Futebol

Comissão de Ética reconhece assédio e eleva punição de presidente da CBF

21 set 2021 às 12:31

Depois de não ter reconhecido assédio nas ações de Rogério Caboclo com uma funcionária da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), a Comissão de Ética da entidade reviu sua posição na segunda-feira (20) e decidiu aumentar a punição de afastamento do presidente de 15 para 21 meses.


A informação foi publicada inicialmente pelo UOL e confirmada pela Folha.


O presidente foi acusado por sua secretária de assédio moral e sexual e foi afastado do cargo em 6 de junho. Inicialmente, no entanto, a comissão entendeu comente que ele havia uma "conduta inapropriada" e o suspendeu por 15 meses do comando da entidade.


Essa decisão inicial abria espaço para que Caboclo retornasse ao cargo ainda durante o seu mandato, que acaba apenas em abril de 2023. Com a nova punição, descontando o tempo já cumprido desde o início do afastamento, o mandatário regressará a um mês do fim de sua gestão. Nesta segunda-feira (20), a comissão mudou seu entendimento e interpretou que houve, sim, violação do artigo da CBF que trata sobre assédio sexual e moral.


A alteração veio um dia depois de o Fantástico levar ao ar entrevista com a funcionária. No programa da Rede Globo, exibido no último domingo (19), ela confirmou as acusações feitas e falou sobre o impacto do assédio na sua vida: "Uma dor que não acaba. É uma dor que hora nenhuma sai de mim".


"Minha depressão chegou a um nível que eu pensei: vou morrer. No dia seguinte, achava que não seria tão ruim, precisava do emprego. Só que eu chegava [à CBF] e era pior", disse em trecho do depoimento.


A Comissão de Ética, formada por Carlos Renato de Azevedo Ferreira, Amilar Alves e Marco Aurélio Klein, afirma, em documento obtido pela Folha, que a mudança de postura se deu após pedido de revisão por parte da secretária.


"Reconheço provadas as imputadas notícias de infrações éticas de assédio sexual e moral cometidas [por Rogério Caboclo]", diz trecho da argumentação de Ferreira.


Para que tenha validade, a decisão precisa ser ratificada pela Assembleia Geral da CBF (composta pelas 27 federações estaduais de futebol).


Procurada pela Folha, a CBF afirmou que não vai se manifestar. Já a defesa e a assessoria de Caboclo não retornaram os contatos da reportagem.


Em áudios gravados por essa funcionária, divulgados pelo Fantástico em julho, e que culminaram no seu afastamento, é possível ouvir o cartola questionando se ela se masturbava e se tinha um romance com outro empregado da instituição.


O mandatário também é investigado pela Comissão de Ética em outros dois processos. Um por assédio moral e sexual e outro por assédio moral.


Caboclo acredita que sua retirada da presidência seja resultado de uma sequência de ações orquestradas por Marco Polo Del Nero nos bastidores. O ex-mandatário da entidade, banido do futebol após escândalo de corrupção em 2015, ainda é figura muito influente na CBF.

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