Dois dias depois de acertar a sua saída do cargo de diretor técnico do Centro de Formação de Atletas (CFA) do São Paulo, René Simões tentou explicar, em texto publicado na sua página pessoal no Facebook, o que o fez pedir demissão do posto. Ele indicou que houve ingerência no seu trabalho e comparou a situação com o entrevero recente entre Rogério Ceni e Ney Franco.
"No caso atual de minha saída é uma questão muito simples entre o entendimento do cargo e a função do cargo. O cargo pertence, em qualquer momento à instituição, quanto a função pertence por definição do organograma e do fluxograma a quem senta na cadeira referente ao mesmo", escreveu ele, em breve explicação.
Na sequência, ele citou o entrevero Rogério Ceni e Ney Franco, quando o capitão pediu a entrada de um jogador durante a partida, o treinador colocou outro e o goleiro expressou seu descontentamento, ainda durante o jogo.
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"No jogo contra a LDU de Loja (Equador), por questões de interesses comuns e elogiáveis dos dois profissionais, em ganhar o jogo e obter a classificação, houve um distanciamento (entre) cargo e função. Tendo o Ney colocado sua posição e não negociado suas funções de forma nenhuma, ele deixou bem claro isso e o Rogério Ceni com toda sua inteligência entendeu e acatou com muita humildade e profissionalismo as observações do Ney", relembrou René Simões.
O treinador comparava a situação vivida pelo técnico e pelo capitão do time principal do São Paulo com alguma passagem vivida por ele na base. "Tudo (foi) feito às claras, com tranquilidade e muita humildade por parte de ambos. Portanto, saio em nome de princípios que não podem e não devem ser quebrados ou negociados", escreveu ele.
Na nota, René ainda agradece ao São Paulo pela oportunidade, aos profissionais da base pela competência e lealdade, e diz que o clube vai economizar muito dinheiro e terá resultados excepcionais no futuro. Ele terminou filosofando: "Entre a segurança do telhado e a insegurança ao ar livre com a beleza das estrelas, fico com a segunda".
Contratado em fevereiro para ser a ponte entre as categorias de base e a equipe profissional, René Simões ficou no cargo nove meses. A alegação oficial do clube pela sua saída era que ele está à procura de novos desafios profissionais.
Na verdade, ele estaria em forte rota de colisão com José Geraldo Oliveira, gerente de futebol, e Marcos Tadeu, diretor das categorias de base, por causa da forma da dupla gerenciar as equipes mais jovens.
René chegou com a missão de profissionalizar o departamento e, desta forma, facilitar a criação de novos talentos como Lucas, Oscar e Breno, todos saídos de Cotia, na Grande São Paulo. Ele chegou a conhecer diversos CTs de base pelo mundo e almejava dar ao São Paulo a mesma estrutura de La Masia, mítico centro de formação de atletas do Barcelona.
No entanto os desgastes começaram a aparecer e René se viu impedido de realizar seu trabalho. Geraldo e Tadeu são homens de confiança do presidente Juvenal Juvêncio e, apesar das muitas críticas, o dirigente se recusa a demiti-los. Conselheiros de oposição chegaram a acusar o gerente de viabilizar esquemas que favorecessem empresários, mas as alegações nunca foram comprovadas.