O protesto do movimento Bom Senso, realizado nos jogos da Série A disputados nesta quarta-feira, ganharam repercussão internacional. Sites, como os da ESPN britânica e do diário argentino "Olé" publicaram a notícia da reivindicação dos jogadores brasileiros por um calendário mais justo.
As matérias destacavam a intenção dos jogadores em alcançar o direito dos 30 dias de férias, mais tempo de pré-temporada e lembraram que o calendário do futebol brasileiro ficará pressionado por conta da realização da Copa do Mundo no ano que vem.
Diário Olé deu destaque em seu site às imagens do jogo entre São Paulo e Flamengo. O LANCE!Net colheu depoimentos de três jornalistas que contaram como funciona a questão do calendário em seus países, e se alguma vez os jogadores destas ligas já fizeram algum tipo de movimento para lutar por seus direitos.
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Massimo Basile Editor do Corriere dello Sport (ITA)
O futebol italiano passa pelo mesmo problema de calendário. As imagens dos protestos dos jogadores foram divulgadas na Itália. O episódio fez recordar uma exigência que os jogadores na Itália fizeram há cerca de duas décadas pedindo que não se jogasse mais nas datas das festas de fim de ano, como ocorre atualmente na Inglaterra.
Lembro que na época os jogadores formalizaram um movimento semelhante ao do Bom Senso, porém não foi necessária qualquer ação mais impactante pois os dirigentes sentaram à mesa e atenderam às reivindicações dos atletas.
Bruno Pires Editor do Diário de Notícias (POR)
O que salta aos olhos é que o calendário brasileiro tem jogos em excesso. São muitos campeonatos: Estadual, Copa do Brasil, Brasileiro, Copa Sul-Americana, Libertadores. Não há como a temporada deixar de ser desgastante dessa forma.
Há ainda o fato do futebol brasileiro não parar durante as datas Fifa. Sinceramente acho isso uma aberração. Na Europa todo o futebol pára. Por exemplo, neste momento, oito seleções estão envolvidas na repescagem para a Copa do Mundo e todas as ligas do continente estão paradas.
Antonio Serpa Editor do Olé (ARG)
Na Argentina o respeito aos direitos dos jogadores ocorre por efeito de lei. É uma norma rigorosa que determina 30 dias de férias anuais e, além disso, aqui não se é permitido jogar antes das 17h nos meses mais quentes.
Os jogadores argentinos são defendidos por um sindicato muito atuante, que sempre esteve presente nas suas reivindicações. Houve certa vez uma paralisação de todos os jogadores pelo fato de um clube, o Deportivo Español, estar devendo salários. Não houve futebol até que a situação se regularizasse.
A única mudança negativa que tivemos foi o não respeito às datas Fifa. Antes o futebol parava nestas ocasiões, de uns cinco anos para cá não há mais a paralisação dos campeonatos por conta até de uma pressão dos clubes locais.