Futebol

Corinthians dispensa metade dos reforços dos últimos 4 anos

23 jan 2020 às 08:06

O Corinthians apostou na quantidade nos últimos quatro anos. No período, contratar um total de 57 jogadores. Várias dessas apostas se mostraram fracassadas, e o clube emprestou 29 dos atletas que chegaram para as temporadas 2016, 2017, 2018 e 2019, o que representa 50,9%.

O alto índice de insucesso fez a diretoria mudar a estratégia para a temporada 2020. Alimentada pelo dinheiro do patrocinador, o Banco BMG, colocou suas fichas em poucos atletas, esperando acertar os tiros dados com mais cautela.


O volante Cantillo, 26, e o meia-atacante Luan, 26, adquiridos em negócios que totalizarão cerca de R$ 35 milhões, chegam para serem titulares. Assim como o lateral esquerdo Sidcley, 26, integrado à equipe por empréstimo.


A única aposta a longo prazo foi o atacante Matheus Davó, 20, por quem o clube topou pagar R$ 700 mil.


O número ainda poderá aumentar ao longo do ano, com eventuais movimentações de meio de temporada, porém já é clara a mudança na estratégia para a formação do elenco.


A primeira amostra dada por Luan, que se saiu bem nos amistosos de preparação nos Estados Unidos, aumentou a confiança no sucesso do novo plano de ação: contratar menos, mas com mais eficiência.


"Contratação boa é a que dá certo, e você só sabe disso depois. No ano passado, trouxemos muitos jogadores que foram elogiados pela torcida, pela imprensa, mas que infelizmente não conseguiram jogar. Trabalhamos para acertar mais", afirmou o diretor de futebol Duílio Monteiro Alves.


Houve uma mudança brusca em relação ao que vinha sendo executado desde o desmanche do elenco campeão brasileiro de 2015. De lá para cá, presidida por Roberto de Andrade (até 2017) ou Andrés Sanchez (desde 2018), a diretoria apostava no volume.


Foram 15 chegadas em 2016, 10 em 2017, 17 em 2018 e 14 em 2019. Os números não incluem atletas que retornaram de empréstimo ou garotos promovidos das categorias de base.


Houve acertos, mas o índice foi baixo. Também se registrou uma recorrência considerável de casos em os atletas foram usados poucas vezes.


Os atacantes Bruno Paulo e Bruno Xavier disputaram só um amistoso cada um. O volante Jean atuou em duas oportunidades. Os atacantes Sergio Díaz (4), Matheus Matias (4), André Luis (5) e Gustavo Mosquito (6) também estão na lista dos que mal vestiram a camisa do time.


Luidy nem entrou nessa lista. O atacante chegou ao Corinthians aos 20 anos, no início de 2017, e ficou três meses, sem entrar em campo. Foi emprestado para Figueirense, Ceará, São Bento e Londrina. Em 2020, ainda sob contrato com o clube do Parque São Jorge, defenderá o CRB.


A atividade alvinegra no mercado em 2016 ilustra o método que vinha sendo utilizado e seu resultado. Foram 15 reforços, dos quais 11 foram emprestados antes da conclusão de seus compromissos.


Eles tiveram variados graus de insucesso, mas, listados em ordem de posição no campo, todos os seguintes jogadores foram cedidos pelo clube: Douglas Friedrich, Moisés, Jean, Camacho, Alan Mineiro, Giovanni Augusto, Guilherme, Marquinhos Gabriel, Marlone, Bruno Paulo e Gustavo.


Gustavo ainda voltou após dois anos de múltiplas experiências em outras equipes, mostrou o suficiente para ganhar um novo contrato e, assim como Camacho, está no elenco corintiano em 2020. Os demais atletas não conseguiram convencer o clube a lhes dar outra chance.


A safra de 2016 tem ainda o zagueiro Vilson, que cumpriu seu contrato jogando pouco, por problemas físicos, antes de se tornar dirigente; o centroavante André, vendido ao Sporting depois de deixar má impressão; e o volante Willians, que chegou por empréstimo e foi afastado permanentemente antes do fim do compromisso estabelecido.


Há na turma só um caso de sucesso, o zagueiro Balbuena, que engrenou após um ano ruim e se tornou peça importante nas conquistas de 2017. Mas o fato de que a direção só não procurou ativamente se desfazer de 1 dos 15 reforços daquele ano dá uma boa amostra do problema que o Corinthians agora tenta evitar.


É um problema caro. No momento em que se chega à conclusão de que um atleta não rendeu o esperado e deve ser cedido a outro clube, ele sofre desvalorização, e o jeito de minimizar o prejuízo é muitas vezes emprestá-lo pagando parte dos salários.


Em média, cada reforço do clube nos últimos quatro anos permaneceu por 13 meses, disputando 40 jogos. O número subirá, já que parte dos contratados em 2019 continua, mas os dirigentes esperam que as parcerias iniciadas em 2020 sejam mais longas.


Com o recém-chegado Luan escalado, o time iniciará na noite desta quinta (23) sua campanha no Campeonato Paulista, contra o Botafogo-SP. A partida está marcada para as 21h30, em Itaquera.


CORINTHIANS


Cássio; Fagner, Pedro Henrique, Gil e Lucas Pitón; Camacho, Richard e Luan; Ramiro, Janderson e Boselli.


T.: Tiago Nunes


BOTAFOGO-SP


Darley; Caíque Sá, Reginaldo, Didi e Gílson; Willian Oliveira, Ferreira, Murilo Oliveira, Rafinha e Diego Cardoso; Gustavo Henrique. T.: Moacir Júnior


Estádio: Itaquerão, São Paulo (SP)


Horário: 21h30 desta quinta-feira

Árbitro: Luiz Flavio de Oliveira


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