Governo e clubes europeus de um lado. Jogadores de outro. Este é o cenário da seleção de Togo, vítima de um covarde ataque na última sexta-feira, quando o ônibus da delegação foi metralhado por um grupo terrorista, em Cabinda, à caminho de Angola, sede da Copa Africana de Nações. Um impasse foi criado quando dirigentes pediram que o grupo abandonasse o torneio, antes mesmo deste começar. Os atletas se recusaram a deixar a competição após uma reunião, em um primeiro momento, mas acabaram cedendo à pressão, principalmente após a declaração de Rodrigues Mingas, líder do grupo separatista angolano, de que os ataques iriam continuar.
Emmanuel Adebayor, capitão da seleção de Togo, admitiu em entrevista publicada no jornal italiano La Gazzetta dello Sport, que a melhor alternativa mesmo era abandonar a Copa Africana.
"De fato tivemos uma reunião entre os jogadores e decidimos jogar. Seria bom para o nosso país e uma forma de homenagear aqueles que morreram no ataque", disse o capitão da seleção. "Mas infelizmente os nossos líderes tomaram uma decisão diferente e por isto deveríamos voltar para casa."
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A declaração foi o chamado 'balde de água fria' na intenção dos jogadores, de disputar a Copa Africana. "A decisão foi unânime", disse o meio-campista Alaixys Romao, ao jornal francês L'Equipe. Segundo o diário, equipe havia concordado em ficar no torneio angolano para o seu primeiro jogo do Grupo B contra Gana, na segunda-feira. "Pessoas morreram pela Copa Africana das Nações, outros ficaram feridos. Não podemos decepcioná-los e abandonar como covardes", completou.
No entanto, o governo de Togo se mostrou irredutível com relação à retirada de seus atletas de Angola, tomada horas depois do ataque ao ônibus. O primeiro-ministro Gilbert Fossoun Houngbo afirmou que qualquer um que pretenda representar o Togo nos gramados angolanos estará fazendo "uma falsa representação".
"A decisão do Governo não mudou. É pensada e firme, tomada na sexta-feira. Entendemos o ponto de vista dos jogadores, que querem honrar seus companheiros que morreram e ficaram feridos, mas seria irresponsável as autoridades permitirem que eles continuassem", continuou Houngbo, em declaração às agencias internacionais.
No sábado, o Manchester City publicou em seu site que o craque e capitão da equipe de Togo, Emmanuel Adebayor, já havia deixado inclusive deixado Angola, embora não se soubesse o destino do atleta, se retornaria ao país de origem ou se iria para a Inglaterra, para se reapresentar no time onde atua. No entanto, o jogador permaneceu em Angola e estava no grupo que decidiu, em um primeiro momento, contrariar as autoridades togolesas.
Outras pressões
Outros times da Inglaterra também fizeram pressão sobre seus atletas. O técnico do Hull City, Phil Brown, foi o primeiro a pedir a volta dos africanos que disputam o Campeonato Inglês, como é o caso de Seyi Olofinjana (Nigéria) e Daniel Cousin (Gabão), que defendem seu time.
Em declarações publicadas neste sábado pelo jornal britânico "The Sun", Brown diz que queria seus dois jogadores "novamente em casa".
O técnico do Aston Villa, Martin O'Neill, expressou seu choque perante o ocorrido e se disse aliviado que o meio-campo Moustapha Salifou, de Togo, não tenha ficado ferido no ataque.
"O clube esteve em contato com ele e nos assegurou que está bem, mas está em estado de choque e extremamente triste", comentou o treinador.
Até o momento, três mortes foram confirmadas: a do motorista, do assessor de imprensa e de um auxiliar-técnico. Os jogadores feridos no ataque foram Serge Akakpo e Hadkovic Obilalé.