O desabafo de Valdívia pode custar caro ao meia. O técnico Luiz Felipe Scolari não gosta de ser contrariado. Apesar do discurso linha dura, é um paizão com os jogadores, mas não admite atos de indisciplina. E, para piorar, esta não foi a primeira vez que o chileno entrou em rota de colisão com o treinador. Após a derrota por 3 a 2 para o Cruzeiro e no empate por 1 a 1 com o Santos, ambos pelo Campeonato Brasileiro, o jogador deixou o campo reclamando de substituição e levou bronca.
Passando férias com os familiares, no interior do Rio Grande do Sul, Felipão ficou sabendo das reclamações de Valdívia ainda na segunda-feira, pela noite. Quis saber de todos os detalhes. Mas não vai se manifestar publicamente antes da reapresentação do clube. Ele quer resolver tudo "internamente".
Na verdade, Scolari terá um encontro com o presidente, Luiz Gonzaga Belluzzo, responsável por repatriar o chileno, para ver se valerá a pena seguir com o jogador. Pescarmona, passando férias na Europa, também deve participar do encontro.
Leia mais:
Botafogo sucumbe à maratona e amarga queda precoce no Mundial
Flamengo quer tirar 'pai de geração do bilhão' do Palmeiras
Como Flamengo planeja transição do futebol a Bap com último ato de Braz
Ex-rivais, Talles Magno cita amizade com Hugo no Corinthians
Na segunda-feira, em entrevista à rádio Eldorado/ESPN, Valdívia disse que só segue no Palmeiras, em 2011, caso seja respeitado por todos. Disse que jogou machucado - Felipão é quem escala o time - e que muitas pessoas falaram mal dele no clube - indireta para o diretor de futebol Wlademir Pescarmona. "Ele (Felipão) precisava de mim, eu fui lá e joguei. Só que quando não deu pra jogar mais, começou a falar que não ia para o tratamento médico, que estava saindo... Não vou aguentar isso. Chega de aguentar as pessoas falarem mal de mim", disse, num trecho da polêmica entrevista.
A bronca ainda seguia por causa de uma carta de recomendações que recebeu para cumprir durante as férias. Evitar as "peladas" de fim de ano era um dos pedidos, já que ainda se recupera de incômodas lesões musculares que o prejudicaram no Brasileiro.
Antes da reapresentação do clube, dia 4 de janeiro, deve acontecer uma reunião entre os dirigentes do clube e o técnico para definir se o meia será apenas multado ou se terá seu contrato rescindido, como ele mesmo propôs. "Por enquanto o Palmeiras não vai se manifestar. Mas esse assunto vai ser tratado internamente", disse o gerente de Futebol Sergio do Prado, responsável por entregar a carta ao Mago. "Entreguei, ele leu, perguntou se seria só para ele e me pediu desculpas, mas disse que não ia assinar", revelou o dirigente.
Segundo Valdívia, a carta trazia uma multa de 40% dos salários caso ele não cumprisse o que estava escrito. "Não era um documento oficial e estou de férias, tenho de ter liberdade para fazer o que quiser", foi o argumento do meia, realmente o único jogador a receber instruções para o período de descanso.
A carta foi registrada no Sindicato dos Jogadores Profissionais de São Paulo e está no departamento jurídico do Palmeiras. Por ordem dos diretores, porém, seu conteúdo não pode ser divulgado. "Infelizmente não podemos divulgar", disse um dos advogados palmeirenses. "Não há nada de diferente. Trata-se de uma coisa comum no futebol", disse Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato dos Atletas. Segundo ele, o Palmeiras não pode multar Valdívia. "Isso é normal no futebol, mas não é legal. Ele (Vadívia) pode ser advertido, suspenso, mas não multado."
Nesta terça, depois de ver o tamanho da repercussão de suas declarações, o chileno preferiu a reclusão e evitou acirrar ainda mais a briga com o clube.