O técnico Mano Menezes optou por esconder o jogo da seleção brasileira para enfrentar a Venezuela. Foi isso que ele fez nesta quarta-feira (29), durante 40 minutos, num dos campos do Hotel Sofitel, em Los Cardales. Comandou um treino secreto para afinar o time que vai estrear domingo na Copa América. O adversário já atuou contra o Brasil 20 vezes, perdeu 18 e só conseguiu uma vitória desde o primeiro confronto, em 1969.
A desigualdade entre as duas equipes também pode ser comprovada pela diferença de gols marcados: foram 82 contra 6.
Para surpreender a Venezuela, Mano ensaiou cobranças de escanteio e de faltas e corrigiu a posição que os atletas devem ter quando não tiverem a posse de bola. Nos últimos dias, o discurso dos jogadores e do técnico foi pautado por declarações que pareciam pôr a Venezuela entre as novas potências do futebol mundial.
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Depois da atividade secreta, o treino foi aberto. O que se viu a partir de então não deixa dúvidas de outra preocupação que tem afetado Mano. Os jogadores praticaram por quase uma hora um dos fundamentos do futebol: finalizações a gol. Lucas Leiva, Ganso, Neymar e Alexandre Pato se destacaram na atividade, assim como o goleiro Jefferson.
Mano tem conversado com os atacantes sobre a necessidade de concluir as jogadas, evitando o toque a mais ou a tentativa de um novo drible. Pato tem sido um dos alvos do treinador.
O atleta do Milan estava à vontade na entrevista concedida antes do treino. Não esmoreceu quando indagado sobre quem deve ser o substituto de Ronaldo com a camisa 9. "Chegou a minha hora. Vestir a camisa 9 do meu ídolo Ronaldo é uma honra. Estou preparado para fazer uma grande Copa América", declarou o atacante de 21 anos.
Ele falou por quase 20 minutos para um auditório com mais de 120 jornalistas. Pregou respeito a Fred, seu reserva, e disse estar esperançoso de que possa render muito bem em companhia de Ganso, Neymar e Robinho.
Pato apontou a Argentina como a favorita, "por atuar em casa, com todo mundo a favor", mas também ressaltou que o Brasil tem uma equipe forte e todas as condições de disputar o título.
A entrevista de Alexandre Pato seguiu algumas regras. A Assessoria de Imprensa da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pediu que os repórteres não perguntassem ao atleta nada a respeito do namoro dele com Bárbara Berlusconi, a filha do primeiro-ministro da Itália, Sílvio Berlusconi.
Pato esteve nos Jogos de Pequim, em 2008, e ainda na Copa das Confederações de 2009, com Dunga, quando atuou por poucos minutos. Ele era um nome muito cotado para o Mundial da África do Sul. Um episódio, porém, pode ter definido seu destino naquela competição. Num amistoso de preparação da seleção, ao ser substituído, o atacante ofendeu Dunga. As câmeras flagraram o incidente.