O ex-árbitro e comentarista esportivo Oscar Roberto Godói, de 55 anos, ainda tem dificuldades para falar por causa de uma bala alojada em seu pescoço. Mas, na última terça-feira, afirmou em entrevista por telefone ao Jornal da Tarde: "Eu não reagi ao assalto". Vítima de uma tentativa de roubo em Perdizes, zona oeste, no último dia 16, ele levou três tiros. O primeiro atingiu sua barriga de raspão, um perfurou o pulmão e outro, o pescoço. Ele ficou na UTI do Hospital das Clínicas até segunda-feira, quando foi transferido para um quarto e já respira sem ajuda de aparelhos.
Godói disse que pretendia se render, mas foi surpreendido pelo criminoso. Ele ergueu as mãos, em sinal de que não dificultaria o roubo. Em seguida, tentou entregar as chaves do carro ao bandido. Com a voz rouca e fraca e a respiração ainda ofegante, o ex-árbitro explicou o que fez. "Falei para o ladrão que as chaves estavam no bolso de trás da minha calça." Ao virar o corpo de lado para o criminoso, na tentativa de mostrar que pegaria as chaves na calça, Godói levou o primeiro tiro, que o atingiu de raspão na barriga. O ex-árbitro percebeu que poderia ser assassinado nesse momento e por isso tentou impedir o bandido de feri-lo.
Câmeras do circuito interno de um prédio da Rua Diana mostraram vítima e assaltante em luta corporal. Depois, as imagens registram Godói caído enquanto o criminoso fugia correndo. A polícia conseguiu mais imagens de câmeras na região e passou todo o final de semana levantando identidade de ladrões de carros que atuam naquela área. O delegado Marco Aurélio Batista, titular da delegacia que investiga o crime, traçou o perfil de ladrões de carro de Perdizes e sabe que, na maioria das vezes, não agem sozinhos. Godói informou que a arma usada pelo bandido era um revólver calibre 38.
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Crime
Faltava pouco para as 22h da última quarta-feira. Godói estava atrasado para uma reunião com colegas ligados ao esporte. Como não havia vagas para estacionar o carro, o ex-árbitro chegou a dar uma volta no quarteirão com seu Honda Civic preto. Depois, parou na Rua Diana, andou cerca de oito metros e foi atacado.
A polícia não descarta a possibilidade de Godói ter sido seguido pelo criminoso no quarteirão. "A região tem muitos prédios. A rua fica cheia de carros e pessoas à procura de vagas chamam atenção", analisou o delegado. Policiais do 23.º DP (Perdizes) aguardam que os médicos deem alta ao ex-árbitro para que ele possa ajudar na elaboração de retrato falado feito em computação gráfica. Confiante na recuperação, Godói garantiu: "Está tudo bem!".