A distribuição do dinheiro para os clubes no Campeonato Brasileiro mudou nesta temporada por causa da entrada da Turner na concorrência pela transmissão dos jogos na TV fechada. A disputa com a Rede Globo, de uma maneira geral, beneficiou as 20 equipes da primeira divisão, que devem faturar mais do que nas edições anteriores.
As emissoras pagarão um total de R$ 1,26 bilhão pela competição. A Globo distribuirá cerca de R$ 1,1 bilhão (R$ 500 milhões na TV fechada), que será repartido em três vezes: 40% pagos no começo do torneio e divididos igualmente entre os 13 clubes que assinaram com ela; 30% por exibição das partidas e 30% por performance nas 38 rodadas.
A Turner distribuirá cerca de R$ 160 milhões (somente na TV fechada) de modo semelhante, mas com porcentagens diferentes. São 50% para os sete times que fecharam com ela igualitariamente; 25% por exibição nos canais e 25% por colocação.
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A Turner entrou para a briga com uma proposta inicial maior em relação ao que havia sido pago pela emissora rival no ano anterior na TV fechada. Para não perder o domínio das transmissões, a Globo mudou sua estratégia, que até então privilegiava Flamengo e Corinthians com receitas maiores. A emissora também tirou uma fatia do dinheiro previsto para pagamento da TV aberta e aumentou o valor na TV fechada.
O Estado entrou em contato com a Globo no início da semana, mas até a publicação desta matéria não teve retorno sobre o novo formato. A Turner respondeu sem dar detalhes das cláusulas gerais e informou apenas que tem os direitos de transmissão de 42 jogos da Brasileirão.
FLUXO DE CAIXA - O Campeonato Brasileiro possibilitou aos clubes ter três tipos de contrato com as emissoras. Dos 20 que estão na disputa, 19 fecharam com a Globo para a transmissão das partidas na TV aberta - só o Palmeiras não assinou ainda. O time de Felipão e o Athletico-PR são os únicos que não fecharam para os canais pay-per-view, que também é da Globo.
Na TV fechada, só haverá transmissão de 52% dos jogos da disputa porque a cobertura contempla partidas entre adversários que estejam no mesmo contrato. Na atual edição, 13 times fecharam com a Globo e sete com a Turner - são eles Bahia, Ceará, Fortaleza, Inter, Santos, Athletico-PR e Palmeiras.
O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, gostou da mudança, mas alertou que os clubes tiveram de alterar o fluxo de caixa. No contrato anterior, eles recebiam o montante da TV com valor fixo e dividido em 12 parcelas, ou seja, desde janeiro. Agora, o primeiro pagamento só cairá na conta em maio.
"Acho a mudança positiva. É um avanço o fato de os clubes poderem negociar. Mas também tem de ser visto com precaução. Há clubes que poderão ganhar mais do que no ano passado, mas também pode acontecer o contrário", diz o gremista.
O presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, não gostou da nova forma de distribuição. "Os clubes do Brasil, de certa forma, foram penalizados. A distribuição igualitária ocorria nos primeiros meses do ano, com a maior fatia da premiação sendo distribuída no fim do torneio. Então, o que vemos é que a grande maioria terá uma dificuldade maior com o fluxo de caixa nos primeiros meses do ano", diz.
Campeão da Série B, o Fortaleza é um dos clubes com os jogos transmitidos pela Turner. Seu presidente, Marcelo Paz, lamentou ter fechado o acordo muito cedo. "Nosso contrato é o pior entre os sete da Turner. Não posso dar detalhes, mas na divisão final vamos levar a pior", disse. A diferença é que os rivais teriam barganhado valores maiores de luvas.