Em março de 2009, embalado pelo recém-conquistado tri brasileiro (2006 a 2008), o São Paulo lançou o projeto de "Soberano", filme que contaria a saga dos seus seis títulos nacionais. Parecia improvável àquela altura que, dez anos depois, o time enfrentaria o Corinthians às 19 horas deste domingo, em Itaquera, pelo Campeonato Paulista, tão desmoralizado perante os rivais e desacreditado pela própria torcida.
A coleção de vexames, que ganhou novo capítulo na última quarta, com a eliminação precoce na Copa Libertadores perante o modesto Talleres-ARG, em casa, somada a um jejum de taças - nessa década de crise, a exceção foi a Copa Sul-Americana de 2012 -, fez o clube que era exemplo de profissionalismo e planejamento ficar para trás.
"O problema do São Paulo não será resolvido com a troca de treinadores. O problema é a gestão. O time era mais organizado e tinha um planejamento em suas ações", argumenta Zé Sérgio, atacante do São Paulo de 1973 a 1984 e profissional da base de 2003 a 2012.
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Após a queda na Libertadores, Raí, que como atleta foi um dos maiores ídolos do clube, mas no papel de dirigente começa a desagradar a muita gente, demitiu André Jardine, que ficou apenas 15 jogos à frente do time. A diretoria já anunciou o nome de Cuca como substituto, mas este só poderá assumir quando receber aval médico, já que se recupera de cirurgia no coração. Por enquanto, quem dirige a equipe é Vagner Mancini, coordenador de futebol.
"Nunca vi na minha vida um time contratar um treinador para começar em dois ou três meses. Será que o cara é tão bom assim que vai chegar e mudar tudo?", questiona Oscar, campeão brasileiro em 1986 e tetra estadual (1980, 1981, 1985 e 1987) pelo clube. "Podia até trocar de treinador, mas da forma que estão fazendo... Sinceramente, não entendi esta forma de trabalhar. Vi uma entrevista do médico, que disse que o Cuca só pode trabalhar daqui três, quatro meses. Então, acho que é mais para acalmar a torcida do que uma coisa que vá ser verdadeira", completa o ex-jogador.
Cuca será o quarto treinador apenas na gestão Raí, iniciada em janeiro de 2018. Desde que Muricy Ramalho, o treinador do tri brasileiro, passou pelo clube pela última vez, em abril de 2015, oito nomes já se sentaram na cadeira de técnico. Nenhum conseguiu completar 50 partidas no comando - apenas Juan Carlos Osorio e Edgardo Bauza saíram por vontade própria, os demais foram demitidos.
"Os clubes que mantêm os treinadores, que dão tempo ao trabalho, têm bons resultados. O problema é que aqui a gente não tem esta cultura. Aqui, não se faz nem contrato de três, quatro anos com o treinador. Fazem por temporada, e, se não der certo, mandam embora. Infelizmente, é assim", lamenta-se Toninho Cerezo, bicampeão do Mundial de Clubes pelo São Paulo, em 1992 e 1993.
CORINTHIANS QUER AMPLIAR TABU - O Corinthians defende uma invencibilidade de nove partidas em seu estádio diante do São Paulo. Até agora, foram seis vitórias e três empates. O time do Morumbi é a maior vítima corintiana na nova arena. O Corinthians terá grande apoio da torcida para o segundo clássico do torneio - no primeiro, vitória sobre o Palmeiras fora de casa. Mais de 34 mil ingressos já foram vendidos.
O tabu pode ser um estímulo para a recuperação no Campeonato Paulista. O time está em terceiro lugar no Grupo C, fora da zona de classificação, e precisa somar pontos para não correr riscos nas últimas rodadas.
Depois de elogiar a atuação da equipe no empate em casa, diante do Racing, na estreia da Copa Sul-Americana, Carille revelou que vai mudar pouco o time. Ele se diz satisfeito e afirma que a hora é de buscar entrosamento. "Não vão ter muitas mudanças, isso eu posso adiantar. Chegou a hora de dar sequência para o time", afirmou.
Apesar das falhas nos últimos jogos, a defesa formada por Manoel e Henrique será mantida, de acordo com o próprio treinador. A dúvida está na lateral esquerda: Danilo Avelar ou Carlos Augusto. O primeiro estava suspenso na Copa Sul-Americana; o segundo voltou da disputa do Mundial Sul-Americano, no Chile, com a seleção sub-20. No ataque, Gustagol deve ser mantido como referência - o argentino Boselli ainda está em fase de adaptação ao futebol brasileiro.
O volante Ramiro, um dos principais reforços da temporada, reconhece que o time precisa evoluir. Ele próprio ainda não teve grandes atuações depois de ter sido contratado do Grêmio. "Existem alguns detalhes ofensivos e defensivos que precisam ser melhorados. Um dos aspectos é tentar evitar sair atrás no placar. Isso aconteceu em alguns jogos e precisa ser evitado", analisa.