A polêmica envolvendo os preços de ingressos do Campeonato Carioca e a localização das torcidas no Maracanã não para de crescer. Nesta terça-feira, o Fluminense publicou uma nota recheada de ironias em que afirma que a Federação de Futebol do Rio (Ferj) pretende "instaurar o Ato Institucional número 5 no futebol carioca", numa clara referência à ditadura militar. O documento foi assinado em conjunto com Flamengo e Consórcio Maracanã.
A nota vem menos de 24 horas após a federação transferir o jogo de estreia do Fluminense para Volta Redonda. Na segunda-feira, a Ferj justificou a mudança alegando que o presidente do clube tricolor não cumpre "as normas desportivas e as decisões dos órgãos colegiados a que está subordinado", além de afirmar que "a direção do estádio do Maracanã está pretendendo interferir no Campeonato Estadual sem nenhuma competência para tal."
A resposta foi direta. Com o título "Falou, tá falado!", o comunicado publicado nesta terça no site do Fluminense afirma que "em respeito aos patrocinadores e detentores dos direitos de transmissão da competição" o clube não irá se opor a jogar em outros estádios, "apesar de entender que tal medida trará enormes prejuízos de visibilidade e na parte técnica ao Estadual".
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Além das respostas diretas, a nota do clube também abusou da ironia. "Como fundador da Federação e pioneiro no profissionalismo no futebol carioca, o Fluminense cumprirá a decisão de uma entidade tão gabaritada, que organiza, atualmente, a melhor competição do futebol brasileiro. Afinal, o Campeonato Carioca tem, há alguns anos, as melhores médias de público registradas no país", cita trecho do comunicado. Em 2014, o Carioca teve em média apenas 2.828 torcedores por jogo.
"Embora a Federação pretenda instaurar o Ato Institucional número 5 no futebol carioca, não será o Fluminense Football Club o 'subversivo' desta competição. Não é e nunca será este o nosso papel. Ao Fluminense sempre coube a vanguarda, no melhor sentido da palavra. Lembremos Chico Buarque: 'Hoje você é quem manda, falou tá falado, não tem discussão'", continua o comunicado.
A rusga iniciou há cerca de duas semanas, quando o Conselho Arbitral, que reuniu representantes de todos os clubes da primeira divisão do Estado, definiu tabelamento de preços para os jogos do Carioca. O encontro também estabeleceu que os clássicos do Estadual serão sem mandantes, o que pode ajudar o Vasco a pleitear o lado direito das tribunas do Maracanã, que por contrato - firmado entre Fluminense e Consórcio Maracanã - é de uso da torcida tricolor.
IMPASSE - Para tentar resolver o imbróglio, o presidente da Ferj, Rubens Lopes, convocou os presidentes de Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo para uma reunião na próxima sexta-feira. Mas a chance dos dirigentes chegarem a um acordo é mínima.
Isso porque o presidente do Vasco, Eurico Miranda, já afirmou que não abre mão de ocupar o lado sul do Maracanã - aquele cedido ao Fluminense - e foi um dos idealizadores do tabelamento de preços. Fluminense, Flamengo e Consórcio Maracanã são contrários. Todos alegam inviabilidade financeira de abrir o principal estádio do Rio a preços baixos, além de prejuízo no programa de sócios torcedores.
"A concessionária praticará o que está previsto em seus contratos com cada clube. No caso do Flamengo, os preços devem ser definidos em comum acordo entre as partes. No caso do Fluminense, cabe à concessionária a definição dos valores dos ingressos para os setores Leste e Oeste", informou o Consórcio Maracanã.
"Notificamos oficialmente os clubes quanto à impossibilidade de realização de jogos sem a devida segurança jurídica decorrente da 'meia-entrada universal'. Cumpriremos estritamente nossos contratos com os clubes e temos certeza de que Flamengo e Fluminense também farão o mesmo."