Odílio Rodrigues, ex-presidente do Santos, concedeu um depoimento de quase quatro horas como investigado no processo aberto pela Justiça espanhola para apurar suspeitas de corrupção na transferência de Neymar para o Barcelona em 2013. O dirigente foi ouvido em Santos, no prédio da Justiça Federal, na tarde desta quarta-feira, por meio de carta rogatória, um instrumento de cooperação internacional. Na entrada, feita pela porta principal, o dirigente não se pronunciou; na saída, utilizou uma saída lateral do prédio localizado no centro de Santos. Os advogados também não quiseram dar declarações.
Acompanhado por quatro advogados, o ex-presidente falou por quase quatro horas por videoconferência ao juiz José de la Mata, da Audiência Nacional espanhola. Os advogados solicitaram que o depoimento fosse dado em sigilo de Justiça. Odílio respondeu a todas as perguntas.
O processo está na fase de instrução. Ou seja, de ouvir os depoimentos das testemunhas. O Ministério Público da Espanha enviou pedido de ajuda à Procuradoria-Geral da República para realizar os depoimentos dos investigados que se encontram no Brasil. Os pais de Neymar e o próprio jogador foram ouvidos na Espanha no dia 2 de fevereiro. Neymar pai e Nadine haviam sido intimados para depor no Brasil, mas os advogados argumentaram que apenas um depoimento seria suficiente - o argumento foi aceito pelas autoridades espanholas.
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A Justiça espanhola investiga corrupção, fraude e simulação de contratos na transferência do jogador do Santos para o Barcelona em 2013. Neymar é apenas testemunha no processo, que envolve apenas Santos e Barcelona.
Em maio de 2013, o Barcelona anunciou ter desembolsado 59,1 milhões de euros para contratar o jogador. A partir de uma ação do Grupo DIS, detentor de 40% dos direitos federativos de Neymar quando ele atuava no Santos, o Ministério Público da Espanha investigou a transação e descobriu que o negócio foi feito por valores superiores, da ordem de 86,2 milhões de euros (cerca de R$ 392 milhões).
O Barcelona teria tentado driblar a Receita da Espanha ao parcelar os valores e realizar os pagamentos em diversas empresas em contratos de prestação de serviços. O crime, relativamente novo na Espanha, envolve corrupção entre particulares.
O processo na Espanha é composto por uma ação cível e outra criminal. Na criminal, os envolvidos podem ser condenados de três a oito anos de prisão. Na cível, a DIS cobra 40% de todo o valor apurado, que poderia chegar a 32 milhões de euros (aproximadamente R$ 140 milhões).