A resistência do Cruzeiro superou os sonhos do Santos e garantiu uma final incrível para a Copa do Brasil de 2014. Atuando sob forte pressão de 12 mil torcedores na Vila Belmiro, a Raposa estava eliminada até os 35 minutos do segundo tempo, mas um vacilo de Bruno Uvini e Edu Dracena e o preciosismo de Willian, que havia garantido a vantagem no primeiro jogo, foram decisivas para buscar o empate em 3 a 3. Agora, Cruzeiro e Atlético-MG, os dois principais clubes de Minas Gerais, decidirão o maior torneio mata-mata do país. Promessa de ainda mais emoção.
Na noite desta quarta-feira, o protagonista tinha tudo para ser Rildo, que participou da jogada do primeiro gol (convertido pelo ídolo Robinho), sofreu pênalti do segundo (anotado por Gabriel, agora artilheiro da Copa do Brasil), e ainda marcou o terceiro. Mas o nome que brilharia na Vila Belmiro era outro: Willian!
Autor do gol que definiu a vantagem cruzeirense no primeiro jogo, o atacante se recuperou de uma lesão na costela e entrou em campo praticamente no sacrifício. Estava escrito. Aos 35 da etapa complementar, foi dos pés dele o gol decisivo para um time derrotado, mas resistente. Mas ainda houve tempo para um último lance, aos 49. O atacante outra vez foi às redes para dar ponto final aos sonhos santistas.
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Em campo, Santos e Cruzeiro honraram a semifinal da Copa do Brasil com um jogaço na Vila Belmiro. Motivado pela força das arquibancadas, o Peixe aproveitou como poucos a energia de seus torcedores e abriu o placar antes do relógio apontar dois minutos do primeiro tempo. Em tabela rápida com Arouca, Rildo arrancou pela esquerda e cruzou no meio da área. A bola achou Gabriel, que ajeitou com carinho para a chegada de Robinho. O enredo parecia perfeito e até Egídio colaborou com um desvio para enganar Fábio. Sonhar era possível.
Enderson Moreira, que havia testado diversas alterações táticas durante a semana, mas decidiu mandar o time-base a campo, manteve Robinho mais centralizado, como centroavante. Rildo e Gabriel enganavam a marcação com muita movimentação. Mas se Enderson não quis mudar o time, Marcelo Oliveira mudou, com Ceará entrando desde o começo e Mayke no banco. Foi do experiente lateral-direito uma finta sensacional para cima da marcação de Mena. No meio da área, Aranha espalmou e Marcelo Moreno concluiu. Mesmo sem Dedé, que saiu machucado no lance do gol do Peixe, o Cruzeiro já empatou com nove minutos de jogo. Resistir também era possível.
Depois desse começo eletrizante, o jogo diminuiu seu ritmo nos minutos seguintes. O Cruzeiro tinha facilidade para trocar passes no meio de campo e o Santos segurava tentando achar um contra-ataque para matar o jogo. Debaixo de uma chuva sem trégua, a melhor chance foi de Rildo, após assistência de Robinho. O problema é que o camisa 31 chutou bem torto e perdeu a ótima chance. No último respiro, aos 45, pênalti a favor do Santos. Mais do que nunca, sonhar era possível.
Após cruzamento de Gabriel na área, Fábio saiu para fazer a defesa, mas largou a bola no meio do caminho. Rildo apareceu para concluir, mas sofreu carga de Léo no ombro, em lance de pênalti discutível e que gerou reclamações. No cantinho esquerdo de Fábio, Gabigol se tornou artilheiro da Copa do Brasil e mostrou que o Santos estava vivo. O sonho que se aproximava mais da realidade.
O segundo tempo começou com a Raposa jogando sem seu natural ímpeto ofensivo e preciosismo na troca de passes no meio. Faltava ao time de Marcelo Oliveira ser mais incisivo. Foi como se o resultado já estivesse garantido e só bastasse o tempo passar. Mas o relógio jogou a favor do Peixe nesta quarta-feira. O terceiro gol foi arte pura. De Robinho para Lucas Lima, de Lucas Lima para Gabriel, de Gabriel para Rildo. E a então impenetrável defesa do Cruzeiro dava espaço para o gol que faltava. Sonhar nunca foi tão bom.
Robinho sentiu lesão e saiu. Jorge Eduardo, o garoto que deve ter passado a semana inteira sonhando com esse jogo, teve sua chance de entrar. E os sonhos do Santos foram se tornando cada vez mais reais diante da pressão incessante da torcida e da pressa sem fim dos cruzeirenses. Para sonhos, parecia não haver resistência que se criasse. Mas do outro lado era o Cruzeiro. E quem não resistiu foi a defesa do Peixe.
Aos 35 do segundo tempo, Fábio deu um chutão desde a sua área e Bruno Uvini tentou antecipar. Ali, o Santos foi eliminado. A bola sobrou limpa para Willian, que não sofreu com a marcação frouxa de Edu Dracena e bateu no canto de Aranha. A pressa foi para o outro lado, mas já não havia tempo.No desespero, espaço para Willian, o predestinado, marcar mais um. A resistência falou mais alto que os sonhos.