A passagem de Zico pelo Flamengo como diretor executivo durou apenas quatro meses. Com o clube em crise e o seu trabalho questionado, o maior ídolo da história da equipe carioca anunciou nesta sexta-feira, em nota publicada no seu site oficial, a sua saída do cargo por conta de reclamações relacionadas ao seu trabalho.
"Considero nesse momento que não é possível fazer no Flamengo aquilo que eu gostaria. Percebo que a minha presença não tem sido favorável e, desde a minha chegada, vem causando o descontentamento de muitas pessoas. Não há condições para eu continuar", escreveu Zico.
A revolta de Zico se dirige principalmente ao presidente do Conselho Fiscal do clube, Leonardo Ribeiro, conhecido como Capitão Léo. O dirigente acusa o envolvimento dos filhos do ídolo flamenguista na contratação de jogadores. "Tomar uma decisão como essas não é fácil. Mas espero que todos entendam que não posso carregar comigo a desconfiança de um dos setores mais importantes do clube, o Conselho Fiscal. E não há condições de debater com essas pessoas que estão a serviço de sabe-se lá quem ou o que, dispostas a jogar sujo e minar o próprio clube".
Leia mais:
Vini Jr erra pênalti, e Brasil cede empate para Venezuela
Vinicius Jr vira 'máquina de gerar gols' do Real e lidera ranking europeu
Dudu segue pessimista mesmo com clamor da torcida por vaga no Palmeiras
Filipe Luis diz que foi comunicado do afastamento de Gabigol no Flamengo
Maior artilheiro da história do Flamengo, com 509 gols, Zico disse que o Flamengo está perdendo a sua grandeza por conta de maus dirigentes. "Dediquei quase toda a minha carreira como jogador profissional ao Flamengo, centenário, histórico, de muitos ídolos e que me ajudou a ser quem eu sou hoje. Esse clube, onde me formei e me tornei um ídolo, precisa voltar a ser grande. O caminho da grandeza foi perdido não agora. Lamentavelmente é fruto de anos e anos de um sistema histórico incompatível com as coisas que eu acredito".
Zico também revelou tristeza com o atual momento do Flamengo e disse não se identificar com os rumos que o clube tomou. "Para mim, esta quinta-feira foi um dia especial porque nasceu meu neto Antonio, mas ao mesmo tempo morreu no meu coração esse Flamengo de hoje que está representado por essas pessoas, algumas delas que sequer conheço e atuam dentro do clube como se fossem os donos".
O ídolo do Flamengo, porém, evitou criticar Patrícia Amorim, atual presidente do clube, que o contratou no final de maio. "Queria agradecer a Patrícia pela oportunidade de tentar fazer mudanças que considero importantes para o Flamengo, não apenas no futebol profissional".
Zico teve o seu retorno ao Flamengo acertado no dia 30 de maio. Desde então, enfrentou turbulências, como a prisão do goleiro Bruno, por suposto envolvimento na morte de Eliza Samudio, fracassos em contratações, como a do atacante Val Baiano, e a campanha ruim da equipe no Campeonato Brasileiro.
O treinador promoveu a troca de técnico, com a demissão de Rogério Lourenço e a chegada de Silas, que está pressionado pelos maus resultados e por reclamações públicas em relação ao desempenho de jogadores. No momento, o Flamengo está apenas na 15ª colocação no Brasileirão, ameaçado de rebaixamento. E a saída de Zico deve aumentar a crise no clube da Gávea.