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Investigação...

Delator gravou encontros sobre a Copa de 2014 e informou o FBI

Agência Estado
16 jun 2015 às 13:20

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- Reprodução
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O delator do escândalo de corrupção na Fifa, Chuck Blazer, foi o informante do FBI durante o auge da preparação do Brasil para a Copa do Mundo de 2014 e repassou para a Justiça norte-americana detalhes de como o Mundial estava sendo preparado e seus contratos, inclusive dando detalhes sobre alguns dos principais atores do processo.

O americano, que fechou um acordo com a Justiça do seu país para gravar e informar o que ocorria dentro da Fifa, era membro do Comitê Organizador da Copa do Mundo e, em 2012 e 2013, revelou à reportagem detalhes dos encontros que se referiam às escolhas de sedes do Mundial, desafios enfrentados pelos brasileiros e os embates entre a Fifa e CBF.

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Epicentro do escândalo de corrupção que abalou o futebol, Blazer aceitou colaborar com a Justiça ainda em dezembro de 2011 na esperança de ver sua pena reduzida. Até maio de 2013, quando seria expulso da Fifa, o americano repassou informações para o FBI. No total, ele pode ter gravado potencialmente 18 reuniões do Comitê Executivo da Fifa, uma espécie de governo do futebol e que se reúne em Zurique em uma sala onde os sinais de celulares são bloqueados para evitar que informações sejam vazadas.

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Blazer tinha, porém, um gravador introduzido em seu molho de chaves, que era sempre colocado sobre as mesas de reunião.

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Seu acordo de delação premiada foi publicado na última segunda-feira, num acordo fechado em 25 de novembro de 2013. No dia seguinte, Blazer admitiria sua culpa em relação a dez crimes, entre eles evasão fiscal e lavagem de dinheiro. Na esperança de reduzir sua pena que chegaria a 75 anos,o americano aceitou fornecer informação sobre os encontros que ia aos promotores federais.


Pelo acordo, Blazer concordava "em participar de forma secreta de atividades que tivessem a instrução específica dos agentes da Justiça". Ele ainda se comprometia a não revelar seu status de colaborador. Entre dezembro de 2011 e 2013, ele assinou um total de 19 acordos com o governo americano para colaborar em coleta de dados.

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Oficialmente, o documento não especifica quais informações Blazer coletou. Mas a reportagem foi informada que ela incluiu o esquema de corrupção nas Copas de 1998 e 2010, propinas pagas em dezenas de acordos comerciais e contratos de transmissão e de marketing para torneios oficiais. Em troca, a Justiça indicou que não iria recomendar uma pena, que poderia chegar a 75 anos de prisão.


As escutas começariam no final de 2011 e acabariam se concentrando principalmente na gestão de José Maria Marin e Marco Polo Del Nero no comando da CBF.

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Entre 2012 e 2013, a preparação para a Copa viveria seus momentos mais tensos, com a definição do calendário e um embate sobre uma série de pontos: preços de ingressos, autorização para venda de bebidas, indefinições sobre a conclusão de estádios e a explosão de acordos comerciais.


Questionado se os detalhes sobre o Brasil foram repassados para os investigadores, uma fonte que trabalha com o processo nos Estados Unidos garantiu: "Tudo foi passado para nós. Esse era o acordo".

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Há duas semanas, o jornal O Estado de S. Paulo revelou com exclusividade que os contatos entre Ricardo Teixeira, ex-presidente do Comitê Organizador Local da Copa, e Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, estão sob exame do FBI.


Blazer sabia exatamente o que ocorria no Brasil. A reportagem esteve em diversas ocasiões com o americano no bar do hotel Baur au Lac e o delator chegou a contar detalhes dos embates entre a Fifa e a CBF, inclusive sobre a situação de cada estádio e o que estava em jogo.

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Em diversas ocasiões, ele antecipou informações sobre o que a Fifa pretendia fazer com o Maracanã e outras sedes. Durante um encontro da Fifa em Budapeste, o americano ainda revelou à reportagem que havia oferecido um contrato a Ricardo Teixeira para que pudesse prestar consultoria na área de segurança para a Copa do Mundo.


PROPINAS - No acordo, Blazer admitiu que recebeu um total de US$ 11 milhões em propinas e que deixou de pagar impostos no valor de US$ 1,9 milhão apenas no que se refere ao suborno recebido pelos votos da Copa de 1998 e 2010.

Ele também participou de esquemas de vendas ilegais de ingressos em 1994 e 2002 e dezenas de contratos de vendas de direitos sobre eventos. Blazer também concordou em pagar multas avaliadas em US$ 2,5 milhões.


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