A investigação da Justiça dos Estados Unidos sobre a corrupção na Fifa chegou ao braço direito do presidente Joseph Blatter. De acordo com o jornal "The New York Times", uma fonte revelou que o "alto dirigente da Fifa" que em 2008 autorizou a transferência de US$ 10 milhões da entidade para Jack Warner (ex-presidente da Concacaf, preso semana passada em Trinidad e Tobago) foi ninguém menos do que o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke.
Warner é acusado pelos norte-americanos de ter recebido US$ 10 milhões para votar (e conseguir outros votos) na África do Sul como sede da Copa do Mundo de 2010. Como todos os outros membros da Fifa que foram presos ou estão sendo investigados, ele foi afastado temporariamente de toda atividade ligada ao futebol.
Por meio de um breve e-mail, Valcke disse ao jornal que ele não autorizou o pagamento para Warner nem tinha poder para isso. A assessora de imprensa da Fifa, Delia Fischer, disse que o pagamento foi autorizado pelo diretor financeiro da entidade na época - o argentino Julio Grondona, que morreu no ano passado.
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O sul-africano Danny Jordaan, que foi o chefe do Comitê Organizador do Mundial de 2010, disse que o dinheiro foi enviado à Concacaf (entidade que na ocasião era presidida por Jack Warner) para ajudar no desenvolvimento do futebol na América do Norte e Central. "Como o dinheiro poderia ser propina se o depósito foi feito quatro anos depois de termos ganho a eleição para sediar o Mundial?", questionou.
ATRASO - A versão dos norte-americanos é diferente. Segundo a investigação o acordo foi fechado em 2004, mas os sul-africanos não teriam tido condição de honrar o prometido. Depois de Warner ter passado quatro anos cobrando o seu dinheiro, a solução encontrada foi colocar a Fifa no circuito. E os US$ 10 milhões pagos a Warner foram descontados do dinheiro que a Fifa mandava regularmente para a África do Sul como ajudar para a organização da Copa.
Valcke entrou para a Fifa em 2003, como diretor de marketing. Três anos depois foi expulso da entidade porque uma investigação feita em Nova York mostrou que ele havia cometido várias irregularidades na negociação com MasterCard e Visa para ver qual das duas empresas fecharia contrato de patrocínio com a Fifa. Em junho de 2007, poucos dias depois de a entidade ter fechado com a Visa, o presidente o chamou de volta e lhe deu o cargo de secretário-geral - que corresponde ao número dois na hierarquia.