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O jogo do tetra

Técnico sugere que Baggio deveria ser 1º a bater pênalti na Copa de 94

Folhapress
24 abr 2020 às 10:41
- Reprodução / Instagram
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A imagem já está eternizada na memória do torcedor brasileiro: Roberto Baggio cobra o pênalti por cima e abaixa a cabeça, o massagista Nocaute Jack invade o gramado com uma cambalhota e Galvão Bueno é abraçado por Pelé e Arnaldo César Coelho enquanto grita, emocionado, "Acabou! Acabou! Acabou! É tetra! É tetra! É tetra!".

Qualquer conjectura a respeito do que poderia ter sido aquela ou qualquer outra final de Copa do Mundo se determinadas ações seguissem outros caminhos faz parte do terreno da imaginação.

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Mas é claro, para o vencedor é fácil aceitar o curso da narrativa tal qual ela aconteceu. Para os italianos, contudo, as coisas realmente podiam ter sido diferentes na disputa por pênaltis contra o Brasil na decisão do Mundial de 1994, jogo que a Globo reprisa neste domingo (26), às 16h.

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Em sua autobiografia, lançada em 2015, o técnico vice-campeão do mundo Arrigo Sacchi sugere que a ordem das cobranças não seguiu exatamente a sequência que ele tinha imaginado. Sua ideia, ao que tudo indica, era que Baggio, responsável pela quinta penalidade, abrisse a contagem.

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"Baggio não se sentiu com ânimo de ser o primeiro. Perguntei aos demais quem queria bater. Todos saíram de cena. Ninguém queria assumir a responsabilidade", diz Sacchi no depoimento ao jornalista Guido Conti para o livro "Calcio totale" (Futebol total, em italiano).


"Baresi foi o primeiro, errou, chutou alto. Evani, um especialista, marcou o gol. O disparo de Massaro foi parado por Taffarel. Não obstante, todos recordam o último pênalti, de Roberto Baggio, que lançou a bola por cima do travessão."

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A Itália teve uma campanha irregular na Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994.


Na fase de grupos, perdeu para a Irlanda na estreia, venceu a Noruega e empatou com o México. Com 4 pontos, se classificou para o mata-mata como uma das melhores terceiras colocadas.

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Contra a Nigéria, nas oitavas de final, perdia com um jogador a menos até os 43 minutos do segundo tempo, quando Roberto Baggio chutou cruzado para empatar.


"Faltando um quarto de hora para terminar [o jogo], Baggio havia se queixado de dores no joelho. Já tínhamos feito todas as substituições, Mussi estava um pouco lesionado, e a equipe, com um expulso, estava em situação bastante complicada. E Baggio pedia para sair. Na verdade, ele queria sair. Mas, depois que marcou o gol, se esqueceu também da dor", conta Sacchi.

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Na prorrogação, um pênalti convertido pelo camisa 10, cuja batida chegou a beliscar a trave direita do goleiro Peter Rufai, deu aos italianos a classificação.


Com novas vitórias por 2 a 1 nas quartas, contra a Espanha, e na semifinal, diante da Bulgária, a Itália voltou a uma decisão de Mundial depois de 12 anos. A última vez havia sido quando se sagrou campeã na Espanha, em 1982.

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Arrigo Sacchi diz que, antes da estreia de sua equipe contra a Irlanda, recebeu uma ligação do então presidente italiano, Oscar Luigi Scalfaro, que o chamou para desejar boa sorte. "Como se sabe, no mundo do futebol, isso traz desgraça. Perdemos o jogo."


Antes da final, o supersticioso técnico pediu à recepção do hotel onde estava hospedado em Los Angeles que não lhe transferissem mais chamadas vindas da Itália. A derrota para a Irlanda era até ali o único revés italiano no torneio, e Sacchi não queria que o ritual do azar se repetisse.

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"Às quatro da manhã, eu estava finalmente dormindo quando uma garota de Bologna, que eu não sabia nem quem era, me desejou boa sorte. 'Como você me localizou?', perguntei. E desligou. Pouco depois, tocou de novo o telefone. 'Passarei [a chamada] para o presidente da República'. Fui educado, mas não escondo que fiz mais de um conjuro".


No dia 17 de julho de 1994, Brasil e Itália se enfrentaram no estádio Rose Bowl, em Pasadena. Sem gols no tempo normal e também na prorrogação, a partida foi decidida nas cobranças de pênaltis.


Baresi começou a sequência dos italianos e chutou por cima. Márcio Santos, o primeiro brasileiro, parou em Pagliuca. Albertini e Romário marcaram, assim como Evani e Branco. Na quarta batida italiana, Taffarel defendeu o chute de Massaro. Dunga colocou o Brasil à frente e, na quinta e última cobrança da Itália, Baggio isolou e viu a seleção brasileira conquistar o tetracampeonato.


"Durante a final os rapazes tiveram um comportamento tático impecável. Na parte defensiva jogamos muito bem, mas no ataque fizemos uma partida medíocre por culpa do cansaço. O Brasil ganhou porque era a melhor equipe do torneio e porque eram melhores que nós", diz Sacchi.


Apesar do vice-campeonato, a verdadeira mágoa do treinador foi com a imprensa italiana, que segundo ele o perseguia, criticando suas escolhas e chamando-o de "homem do Berlusconi". O empresário, à época primeiro-ministro da Itália, era o dono do Milan quando Arrigo Sacchi treinou a equipe no fim da década de 1980, conquistando dois títulos da Champions League.

"Em 1970, de volta do México, a seleção italiana, derrotada pela melhor equipe de todos os tempos, o Brasil de Pelé, foi recebida com tomates no aeroporto. Depois de 24 anos, pudemos dizer que os torcedores haviam melhorado: ninguém teve a coragem de jogar nenhuma hortaliça contra nós."


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