O presidente da Federação de Atletismo da África do Sul (ASA, na sigla em inglês), Leonard Chuene, admitiu neste sábado que mentiu ao negar que a atleta Caster Semenya havia sido submetida a testes de gênero no próprio país sul-africano. Com a polêmica sobre a sexualidade de Semenya, medalhista de ouro na prova dos 800 metros no Mundial de Atletismo, em Berlim, Chuene mantinha o discurso de que a ASA não tinha dúvidas sobre o gênero da atleta.
"Eu não consigo mais ficar na frente de vocês [jornalistas] e dizer que eu não tenho conhecimento dos testes de gênero realizados em Caster Semenya", revelou Chuene em entrevista coletiva. "Eu achei que, naquele momento, eu estava agindo pelos melhores interesses de Caster Semenya como pessoa. Eu acreditei que minhas constantes negativas iriam ajudar a protegê-la", explicou.
Negando que Semenya possa ter sido "sacrificada por uma medalha", Chuene contou que os testes na atleta de 18 anos foram realizados no dia 7 de agosto, em Pretória, mas que não é certo se ela sabia do caráter dos exames. "Tem sido profundamente perturbador para mim testemunhar a cruel polêmica envolvendo Caster Semenya", alegou Chuene. "Me diga alguém que nunca mentiu para proteger uma criança."
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Alegando que ainda não tem os resultados dos exames feitos em Pretória, Chuene justificou a participação da atleta no Mundial, que ocorreu entre 15 e 23 de agosto. "Eu não ia parar o seu talento por causa de rumores", afirmou. "Deveria eu fazê-la desistir? O único crime que cometi foi o de ter tomado a decisão que ela deveria correr, e ela ganhou."
Com a Federação Internacional das Associações de Atletismo (Iaaf, na sigla em inglês) prometendo uma decisão para o caso até novembro, quando devem ser divulgados os resultados dos exames realizados em Semenya a pedido da própria entidade, Chuene ainda aproveitou para atacar a Iaaf. "A Iaaf revelou seu nome publicamente. A Iaaf a traiu. A Iaaf tem muito a responder."