenta Bruno Milanello, executivo de novos negócios do Mercado Bitcoin.

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Especialistas como Milanello, contudo, alertam que os tokens não devem ser vistos como investimentos apesar da possibilidade de valorização.


A quantidade do criptoativo pode dar mais benefícios ao seu proprietário, como maior poder de voto, por exemplo.


Por outro lado, há alguns riscos, como o fim do contrato entre um clube e a empresa, o que faria o token não ter mais valor, ou o time deixar de fazer votações.


Vale destacar que a essência do ativo é oferecer experiências e estreitar a relação dos clubes com seus torcedores, além de atrair possíveis novos fãs.


"Quando o Corinthians fez o lançamento do fan token, por exemplo, 67% das pessoas que compraram eram de fora do país. Podem ser brasileiros ou não, mas moram fora", aponta o executivo.


Uma das primeiras ações do Corinthians envolvendo donos de fan tokens foi uma enquete para determinar quem deveria ser homenageado com um busto no Parque São Jorge: Gylmar dos Santos Neves, Basílio e Ronaldo Fenômeno eram os candidatos.


"Pela história no Corinthians, o Gylmar e, principalmente, o Basílio, poderiam ter ganhado. Mas o Ronaldo venceu com uma boa porcentagem por se tratar de um ex-jogador com expressividade internacional", diz Milanello, que acredita ter sido uma escolha em grande parte daqueles que vivem fora do país.


Exemplos como esse mostram a importância do uso dos fan tokens para gerar maior engajamento com o torcedor. "O sucesso de tudo isso depende muito de como o clube vai saber explorá-lo. Não é simplesmente o surgimento do fan token que vai modificar um clube. Quem vai guiar os clubes são os profissionais, além da capacidade de gestão", afirma Bruno Maia, especialista em inovação e novos negócios na indústria do esporte e CEO da Feel The Match, empresa de geração de negócios esportivos.


"A conexão com o torcedor não é fácil. Pode parecer fácil porque o torcedor é fiel, ele não troca de time. Mas o token traz uma sensação de pertencimento. Ele vai poder dar opinião em algo que o clube vai fazer, por exemplo", acrescenta Renê Salviano, da agência de marketing esportivo HeatMap.

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