Depois de conquistar a medalha de bronze na categoria até 78kg do judô da Olimpíada de Londres, a brasileira Mayra Aguiar não escondeu a emoção e o alívio por ter conseguido garantir um lugar no pódio depois de uma traumática eliminação na semifinal. Ela foi derrotada pela norte-americana Kayla Harrison, sua maior rival, em uma luta na qual sofreu um yuko a um minuto do fim e depois acabou imobilizada pela adversária quando faltavam 14 segundos para o término do combate. Após o revés, ela admitiu que precisou "engolir o choro" para seguir na briga por uma medalha nesta quinta-feira.
"Uma medalha olímpica não tem preço, independentemente da cor, vou levá-la para a minha vida inteira. Não ter conquistado o ouro faz parte (do esporte), o mais importante foi continuar com a cabeça erguida. Amanhã (sexta-feira) é o meu aniversário de 21 anos e ainda tenho muita coisa pela frente", afirmou Mayra, em entrevista à TV Record.
Em seguida, Mayra destacou que o bronze serviu para coroar a sua forte preparação e também a superação diante das adversidades que enfrentou no caminho até os Jogos de Londres. "Deus sabe o quanto eu trabalhei duro, sofrendo lesão... Esse bronze tira aquele peso das costas. É uma conquista de todos, de uma família inteira. É muita gente que trabalha junto por uma conquista", ressaltou.
A derrota na semifinal não deixou de ser lamentada pela judoca brasileira, que admitiu que precisou ter grande força mental para superar o baque e ir buscar o bronze. "Na hora, quando acabou a luta, estralou o meu braço (após ser imobilizada pela rival), e pensei ''meu Deus do céu...'', aí levantei, acabou a luta e fiquei com vontade de chorar. Mas pensei também que não tinha acabado o dia e que iria levar uma medalha para casa", disse.
Ela revelou que teve uma conversa com o judoca Leandro Guilheiro e com o medalhista de ouro do Brasil no judô na Olimpíada de 1988, Aurélio Miguel, após a derrota na semifinal, que a motivaram a buscar o bronze. "Eles me disseram que era outra competição, que tinha que buscar essa medalha", disse a brasileira.
Mayra ainda saiu em defesa de Tiago Camilo e Leandro Guilheiro, ambos favoritos, que foram criticados por não terem conseguido conquistar medalhas em Londres. "É preciso ter mais respeito com os heróis brasileiros, pois não vai ser uma derrota que vai acabar com todo o trabalho que eles fizeram durante os quatro anos de preparação para a Olimpíada. É muito difícil chegar a um pódio olímpico", afirmou.
Rosicléia Campos, técnica da seleção brasileira feminina de judô, também exaltou o feito de Mayra e destacou a força mental exibida pela atleta para obter o bronze. "Quando você luta depois de um resultado negativo, você tem que se superar. Tivemos ícones do judô, como o Guilheiro e o Tiago Camilo, que perderam, e se fortalecer depois de algumas derrotas como essa é sempre complicado", afirmou.