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Qatar constrói cidade para sediar Copa do Mundo em 2022

Alex Sabino - Folhapress
12 jan 2020 às 14:51
- Divulgação/Fifa
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DOHA, QATAR (FOLHAPRESS) - "Você não enxerga?", pergunta o segurança de jaleco verde, apontando para o cartaz na grade de metal: proibido fotografar ou filmar. Ele pede em seguida para a reportagem apagar as imagens feitas do canteiro de obras que protege, o do Lusail Iconic Stadium.

O local terá capacidade para 86.250 pessoas e deverá ser um símbolo do país. Será o palco da abertura e da final da Copa no Qatar, em 2022.

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A obra começou em 2017, e o discurso da organização do torneio é que estará pronta até o fim de 2020. Cerca de 40 mil operários trabalham em turnos diurnos e noturnos.

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O estádio também será o principal cartão postal de Lusail, uma cidade construída a partir do zero pelo governo do Qatar em 2005, quando ser sede do Mundial de 2022 era apenas um sonho distante.

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Após a Fifa dar à nação árabe o direito de sediar o evento, a meta passou a ser preparar a nova cidade para uma audiência que em 2018, na Rússia, foi de 3,5 bilhões de pessoas.


Lusail foi idealizada pelo antigo emir xeque Hamad bin Khalifa al Thani para receber população de 200 mil habitantes quando finalizada, ao custo de US$ 45 bilhões (R$ 184 bilhões) para a Qatari Diar, uma construtora estatal.

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"Eu cheguei aqui há três meses e vejo muita gente nova o tempo inteiro, pessoas que vêm para cá por causa da tranquilidade. Todos pensam no estádio, mas é muito mais do que isso. É um projeto que pode mudar o Qatar", afirma o inglês Ian Roberts, 43, que se mudou para Doha para trabalhar numa petrolífera.


Lusail é a imagem do seu estádio, que carrega o nome "icônico" antes mesmo da inauguração: prédios em construção, entulhos e obras de infraestrutura. Mas há partes adiantadas, como a que Roberts reside, perto da marina, ao lado do golfo West Bay. A área deverá ser repleta de shoppings e parques em seus 38 quilômetros de costa.

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O projeto engloba 175 km de tubos que vão formar um sistema de refrigeração em toda a região durante o verão, quando as temperaturas podem ultrapassar os 50ºC.


A relação da cidade com a Copa do Mundo se dá porque, embora projetada em 2005, ela esteve deixada em segundo plano até o país ser anunciado como sede, em 2010.

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Quando a competição começar, o governo deseja oferecer a visão de Lusail como referência de crescimento sustentável. A ligação com Doha será feita em um sistema de 15 km de linhas de trem e metrô.


O que o Qatar almeja é diversificar a sua economia, se aproximar cada vez mais do turismo e se afastar da dependência do petróleo.

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"Lusail vai ficar muito bonita e aumentar o apelo de Doha. Mas não é para gente como eu morar", diz Jahangir, imigrante de Bangladesh e funcionário de um café próximo à baía. O que ele deixa subentendido é que Lusail foi planejada para ser residência de uma elite e inacessível a quem trabalha em cafés, restaurantes ou nas obras.


O local da final da Copa do Mundo vai servir para desafogar a pressão sobre Doha. A presença de imigrantes fez a população do Qatar crescer quase 150% nos últimos nove anos. Da população de 2,7 milhões, apenas 320 mil são qataris. Mas eles fazem parte da elite econômica e social.

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Com projetos como o de Lusail, o Qatar tenta também mudar sua imagem. A cidade é, além de tudo, também uma ofensiva de relações públicas.


O país vive disputa diplomática e sofre embargo político e econômico de Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito e Bahrein. Apesar disso, é a nação com maior renda per capita do mundo. Na média, cada cidadão ganhou US$ 130.475 (cerca de R$ 532 mil) em 2018, segundo o Banco Mundial.


Isso se choca com as acusações de que mão de obra de imigrantes de países como Índia, Bangladesh e Paquistão é usada em situações análogas à escravidão, com jornadas exaustivas, condições precárias e baixa remuneração.


Segundo a Anistia Internacional, 11 operários que trabalhavam nos estádios da Copa morreram, 10 deles de forma súbita ou por falhas cardíacas não explicadas. Em dezembro, a Al Jazeera, canal de TV que pertence ao governo do Qatar, divulgou o número de três mortes de operários em futuros estádios do Mundial.

A organização da Copa nega as acusações e afirma ter melhorado as condições de trabalho nos estádios.


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