Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
'Imbecilidade'

Raí admite vergonha por participar de 'jogo político'

Agência Estado
23 mar 2011 às 17:06

Compartilhar notícia

Publicidade
Publicidade

O ex-jogador Raí, campeão mundial em 1994, manifestou publicamente nesta quarta-feira o seu arrependimento por ter disputado um amistoso em Grozny, na Chechênia, no último dia 8, usando a camisa da seleção brasileira em um jogo que contou com a presença de outros ex-astros, como Romário, diante de um combinado local. Por meio de uma carta aberta publicada em seu site oficial, o ex-atleta admitiu estar "envergonhado" por ajudar a promover um evento "escancaradamente político e populista".

Raí admitiu que não se informou como deveria sobre o evento, que contou com a participação do presidente checheno Ramzam Kadyrov atuando contra os brasileiros em uma equipe cheia de jogadores amadores. "Além do presidente, havia outros que nunca tinham sido atletas de futebol. Foi uma pelada de quintal, mas o público parecia vibrante", relatou o eterno ídolo da torcida do São Paulo.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Na carta que publicou, cujo título é "Chechênia, o dia em que me traí", Raí afirmou que foi pego de surpresa, dias antes do amistoso festivo, com a mudança de local do jogo da Rússia para a Chechênia, fato que causou "estranheza" a ele. O ex-jogador ainda fez questão de frisar que a sua participação no duelo não teve interesse econômico. "O que recebi não muda em nada a minha situação econômica. É o equivalente a pouco mais do que cobro para ministrar uma palestra de duas horas na cidade de São Paulo", afirmou.

Leia mais:

Imagem de destaque
Torneio Paraná de Verão

Londrina EC marca jogo contra o Maringá em Alvorada do Sul

Imagem de destaque
Em janeiro

São Paulo pode devolver Jamal ao Newcastle e abrir 2025 com só um lateral

Imagem de destaque
Série no YT

'Corroendo por dentro', diz Gabigol sobre sofrimento com Tite no Flamengo

Imagem de destaque
Disputa com Montevidéu

Brasília quer sediar final da Libertadores 2025, diz presidente da Conmebol


O fato é que Raí admitiu que serviu, ao lado de outras antigas estrelas da seleção, como instrumento dos políticos locais em uma região há tempos afetada por conflitos. "Fiz parte de umas das coisas que mais condeno na vida e com a qual mais tenho cuidado: participei de um evento escancaradamente político, populista, em um contexto desconhecido, sem saber as possíveis consequências e intenções", disse.

Publicidade


O ex-meio-campista admitiu que foi "ingênuo" por ter aceitado colocar em sua agenda um amistoso pelo fato de que, na época do mesmo, ele já estaria na Europa para participar de um fórum esportivo em Barcelona. "Daria um pulo na Rússia, faria um joguinho, encontraria antigos amigos e ainda ganharia uma graninha", acrescentou Raí, achando que poderia unir o útil ao agradável sem abalar a sua reputação.


Entretanto, Raí enfatizou que o ambiente da cidade do amistoso era de guerra e ainda de terra arrasada por ela. "Em Grozny o clima era militar: fotos gigantes dos homens que estão no poder, pouquíssima gente na rua. Algo muito estranho pra mim. Só depois, fiquei sabendo pela intérprete russa que 98% da cidade havia sido destruída durante a guerra. Imaginem as lembranças daquelas batalhas ainda vivas por ali. Ouvi também que algumas ONGs acusam o governo (local) de violação dos direitos humanos. Pelo que vi por lá, não me surpreenderia. Mas é muito difícil avaliar em um lugar tão traumatizado e ainda em extremo estado de alerta", lamentou.

Publicidade


JOGO AMADOR E IMBECILIDADE - Em campo, o que se viu foi uma seleção brasileira com as presenças também de Romário, Cafu, Dunga, Júnior Baiano, Bebeto, Élber, Denilson, André Cruz, Roque Júnior, Djalminha, Zetti e Roberto Carlos. E, em ritmo de jogo amador, os brasileiros venceram por 6 a 4 e fizeram o que puderam para facilitar a vida da equipe da casa, que foi reforçada pelos alemães Lothar Matthaeus e Oliver Kahn e do holandês Gullit, astros históricos do futebol de seus países.


"O jogo foi um show. Queríamos que as pessoas entendessem, por meio do futebol, que somos uma nação pacífica", disse o líder checheno Ramzan Kadyrov, de 34 anos, no dia do confronto.


A realidade propagada pelo presidente local, porém, é bem diferente, já que há anos a Chechênia está em conflito com o governo central da Rússia, com grupos armados reivindicando a independência da região e recorrendo com frequência ao terrorismo. Kadyrov subiu ao poder em 2004, depois que seu pai, Akhmad, que comandava a Chechênia, foi morto em um atentado no mesmo local do jogo do último dia 8.

"Placar à parte, desta imbecilidade (assim que me senti) cometida, ficam duas grandes lições: acompanharei de perto o processo político na Rússia/Chechênia; e estarei muito mais alerta a esses possíveis deslizes de avaliação (mesmo já sendo e tendo uma equipe muito criteriosa). Posso dizer que essa experiência serviu, ao menos, como um importante aprendizado", disse Raí, para depois finalizar o seu desabafo da seguinte forma: "Escrevo porque, da mesma forma e com a mesma intensidade que queria me esconder após o evento, necessito me expor e expor minhas fraquezas".


Publicidade
Publicidade

Continue lendo

Últimas notícias

Publicidade