Quem imaginava que o Náutico seria o menos importante dos figurantes das últimas rodadas do Brasileirão estava completamente enganado. De rebaixado, o clube virou protagonista do que pode ser uma revolução no futebol brasileiro depois de os jogadores entrarem em conflito com a diretoria por conta do atraso no pagamento de salários.
Já no fim da noite de quinta-feira, quase madrugada adentro, o Bom Senso FC reagiu à posição da diretoria do Náutico e prometeu paralisar o Campeonato Brasileiro "IMEDIATAMENTE(grafado em letras maiúsculas pelo grupo) caso exista alguma tentativa de retaliação aos atletas e o não pagamento da dívida".
A crise surgiu porque, após o treino de quinta-feira no Náutico, o capitão do grupo, o jogador Martinez (ex-Palmeiras e Corinthians) liderou os atletas alvirrubros em entrevista coletiva e revelou a falta de pagamento de salários a atletas que estão no departamento médico do clube. Todos os jogadores do Náutico se reuniram no protesto.
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"Jogadores machucavam e não recebiam. Muitos até tentavam voltar antes para pagar as contas", disse Martinez, fazendo duras críticas à diretoria. "Vi que a presidência só culpava os jogadores, não é dessa maneira que funciona o futebol. Tivemos muitos problemas."
O volante não quis falar em greve, mas admitiu que, se os pagamentos não forem feitos até esta sexta-feira, o grupo pode estudar não entrar em campo domingo contra o Vasco. O problema é que o Náutico já avisou: não irá pagar a dívida.
"Deram o prazo para a direção fazer esse pagamento até amanhã (sexta-feira) e esse salário não vai ser pago amanhã porque o clube não tem condições no momento", disse, ao SporTV, o gerente de futebol do clube, o ex-jogador Lúcio Surubim, revelando que o Náutico promete pagar tudo entre 5 e 10 de dezembro.
Surubim, porém, admitiu que parte dos jogadores recebeu salários e outros não. "Demos preferência aos jogadores da casa. Não deu para pagar todo mundo. O presidente preferiu pagar alguns, mas o ideal seria pagar todo mundo", comentou Surubim. "Não precisa ser tão radical. Tantos clubes com dois meses, três meses atrasados", alegou o dirigente, que ainda defendeu o Bom Senso, criticando os "exorbitantes" salários pagos a jogadores e treinadores.
O Bom Senso, porém, promete agir caso uma solução não seja encontrada. "Os jogadores estão cobrando o justo e o que é devido pelo clube. Aguardamos soluções urgentes", escreveu o grupo, criticando "a repercussão interna e as ameaças públicas sofridas pelos profissionais".