A Federação Internacional de Futebol (Fifa, a sigla em francês) deveria promover uma campanha mundial mais forte contra o racismo nos estádios. A avaliação é do pesquisador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) Luciano Cerqueira, um dos coordenadores do grupo Diálogos contra o Racismo (que reúne organizações não-governamentais).
"É preciso uma campanha esclarecedora nos estádios muito mais forte, com distribuição de material informativo. A Fifa tem condições de fazer isso, assim como uma campanha da televisão bem forte contra o racismo, mas essas atitudes não foram tomadas ainda", criticou.
Para Cerqueira, as medidas contra a discriminação racial anunciadas pela Fifa em março são importantes, mas não são suficientes para coibir os atos racistas durante os jogos de futebol.
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Em entrevista à Agência Brasil, ele disse que uma das iniciativas, a colocação de uma faixa no campo com os dizeres "Say No to Racism" (Diga não ao Racismo) antes do início das partidas da Copa do Mundo da Alemanha, não é capaz de alcançar a eficácia necessária.
Na avaliação do coordenador, um dos problemas é que a faixa não é fixa, é colocada no campo cerca de 15 minutos antes do início dos jogos, mas depois é retirada. "A maioria dos países nem vê, porque é tão antes do jogo que quando a transmissão começa, você não vê a tal da faixa", observou.
"A maioria das pessoas não vê, a não ser quem está no estádio, então seria importante ter um destaque muito mais amplo durante as partidas, ter uma faixa fixa no estádio, para as pessoas verem que a Fifa realmente está combatendo o racismo no futebol", reforçou.
Cerqueira reconhece que a intolerância racial, sobretudo na Copa da Alemanha, preocupa a Fifa. Ele lembrou que entre as medidas anunciadas pela federação há três meses – que já valem para o mundial - estão multas mais altas e até mesmo a possibilidade da seleção cuja torcida praticar ato racista ser excluída das eliminatórias para a próxima Copa do Mundo.
Para o coordenador, esses passos ainda são tímidos em relação ao tamanho do problema. "São coisas válidas, mas não são suficientes. A gente espera que daqui pra frente a Fifa possa dar esse próximo passo, porque esse passo foi importante, mas ainda é um passo muito tímido".
Agência Brasil