O Corinthians encerrou em grande estilo, neste domingo, no Pacaembu, a invencibilidade e os 100% de aproveitamento do São Paulo neste Campeonato Brasileiro. Com uma goleada por 5 a 0, construída inteiramente no segundo tempo, o time acabou com a boa fase do arquirrival, se manteve invicto na competição e assumiu a vice-liderança, com 13 pontos, ficando dois atrás do próprio time do Morumbi, o líder isolado.
Liedson, com três gols, foi o grande destaque do clássico ao lado de Danilo, que fez um golaço e deu assistências para outros dois. E o Corinthians saiu do Pacaembu com outros motivos de sobra para comemorar. Com os 5 a 0 deste domingo, igualou a maior goleada que já aplicou sobre o São Paulo em sua história. A outra aconteceu em 1996.
O triunfo também teve sabor especial para os corintianos pelo fato de que, no último confronto entre os times, Rogério Ceni fez o seu centésimo gol com a camisa são-paulina na vitória por 2 a 1 sobre o rival, em Barueri, pelo Campeonato Brasileiro. Desta vez, além de ser vazado cinco vezes, o goleiro falhou feio no gol marcado por Jorge Henrique, que selou o placar de 5 a 0.
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O JOGO - Ao amargar o desfalque de última hora do volante Casemiro, que foi vetado do confronto após apresentar um quadro de febre e ficar fora do treino de sábado, Paulo César Carpegiani mandou a campo um São Paulo desfigurado, pois o time já não contava com os laterais-esquerdos Juan e Henrique Miranda, o volante Rodrigo Souto, o zagueiro Rhodolfo e o meia Lucas, este último a principal baixa e atualmente servindo a seleção brasileira que se prepara para a Copa América.
Pelo lado corintiano, Tite repetiu quase toda a escalação do confronto anterior, contra o Fluminense, apenas com a entrada do capitão Chicão, que voltou de suspensão. Já o meia Alex, reforço de peso para a temporada, não pôde estrear porque não teve a sua documentação regularizada junto à CBF.
Com este cenário, o Corinthians tratou de tomar a iniciativa de ir ao ataque. E, logo no primeiro minuto, após receber uma bola ajeitada por Willian, Paulinho chutou forte de fora da área e exigiu boa defesa de Rogério Ceni.
Armado em um esquema tático mais defensivo, o São Paulo apostava nos contra-ataques e respondeu aos 6 minutos, quando Dagoberto quase conseguiu desviar para o gol após boa trama iniciada por Fernandinho e completada por um passe de Marlos.
Mas, se mostrava uma postura mais ofensiva, o Corinthians sofria para conseguir furar o bloqueio imposto pelos são-paulinos e só conseguia assustar Rogério em chutes de longa distância, de novo com Paulinho e depois com Liedson, Ralf e na parte final da primeira etapa com Danilo. Antes disso, em raro lance no qual a equipe conseguiu entrar tocando na área são-paulina, Willian teve sua finalização interceptada pela zaga.
Pelo lado são-paulino, os contra-ataques seguiam sendo a principal arma do time, que
ficava refém da falta de criatividade do desfalcado meio-campo e era obrigado a apelar para os lançamentos. E, mais em uma escassa investida na frente, Dagoberto exigiu a única defesa difícil de Júlio César no jogo, aos 32 minutos.
E, ao mesmo tempo que os times sofriam para criar, as disputas de bola ríspidas aumentaram e o clima começou a ficar quente. Paulinho e Carlinhos Paraíba discutiram e foram punidos com cartões amarelos. E, oito minutos depois, aos 40, o volante são-paulino acabou expulso ao fazer falta por trás em Welder. Revoltando com a marcação, Rogério fez duras críticas ao árbitro - que não puniu Jorge Henrique após uma falta dura anterior - e também foi penalizado com um amarelo.
E, com os ânimos exaltados, Liedson, por falta violenta, e Castán, por outra infração, levaram cartões amarelos em um intervalo de apenas um minuto.
GOL RELÂMPAGO - Se na primeira etapa faltou inspiração para os dois times, logo no início da segunda, aos 40 segundos, Danilo fez um golaço para abrir o placar pelo Corinthians. Depois de cruzamento da esquerda de Jorge Henrique, Liedson escorou na grande área para o meio-campista, que fintou Luiz Eduardo, deixou Bruno Uvini no chão e tocou com categoria no canto direito baixo de Rogério.
Desfalcado e com um a menos em campo, o São Paulo sentiu o peso do gol e passou a tomar novo sufoco do time corintiano, que quase ampliou aos sete minutos, quando Jorge Henrique chutou da esquerda colocado no canto direito de Rogério, que espalmou para fora. Logo em seguida, porém, Willian cobrou escanteio da direita, Paulinho cabeceou no canto direito baixo de Ceni, que deu rebote para Liedon, na pequena área, encobrir o goleiro com um leve toque na bola: 2 a 0 aos 8.
Com a situação crítica, Carpegiani resolveu sacar Marlos e colocar Ilsinho no meio-campo, mas o panorama seguiu o mesmo e pioraria rapidamente. Um minuto depois de Ralf acertar um forte chute de fora da área que explodiu na trave, o Corinthians ampliou para 3 a 0. Após cruzamento de Danilo da direita, Liedson recebeu nas costas de Bruno Uvini, ajeitou e, na cara de Rogério, bateu pelo alto com violência e não deu chance de defesa ao goleiro, logo aos 15 da segunda etapa.
O gol deixou o São Paulo ainda mais atordoado. E, com um homem a mais, os corintianos passaram a tocar a bola de pé em pé e ouvir gritos de "olé" e "o freguês voltou" dos seus torcedores antes dos 20 minutos. Sem ter muito o que fazer, Carpegiani trocou Fernandinho por Henrique e o jovem atacante, logo no seu primeiro lance, recebeu cruzamento de Dagoberto e cabeceou fraco nas mãos de Júlio César.
Com a fatura praticamente liquidada, o Corinthians diminuiu um pouco o ritmo, mas mesmo assim ainda chegava ao ataque com perigo. Primeiro em cabeçada de Danilo e, depois em belo voleio de Liedson, quase ampliou.
GOLEADA - E a apatia são-paulina foi punida com o quarto gol corintiano, sendo o terceiro de Liedson no jogo. Depois de receber pela esquerda, Danilo invadiu o ataque com liberdade e tocou para o atacante, já com Rogério batido, empurrar para o gol vazio aos 34 minutos.
Se o jogo já estava fácil para o Corinthians, aos 37 minutos o próprio Rogério resolveu colaborar. Jorge Henrique recebeu com liberdade pelo meio e, de fora da área, arriscou o chute. A bola não veio com tanta força, mas pegou efeito suficiente para trair o goleiro são-paulino, que deixou a bola passar por baixo de seus braços e engoliu um frango.
Logo após o gol, Jorge Henrique saiu para ser aplaudido e dar lugar a Edenílson, enquanto Morais substituiu Danilo logo em seguida. E, com o jogo definido, os ânimos voltaram a ficar exaltados após Emerson, que substituíra Willian, dar duas fintas por baixo das pernas de adversários, entre eles o volante Wellington, que perdeu a cabeça, fez falta dura e tomou cartão amarelo por isso.
Para evitar maiores problemas, o árbitro Rodrigo Braghetto evitou dar acréscimos ao tempo normal e encerrou o jogo aos 45 minutos, dando fim ao martírio são-paulino.