A Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA, na sigla em inglês) afirmou nesta quarta-feira, por meio de um comunicado, que o ciclista Lance Armstrong fazia parte de um esquema extremamente sofisticado de dopagem na equipe US Postal Service (USPS), pela qual venceu seis dos seus sete títulos da Volta da França, prêmios que lhe serão retirados.
Nesta quarta, a USADA divulgou um longo comunicado explicando o calhamaço de cerca de mil páginas que enviou à UCI (União Ciclística Internacional) e à WADA (Agência Mundial Antidoping) tentando provar as acusações que ela faz contra Armstrong. O ex-ciclista, que hoje participa de provas de triatlo de resistência, como o Ultraman, já desistiu de se defender.
De acordo com o USADA, o documento tem o testemunho de 26 pessoas, incluindo 11 ciclistas que foram companheiros de equipe de Armstrong na USPS, como Tyler Hamilton, George Hincapie, Floyd Landis e Levi Leipheimer. Com isso, a Agência tenta provar que o esquema foi o mais sofisticado, profissional e bem sucedido já visto no esporte.
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A USADA acusa Armstrong não apenas de se dopar, mas também de exigir que seus companheiros de time fizessem o mesmo - no ciclismo, a equipe trabalha para que seu líder conquiste bons resultado. A Agência até usa uma declaração de Armstrong como prova da acusação: "Tínhamos uma meta que era ganhar a maior prova ciclística do mundo e não apenas uma vez, mas continuar vencendo-a", lembra o relatório, criticando a ambição desenfreada do norte-americano.
Outro dos argumentos é que Armstrong disse ter cortado relações com o médico italiano Michele Ferrari depois de este ser banido do esporte na Itália, em 2004, mas continuou a realizar pagamentos a ele por dois anos, num montante que chega a US$ 210 mil. "Os repetidos esforços de Armstrong e seus representantes para descaracterizar e minimizar a relação entre Armstrong e Ferrari são indicativos da verdadeira natureza dessa relação", indica o relatório.
No comunicado, a USADA afirma que "a conspiração de dopagem da USPS foi desenhada profissionalmente para impulsionar e pressionar os atletas a consumir drogas perigosas, para evitar ser detectados, para garantir sua confidencialidade e finalmente obter uma vantagem competitiva injusta através de práticas de dopagem superiores".
Armstrong anunciou em agosto que desistia de lutar contra as acusações da USADA. Por mais que defenda sua inocência, indicou que há contra ele uma perseguição. Com isso, boa parte da opinião pública virou-se contra a Agência, que negou qualquer tipo de "caça às bruxas".
"Nós estamos focados unicamente em encontrar a verdade sem ser influenciado pelo fato de ele ser uma celebridade ou não. Ignoramos ameaças, ataques pessoais ou pressão política, porque isso é o que os atletas limpos merecem e exigem", comentou Travis T. Tygart, presidente da USADA.