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Guardiola volta à fonte de suas ideias em busca de evolução no City

- Reprodução/Instagram/@mancity
Bruno Rodrigues - Folhapress
16 jun 2020 às 15:11
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Quem convive de forma mais próxima com Pep Guardiola ouve frequentemente explicações sobre conceitos de jogo que começam assim: "Como nos dizia Juanma...". Juanma é Juan Manuel Lillo, treinador espanhol de 54 anos que chegou ao Manchester City na semana passada para ser o novo assistente técnico de Guardiola.

Sem que houvesse uma janela de transferências durante a paralisação causada pela pandemia, a contratação do auxiliar foi a única mudança relevante que o clube inglês pôde anunciar para a volta da Premier League, retomada a partir desta quarta-feira (17). O City enfrenta em casa o Arsenal, às 16h15 (de Brasília), com transmissão da ESPN Brasil. Com 25 pontos de desvantagem para o líder Liverpool e dez jogos restantes, a conclusão do torneio nacional deverá ser uma formalidade no topo da tabela.

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A equipe, porém, segue viva nas oitavas de final da Champions League, que ainda não teve uma definição sobre seu retorno.
Nesse cenário, a chegada de Juanma Lillo a Manchester marca um reencontro ao mesmo tempo em que é uma novidade, já que ambos trabalharam juntos em determinado momento, mas nunca em uma mesma comissão técnica.

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Quando estava no fim de sua carreira como jogador, em 2005, Guardiola foi defender o Dorados de Sinaloa, do México. Além da vantajosa proposta financeira, ele tinha o plano de se tornar treinador e queria absorver conhecimentos do então técnico da equipe mexicana. Era Juanma, que em quase 30 anos de carreira nunca ganhou um título.

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Ainda assim, o espanhol forma, ao lado de Johan Cruyff, os dois pilares futebolísticos de Guardiola. Do holandês, seu técnico no Barcelona, ele extraiu como jogar bem e vencer a partir do protagonismo com a bola. Mas foi Juanma Lillo, considerado o principal teórico do jogo de posição, o grande responsável por transmitir ao catalão esse conceito de maneira didática.


Em linhas gerais, o jogo de posição se baseia no respeito às posições de cada jogador. Eles são responsáveis por criar, desde a saída na defesa, linhas de passe e superioridade numérica no setor onde está a bola, sem desocupar suas zonas de atuação.
Apenas no último terço do campo, já na fase de definir as jogadas, é que os atletas têm mais liberdade de movimentação e intuição.

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É um conceito que busca diminuir certo "anarquismo" do jogo e dá aos atletas ferramentas que, com o tempo e a repetição, vão sendo automatizadas. Para Guardiola, é a melhor forma de tirar a imprevisibilidade de uma partida e tentar acomodá-la, com seu estilo, ao objetivo de sempre: vencer.


No início de sua trajetória como técnico, quando assumiu o Barcelona em 2008, ele era um fundamentalista do jogo de posição. Prova disso ocorreu em uma partida da fase de grupos da Champions League. O francês Thierry Henry, que era ponta esquerda na equipe, decidiu trocar de lado e foi para a direita.

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"Eu fui tentar dar uma de esperto. Eu não tocava na bola havia alguns minutos, estavam se divertindo lá do outro lado e queria fazer parte disso também. Fui tabelar com Leo [Messi] e marquei um gol, 1 a 0 contra o Sporting. No intervalo, fui substituído. Quando Pep tem um plano, respeite o plano", disse Henry a uma TV inglesa anos atrás.


Em sua passagem pelo Bayern de Munique, Guardiola agregou características do futebol alemão ao seu plano de jogo, com um ataque mais direto e uma linha defensiva bastante adiantada, ocupando o campo do rival com jogadores que pudessem roubar a bola o mais distante possível do goleiro Manuel Neuer. Na Baviera, o catalão chegou, inclusive, a jogar com cinco atacantes, em um 2-3-5, uma formação que remete ao primitivo WM, esquema que revolucionou o futebol na década de 1930.

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Logo ele, que anteriormente dizia que só se deveria jogar com meio-campistas. Influência de Juanma Lillo, que sugeriu "inverter a pirâmide", num processo contrário à própria história de evolução do jogo. Contratado pelo Manchester City em 2016, Guardiola chegou à Inglaterra e se deparou com um futebol ainda mais direto que o alemão, repleto de lançamentos e jogo aéreo. Como ele próprio disse em sua primeira temporada, na qual não conquistou títulos, "a bola passa mais tempo no ar do que no chão", ou seja, deixa o jogo mais imprevisível.


Guardiola e o City, depois que os atletas passaram a entender melhor o jogo de posição, conseguiram domar essa imprevisibilidade nas duas temporadas seguintes, conquistando o bicampeonato da Premier League com sobras.
Agora, além da irregularidade da equipe nesta temporada, há de se tentar controlar um outro fator: o Liverpool de Jürgen Klopp, de campanha arrasadora.
Juanma Lillo o ajudará nessa obsessão de tentar controlar tudo. Esse Liverpool tem um time que está feito sob medida para enfrentar as equipes de Pep, tem um contra-ataque perfeito", afirma o jornalista Pol Ballus, que cobriu in loco as quatro temporadas do técnico na Inglaterra até aqui e é autor de um livro sobre o trabalho de Guardiola no país.

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"Guardiola também irá teorizar, se aprofundar ainda mais no estudo das equipes. Com Lillo, ele seguirá estudando tudo ao máximo, porque tem a sensação de que, se trabalha uma hora a mais que seu rival, já começa ganhando o jogo por 1 a 0. Vejo um Pep mais convencido que nunca de que pode fazer as coisas de sua maneira", afirma Ballus.


Somada a essa obsessão por tentar prever todos os cenários, há também uma questão mais prática na chegada de Lillo ao clube. Desde dezembro, com a saída de Mikel Arteta para comandar o Arsenal (seu adversário nesta terça), Guardiola estava sem assistente técnico. Em 2018, antes de Arteta tornar-se seu auxiliar direto, o catalão já havia perdido Domènec Torrent, que foi treinar o New York City e findou uma parceria de trabalho que já durava 11 anos.

Com Juanma Lillo, o comandante não terá somente sua fonte de inspiração ao lado. Também poderá dividir tarefas que sua comissão acabou acumulando principalmente nesta temporada. "Mais do que falando, Juanma é bom sobretudo treinando", diz Guardiola. Em vez de mudar drasticamente diante da derrota, ele volta à fonte original do seu conhecimento para tentar aperfeiçoar a ideia de como se deve jogar futebol. E vencer.


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