Rogério Ceni será o técnico do São Paulo. Há uma certeza no Morumbi sobre isso. Resta saber quando. O clube gostaria de iniciar o projeto em 2017, com contratações de peso após viver um ano ruim, para dar respaldo ao ídolo. Mas espera ele se sentir pronto. O ex-goleiro se prepara para o tamanho do desafio que terá pela frente no único time que defendeu na carreira, totalizando 25 anos.
Mês que vem, o ex-jogador, que se aposentou no final do ano passado, dá mais um passo. Ele volta à Inglaterra para realizar o segundo módulo do curso da Federação Inglesa de Futebol (FA, na sigla em inglês) para formação de treinadores. A primeira parte foi concluída em setembro último, quando pôde encontrar com diversos técnicos do Campeonato Inglês - entre eles o alemão Jurgen Klopp, do Liverpool, e o italiano Claudio Ranieri, do Leicester City - e viveu experiências do cotidiano de um técnico. Depois disso, Rogério Ceni poderá ingressar no curso da Union of European Football Associations (Uefa), atrás das licenças A e B, que lhe permitirão trabalhar em qualquer clube do mundo.
Neste momento, o ídolo prefere distância do Morumbi. A situação do São Paulo no Campeonato Brasileiro, onde briga para se afastar do rebaixamento - o time está no 14.º lugar, três pontos à frente do Internacional, primeiro integrante da zona da degola -, não permite uma aproximação. A pressão sobre Ricardo Gomes seria enorme.
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O nome do ídolo foi até cogitado para assumir o time depois da saída de Edgardo Bauza para comandar a seleção da Argentina, mas não seria bom nem para Rogério Ceni nem para o São Paulo. Para o próximo ano, o cenário é diferente. O ex-goleiro teria tranquilidade para realizar o primeiro trabalho como treinador desde o início de uma temporada. Para um ano que precisa ser de renascimento, ele também não sofre resistência.
Apesar de ainda não se sentir totalmente pronto - prefere concluir os estudos antes de dar o passo definitivo -, Rogério Ceni já disse a pessoas próximas que vai trabalhar no São Paulo. O ex-goleiro afirma que aceitaria, inclusive, ser auxiliar, embora alguns dirigentes ponderem o peso da sombra do ídolo sobre que viesse a ser o treinador.
O ex-goleiro, porém, não descarta tal situação desde que o nome do técnico lhe agrade. Ele simpatiza com o colombiano Juan Carlos Osório e Paulo Autuori, que foram seus comandantes no São Paulo. Rogério Ceni passou até um período com o atual treinador da seleção do México, como parte da preparação para exercer a nova função.
Outro que agrada é Vanderlei Luxemburgo. O ex-jogador trabalhou com ele na seleção brasileira e, desde então, ficou com boa impressão. Rogério Ceni confia que poderia aprender bastante com o treinador e, quem sabe, após uma temporada, assumir definitivamente o cargo. Essa possibilidade, no entanto, é mais complicada, já que depende da aprovação da diretoria.
Nos corredores do Morumbi, o assunto Rogério Ceni é tratado de maneira velada. A resposta padrão é de que "não há qualquer acerto" para ele assumir como técnico neste momento, seguido sempre do esclarecimento de "que isso não significa que não possa acontecer".
DECISÃO - A semente foi plantada em 2012, quando Rogério Ceni visitou o espanhol Pep Guardiola e o português José Mourinho, então treinadores de Barcelona e Real Madrid, respectivamente, quando se recuperava de uma lesão no ombro. Ele ficou fascinado. A ideia foi amadurecendo na mente do ainda goleiro até que ele decidiu queria ser treinador ao se aposentar.
A condição de ídolo, claro, o ligou ao time do Morumbi. Em entrevista pouco antes de pendurar as luvas, ele mesmo afirmou que não se via trabalhando em outra equipe, principalmente um rival. O São Paulo quer Rogério Ceni como treinador e ele se prepara para assumir o cargo. A retomada do casamento, interrompido pelo fim da carreira como goleiro, pode ser definida em breve, em 2017, com o retorno do maior jogador da história ao clube que foi boa parte de sua vida.