A organização da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, ainda deve pelo menos R$ 340 mil a sete empresas contratadas para prestar serviços durante o evento realizado há mais de três anos no País. Esta é soma dos valores de nove protestos registrados em cinco cartórios diferentes em São Paulo e Rio que ainda estão em aberto, portanto, sem solução ou pagamento.
Os calotes incluem serviços de limpeza, segurança, transporte de encomendas e até a contratação de atores e atrizes para a abertura e encerramento da competição. Das empresas que tiveram o prejuízo, uma fechou as portas no início deste ano.
"Assinamos o contrato para prestação do serviço e simplesmente não recebemos pelo trabalho que fizemos", reclama a representante comercial Luzia Miranda Dias, da WPW Prevenção.
A empresa deixou de receber quase R$ 14,5 mil referentes às duas parcelas finais do combinado por fornecer equipamentos e brigada de incêndio na abertura e no encerramento do torneio. O débito ainda está em aberto.
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Representantes da firma dizem não ter havido nenhum tipo de explicação para a falta do pagamento. O mesmo ocorreu com a empresária Dayane Felipe da Silva, sócia da Time Serviços Especializados. A empresa cobra R$ 30 mil do Comitê Organizador da Copa por fornecer carregadores e ajudantes gerais para a festa no Itaquerão, onde o Brasil estreou com a Croácia.
"A perspectiva de trabalhar no evento foi importante para nós. Achamos que seria uma revolução dentro da empresa e chegamos até a fazer empréstimos para poder custear tudo", conta Dayane, que estima prejuízo de quase o dobro do valor não recebido por causa de despesas com transporte, refeição, uniforme e juros do mercado.
Tanto a Time quanto a WPW e outras empresas que levaram calote foram contratadas de forma terceirizada pela agência Team Spirit, que prestou serviço ao Comitê Organizador Local da Copa do Mundo (COL), órgão ligado à Fifa, para a organização dos eventos durante a competição. Algumas das reclamantes dizem ter sido orientadas pela agência a emitirem notas fiscais diretamente ao COL.
Um empresário que preferiu não se identificar disse ao Estado ter entrado em contato com o Comitê logo que a pendenga foi registrada em um cartório de protesto de títulos. Segundo ele, o órgão informou ter feito o repasse dos recursos para a agência e que, por isso, já não poderia se responsabilizar pelo pagamento do serviço prestado no Mundial.
Outro representante de empresa localizado pela reportagem, Eduardo Pontes, da Wartung Serviços de Limpeza, contou ter entrado em acordo para resolver o débito, mas negou informações adicionais, alegando a existência de cláusula contratual de confidencialidade. Ainda não houve outros acordos.
Nos registros da Receita Federal, a Team Spirit aparece ativa, mas seus contatos redirecionam para o escritório de contabilidade Balboa, em São Paulo, que confirmou já ter tido a Team Spirit como cliente, mas nega qualquer relação com a empresa atualmente. O então presidente da Team Spirit, Alan Cimerman, é funcionário do departamento de marketing do São Paulo. Procurado pelo Estado, ele não se manifestou. Ele fechou a empresa e demitiu os funcionários.