Com um jogador a menos desde os 14 minutos do segundo tempo e jogando mal desde o início, o São Paulo ouvia pedidos de "raça" por parte da torcida. E o jogador mais raçudo do elenco atendeu. Numa jogada individual e num chute preciso, Lucas marcou a dois minutos do fim, decretou a vitória tricolor por 1 a 0 sobre o Coritiba no Morumbi, na noite desta quinta-feira, e deixou o clube paulista mais perto da final da Copa do Brasil.
Lucas teve que jogar sozinho no primeiro tempo, quando o meio-campo do São Paulo não funcionou. Na segunda etapa, quando as coisas melhoraram um pouco, Paulo Miranda foi expulso. Mesmo com um a menos, o time da casa seguiu perigoso, Luis Fabiano ficou perto de marcar duas vezes, mas foi Lucas mesmo quem, mais uma vez, decidiu. Agora o São Paulo joga por um empate ou por uma derrota por um gol de saldo, desde que marcando gols, no jogo de volta, quarta-feira que vem, em Curitiba.
Após falhar na semifinal do Paulistão contra o Santos, Paulo Miranda foi barrado pela diretoria, perdeu os dois jogos contra a Ponte nas oitavas da Copa do Brasil, mas ganhou nova chance de Emerson Leão. Marcou o gol da vitória sobre os reservas do Santos, domingo, pelo Brasileirão, e parecia ter dado a volta por cima. Agora, deve voltar a ser contestado e não joga na partida do Couto Pereira, quando cumprirá suspensão.
O JOGO - Sem jogadores suspensos ou na seleção, Leão pôde mandar a campo o que tem de melhor - exceção aos operados Rogério Ceni e Wellington -, na escalação que o torcedor começa a conhecer de cor. O problema é que faltou movimentação e toque de bola ao São Paulo em todo o primeiro tempo.
Com seus quatro jogadores de meio-campo muito apagados, o São Paulo tinha apenas uma jogada: bola para Lucas na direita. O garoto fez o que dele se espera e chamou a responsabilidade. Mas o excesso de individualismo, aliado à falta de aproximação dos companheiros, fez com que seu esforço fosse quase em vão.
Chances de gols por parte do São Paulo, no primeiro tempo, foram essencialmente três, num chute de Lucas, numa bola que Rhodolfo desviou, Luis Fabiano recebeu na pequena área, dominou no peito, mas não conseguiu a finalização e também em um passe errado da zaga paranaense. Luis Fabiano se aproveitou, driblou o goleiro, mas ficou sem ângulo para definir.
Já o Coritiba se aproveitou bem do enorme espaço entre o meio-campo e a defesa do São Paulo. Da intermediária saíram quatro chutes perigosos, todos à direita da meta de Denis, com Roberto, Ayrton e Everton Ribeiro (duas vezes). O goleiro, porém, só teve que trabalhar uma vez.
Depois de o time ser vaiado na saída para o vestiário, Leão mexeu no time. Tirou Casemiro, colocou Maicon, e o São Paulo conseguiu tocar a bola um pouco melhor por alguns minutos. Até que Paulo Miranda resolveu aprontar. Errou o tempo de bola, viu que deixaria Sérgio Manoel sair sozinho na cara de Denis, acertou com o pé a cabeça do rival e recebeu o segundo cartão amarelo, isso aos 14 minutos.
Saiu Jadson e entrou Edson Silva para recompor o time. Enquanto a zaga tentava se entrosar, Everton Ribeiro fez jogada pelo meio da área e carimbou o travessão. O São Paulo respondeu numa bela tabela entre Luis Fabiano e Lucas. O atacante saiu na cara do gol, bateu no canto, mas Vanderlei defendeu com a ponta do pé, salvando o Coritiba.
A partir daí o jogo se tornou uma correria. O São Paulo estava desesperado, precisando vencer e pressionado pela torcida, que pedia raça. O time correspondeu. Aos 37, após cruzamento de Douglas, Luis Fabiano subiu livre, cabeou, bonito, para o chão, com força. Mas a bola subiu demais e acertou o travessão.
O lance animou o São Paulo, que seguiu pressionando. Leão deu chance ao atacante Ademilson no lugar de Cortez, mas foi Lucas quem decidiu. Pegou a bola na esquerda, atravessou o campo pela intermediária, limpou a jogada e chutou em diagonal, sem chances para Vanderlei.