A seleção brasileira que disputa a Olimpíada de Londres é marcada por seus inúmeros talentos individuais. Atletas como Oscar, Leandro Damião e Neymar, e até mesmo reservas como Lucas e Paulo Henrique Ganso, já se destacaram em seus clubes e podem decidir um confronto em qualquer lance. Mas, apesar da capacidade desses jogadores, o treinador Mano Menezes procurou olhar um aspecto diferenciado da equipe, classificada para a semifinal olímpica, contra a Coreia do Sul, em jogo que será realizado nesta terça-feira.
Na avaliação de Mano, a seleção tem se destacado em outros dois pontos: o equilíbrio entre os setores e a disciplina tática. "É preciso saber que a competição sempre tem jogos duros, em que você não é tão brilhante e o adversário faz bem sua parte, mas estamos conseguindo ser equilibrados entre atacar e defender, estamos criando muitas oportunidades de gol e fazendo uma média de três gols por jogo. Isso me deixa satisfeito", comentou o treinador, em entrevista ao site da Fifa publicada nesta segunda-feira.
Esse equilíbrio, mesmo com a postura ofensiva, viria da disciplina tática dos laterais brasileiros, apoiados pela marcação dos dois ponteiros, segundo a avaliação do treinador. "Tradicionalmente, os laterais brasileiros sempre foram ofensivos, o que sempre nos remeteu a uma composição de meio-campo diferente das principais seleções do mundo: precisamos de mais proteção para soltar os laterais e usufruir dessa qualidade que têm. E, por outro lado, discipliná-los para fazerem isso de forma alternada", comentou o técnico, acrescentando que esse grupo finalmente encontrou o ponto ideal.
"Mas estes jogadores que estão aqui estão bastante conscientes da parte tática. Os dois jogadores de lado de campo tem feito uma composição muito boa - um deles o Hulk, que está acostumado a jogar dessa forma na Europa e tem força para voltar e ainda, de posse da bola, chegar ao ataque. Sem dúvida, o equilíbrio da equipe passa por esses jogadores", disse.
Satisfeito com o desempenho, Mano assegurou que o time fez boas partidas mesmo com o curto espaço de preparação e a dificuldade do torneio. "A seleção conseguiu montar um ótimo grupo pra vir jogar aqui. Claro que com um pouco de dificuldade, porque não conseguimos ainda ter um projeto único olímpico, mas, mesmo com poucos jogos, pela qualidade dos jogadores que temos, conseguimos produzir um bom futebol num curto espaço de tempo", celebrou.
Mano comentou ainda sobre a evolução do futebol asiático, que colocou Japão e Coreia do Sul na semifinal olímpica. Para ele, essas equipes aprenderam a tocar a bola e a manter a posse de bola. Não precisam mais, assim, basear seu jogo na disciplina tática defensiva e na correria ofensiva.
"São equipes que vêm assumindo uma condição de propor jogo - o que não era comum até bem pouco tempo. Eram países que se limitavam a um posicionamento tático disciplinado, de retomar a bola e fazer sempre uma transição rápida para tentar concluir", avaliou o treinador brasileiro. "Hoje não: hoje eles têm capacidade de manter a posse de bola, de trabalhar, alterar o jogo de um lado para o outro, trabalhar a bola longa. Têm um entendimento mais amplo do jogo e vêm".