A seleção brasileira chegou a Berlim na tarde desta segunda-feira causando emoção e desapontamento em seus torcedores. Cansado depois da viagem iniciada logo após a vitória contra a Bolívia, no Morumbi, o time de Parreira deixou de ver de perto a animada recepção que o esperava na porta do aeroporto alemão.
''Estamos esperando nossos ídolos aqui por mais de duas horas, mas eles saíram pela porta de trás'', reclamou a carioca Zélia Lehmann, 42 anos, casada com alemão que conheceu no Brasil e que mora em Berlim há 13 anos. ''Eu queria ter visto o Ronaldinho'', choramingava seu filho Caio, de dois anos de idade.
A cena se repetiria diante do luxuoso hotel Ritz-Carlton, quando alguns felizardos ainda conseguiram bater os olhos nos seus ídolos. E foi só. Nada porém, que afaste a torcida da colônia brasileira das arquibancadas no amistoso de quarta-feira contra a seleção alemã.
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''Eles vão querer tirar a forra da Copa do Mundo, mas nós vamos estar lá dando a maior força'', dizia Sandra Utz, de 40 anos bem cuidados, dançarina de profissão e auto-declarada ''negra e Flamengo de coração''.
E o técnico Carlos Alberto Parreira também acha que valerá a pena o torcedor brasileiro em Berlim se esforçar para assistir ao jogo. ''É o replay da final da Copa de 2002 e, quem sabe, uma prévia da final da Copa de 2006'', disse o treinador, afirmando que o que estará em jogo nessa partida será o prestígio de duas grandes seleções. O que não é pouco.
''A Alemanha está fazendo um trabalho de renovação, mas tem tradição de chegada e acredito que é favorita para estar na final da próxima Copa, ainda mais jogando em casa'', disse Parreira. ''Conheço o Klismann (o técnico alemão) há bastante tempo e sei que ele tem carisma e experiência para levar esse time até 2006''.
Para o lateral Roberto Carlos, os alemães devem ir se preparando para uma outra decepção diante da seleção brasileira.
''Eles estão loucos para ganhar da gente, mas esse jogo pode ser amistoso para eles, porque para a gente não é não. A coisa é pra valer'', disse o jogador do Real Madrid, que ainda não se esqueceu da calorosa recepção dos torcedores paulistas à seleção brasileira na vitória por 3 a 1 contra a Bolívia.
''Agora no Brasil inteiro a gente só encontra coisa boa quando a gente passa'', disse.
Para o amistoso de amanhã, Parreira ainda não decidiu se manterá a mesma equipe que atuou domingo pelas Eliminatórias. Além dos que viajaram, o treinador poderá contar com Diego e Juan, que se juntaram ao grupo ontem à tarde. Os dois ficaram fora da última partida por contusão, mas estão liberados pelos médicos.
Em campo A escalação será decidida no treino de hoje à tarde, no estádio do Hertha Berlim. Quanto à possibilidade de manter a dupla Ronaldo e Adriano no ataque, o técnico não mostrou muita firmeza.
''É uma formação que tem de ser melhor testada, mas é sempre uma opção de jogo'', disse Parreira, afirmando que na partida contra a Bolívia o time foi muito bem no primeiro tempo e criou muitas chances de ampliar o placar no segundo tempo.
Aliás, para o técnico da seleção brasileira, foi Ronaldo, que fez 1 a 0 logo aos 40 segundos de partida, quem ''mudou a cara do jogo''. ''É mesmo um predestinado'', elogiou Parreira, que já se candidatou a ser padrinho do casamento do Fenômeno com Daniella Cicarelli.